15 de abr. de 2014

A lua, os tucanos, a funkeira e o poste

E a lua vermelhou. Refletiu no céu a cor do eclipse total, pondo o satélite na sombra da Terra em relação ao Sol. Um belo espetáculo que merece a admiração de tantos. E para o espanto dos meus racionais neurotransmissores algumas pessoas anunciaram o fim dos tempos e o retorno dos santos.
Bastava observar a beleza do universo, mas precisamos explicar de algum jeito. Ter a razão suprema e marcar com nomes de deuses implacáveis um lindo e simples fenômeno. Assim, ilusões que criamos o tempo todo e acabamos por nos contradizer.

Por Iberê Lopes

O senador Álvaro Dias confessou ontem a sua experiência com as manipulações lunáticas de uma oposição sem proposta alternativa para o Brasil. Disparou o parlamentar do PSDB que “quando vem autoridade do governo no Congresso, não vem para revelar, vem para esconder. Já estamos acostumados com isso”. O comentário era sobre a passagem da presidenta da Petrobras, Graça Foster, pelo Senado para esclarecer denúncias envolvendo a estatal.

Tal revelação de conhecimento das manobras governamentais deve ter sido adquirido ao longo dos 8 anos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Interessante a contradição nesse discurso do senador. Deve ter sido o efeito do eclipse tornando revolto o mar da elite nacional.

E a polêmica que se instalou ao descortinarmos na criatividade de um professor de filosofia a nossa intolerância com a diferença. O funk foi parar na prova, assim como a erudição de Arthur Schopenhauer nos atormenta com seus pensamentos infalíveis. “Qualquer verdade passa por três estágios: Primeiro, é ridicularizada. Segundo, é violentamente combatida. Terceiro, é aceita como óbvia e evidente.”

Evidente ficou o preconceito hipócrita que alimentamos com o que é popular. Esse sentimento de nobreza de alguns se foi quando a Europa saiu daqui e nos deixou a gritar independência, mas não saiu de poucos que se sentem superiores demais. E olhe a obviedade de Schopenhauer no pensamento da Valesca Popozuda: deveríamos nos unir e usar esse tempo todo que vocês passam me julgando para protestar por condições melhores de trabalho para os professores.

Misturei tudo do meu jeito, deve ter alguma conexão todos esses assuntos reunidos. Como anunciar o fim dos tempos em função de um eclipse lunar.

Talvez estejamos nos tornando lobisomens, animais capazes de amarrar cidadãos em postes pela cor da pele e condição social. Uma raiva incontrolável de verificar que os que um dia foram escravizados estão ascendendo, crescendo e se formando para tomar conta do seu chão.

Elucubrações de mais um analista alienado no mercado humano das suposições. Como somos engraçados, para não dizer patéticos mesmo. Ainda bem que a natureza sempre tem uma lição iluminada para nos encher de esperança.

#beijonoombro #racismonuncamais #eclipselunar

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