9 de set. de 2015

Fábio Jr. por Tereza Cruvinel

Fábio Jr. fala mal do Brasil graças à democracia que não ajudou a construir
Não me lembro de uma palavra, um gesto, um dedinho levantado do cantor Fabio Júnior contra a ditadura. Agora, graças à democracia que ele não ajudou a construir, enrola-se na bandeira do Brasil para falar mal do país no exterior. Na festa do Brazilian Day em Nova York.

Por Tereza Cruvinel
No 247

Vá lá que a festa, mesmo em território estrangeiro, era para brasileiros, poderia dizer o cantor para justificar sua malhação do Brasil, que ele reduziu a uma terra de "roubalheira". Vá lá que só agora o coroa Fabio Junior tenha sentido as indignações cívicas que não sentiu na juventude, quando cantava canções melosas sem prestar atenção ao som político em seu redor. Geralmente ocorre o contrário, jovens têm exaltações políticas que se exaltam com o passar da idade. Mas vá lá que ela não tenha se contido de tão indignado. Com todas as indulgências, entretanto, não se lhe é possível perdoar a grosseria, a canastrice, a chulice, enfim, de seu discurso. Depois de uma torrente de asneiras, depois de conseguir despertar os instintos mais primitivos da platéia, que inicialmente não se deu por achada, ele saiu-se com esta, segundo a Folha Online.

"Vocês sabem onde tá aquele dedinho que o Lula perdeu, né? Onde é que ele enfiou, né? No nosso!".

É muita baixaria. Muito feio para um suposto artista nacional. E o chiste estúpido nem é novo, nem foi criado por ele.

Ao se enrolar numa bandeira do Brasil, Fabio Júnior tenta repetir, mas consegue ser apenas uma farsa tosca, a apresentação de Cazuza na abertura do primeiro Rock"n Rio, em 1985, que coincidiu com a  eleição de Tancredo Neves, o primeiro presidente civil depois do ciclo dos generais ditadores.  Enrolado na bandeira o então líder do Barão Vermelho saudou o fim da ditadura e a democracia  que nascia cantando "Para a manhã nascer feliz". 

Fábio Júnior indignado em Nova York? Onde andava o cantor na ditadura, quando era proibido protestar?

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