26 de nov. de 2016

Fidel, referência do século XX

As últimas imagens publicadas de Fidel Castro são do o último 15 de novembro, quando se encontrou com o presidente vietnamita, 
Tran Dai Quang. No dia 13 de agosto, ele apareceu publicamente durante a celebração de seu aniversário, no teatro Karl Marx, em Havana.

Desde que se retirou do poder em 2006, Fidel Castro vivia longe da primeira linha política e costumava receber personalidades internacionais em sua residência privada.

Em abril, durante o sétimo Congresso do Partido Comunista de Cuba, Fidel Castro fez seu último discurso, no qual reafirmou as ideias políticas que moldaram sua vida.

Único sobrevivente dos grandes protagonistas da Guerra Fria, Castro instaurou um governo socialista a apenas 150 quilômetros da costa dos Estados Unidos, e se aliou ao seu inimigo acérrimo, a então União Soviética. Escapou com êxito de 638 tentativas de assassinato por parte dos serviços de inteligência dos EUA.

Governou a ilha por 47 anos e continuou como referência obrigatória em Cuba, depois que adoeceu e assumiu o cargo seu irmão Raúl, cinco anos mais jovem, em 31 de Julho de 2006.

Nascido na aldeia oriental de Birán em 13 de agosto de 1926, o terceiro dos sete filhos do imigrante galego Ángel Castro e da campesina cubana Lina Ruz. 

Fidel Castro forjou sua disciplina em escolas jesuítas e moldou sua rebeldia na Universidade de Havana, onde ingressou em 1945, graduando-se como advogado em 1950.

Começou sua militância política em meados dos anos 40, enquanto estudava as carreiras de direito e ciências sociais, unindo-se à Federação Estudantil Universitária, período em que começou a estudar o marxismo.

Em 1947 ele se juntou ao contingente expedicionário para combater a ditadura de Leonidas Trujillo, na República Dominicana. A expedição, que viajava por barco, foi interceptada pela Marinha cubana; Fidel Castro, que escapou pulando com sua arma ao mar, descreveu como vergonhoso o fato de que a expedição terminou sem lutar, diz o portal www.fidelcastro.cu.

Simpatizante do Partido do Povo Cubano (ortodoxo), de tendência progressista, participou ativamente a partir de 1948 nas campanhas políticas do partido e, em particular, de seu principal dirigente, Eduardo R. Chibás. Dentro de sua organização política, trabalhou para cultivar entre a militância jovem as posições mais radicais e combativas. Após a morte de Chibás, redobrou seus esforços para desmascarar a corrupção no governo de Carlos Prio, acrescentou o site. 

Em 1948, ele viajou para a Venezuela, Panamá e Colômbia como líder juvenil para organizar um Congresso Latino-Americano de Estudantes. Estava em Bogotá quando houve a rebelião popular que se seguiu ao assassinato do líder colombiano Jorge Eliécer Gaitán, em abril daquele ano. Incorporou-se resolutamente a esta luta. Sobreviveu por acaso, diz www.fidelcastro.cu.

Em março de 1949, ele liderou um protesto em frente à missão diplomática dos EUA em Havana em rechaço às ações de desrespeito ao monumento do herói cubano José Marti por marines norte-americanos.

Depois de se formar doutor em Direito Civil e licenciado em Direito Diplomático em 1950, abriu um escritório no qual se dedicou a defender pessoas e setores humildes.

Após o golpe de Estado de Fulgencio Batista de 10 de março de 1952, ele denunciou o regime de facto e chamou à sua derrubada.

Organizou e treinou um grande contingente de mais de mil jovens operários, funcionários e estudantes. Com 160 deles, em 26 de julho de 1953, comandou o ataque ao quartel Moncada em Santiago de Cuba e ao quartel Bayamo, em uma ação concebida como um detonador da luta armada contra o regime de Batista, que fracassou.

Ele foi detido e condenado a 15 anos de prisão. Como resultado da forte pressão e campanhas populares, foi liberado maio 1955.

Semanas mais tarde, fundou o Movimento 26 de Julho para continuar a luta revolucionária.

Em julho de 1955, Fidel Castro viajou para o México para organizar, do exílio, a insurreição armada. Ele também viajou para os Estados Unidos, onde criou com outros exilados cubanos clubes patrióticos, a fim de conseguir apoio político e econômico para a luta revolucionária. Esteve na Filadélfia, Nova York, Tampa, Union City, Bridgeport e Miami.

Com a consígnia “em 1956 seremos livres ou seremos mártires”, Fidel Castro, Raul Castro, Juan Manuel Márquez, Ernesto Che Guevara e Camilo Cienfuegos, entre outros, treinaram com longas caminhadas pelas ruas da Cidade do México, alpinismo, defesa pessoal, táticas de guerrilha e a prática de tiro.

Em 20 de Junho de 1956, o chefe do Movimento 26 de Julho, Che e outros combatentes foram detidos, suas casas e acampamentos foram descobertos e algumas das armas foram apreendidos.

Após a sua libertação no México, se acelerou a conspiração revolucionária. Compraram a embaração Granma, na que zarparam para Cuba nas primeiras horas de 25 de Novembro de 1956, a partir do rio Tuxpan, com 82 combatentes a bordo, cuja idade média era de 27 anos.

Eles desembarcaram em Cuba depois de sete dias, começando uma luta de 25 meses, que culminou depois que as forças de Batista reconheceram sua derrota em 28 de dezembro de 1958.

Ao amanhecer de primeiro de janeiro de 1959, Fidel Castro derrota de maneira definitiva , com o apoio de uma greve geral revolucionária, acatada por todos os trabalhadores, a ditadura de Batista. Entrou vitorioso naquele mesmo dia em Santiago de Cuba e chegou a Havana no dia 8 de janeiro.

Ao concluir a luta, ele manteve suas funções como Comandante-em-Chefe. Em 13 de fevereiro 1959, ele foi nomeado primeiro-ministro do Governo Revolucionário.

Sob sua liderança, Cuba protagonizou a crise dos mísseis, converteu-se em santuário da esquerda latino-americana, e enviou suas tropas para a África para defender o governo esquerdista de Angola contra as forças do apartheid sul-Africano.

Ele sobreviveu à invasão da Playa Girón, em 1961, à crise dos mísseis em 1962 e à desintegração da União Soviética, em 1991.

Uma dúzia de ocupantes da Casa Branca, de Dwight Eisenhower a George W. Bush, tentou derrubá-lo. Até que em 2014 Barack Obama anunciou o fim da hostilidade em relação a Cuba.


 Fonte: La Jornada

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