O acirramento da luta política no país ganhou as ruas. Dois dias após a bela manifestação dos movimentos sociais aumentando o coro pela defesa da democracia e por mais direitos, o Partido da Imprensa Golpista (PIG) mostrou que ainda tem fôlego e induziu milhares de pessoas a ir às ruas com os mais estranhos clamores.
Muito já foi dito sobre ambas as datas, limito-me a dar uns pitacos sobre o que está surgindo e o que seria bom surgir.
Por Anderson Bahia
Retomar os fóruns mais amplos de debates e articulações dos movimentos sociais para construir agendas unitárias é urgente. A grande mobilização de cunho conservador e inclusive fascista, induzida pela grande mídia, exige, em contraposição, mais e maiores respostas dos setores democráticos e populares. As passeatas realizadas no dia 13 de março, sobretudo a de São Paulo, jogou água no chopp daqueles que diziam que as tradicionais organizações de luta social tinham perdido potencial de mobilização e influência na sociedade. É importante potencializar isso a partir de um calendário de mobilizações oriundo da Jornada de Lutas da Juventude, do Fórum das Centrais Sindicais e/ou da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS).
Retomar uma pauta positiva é estratégico. A plataforma de resistência que levamos para a rua foi importante para aquele momento, já que desde o resultado da eleição presidencial em 2014 não tínhamos dado nenhuma resposta à narrativa conservadora disseminada cotidianamente pela mídia. E com o emparedamento, o emergencial era sair das cordas. No entanto, precisamos abraçar as brechas da conjuntura para recolocar bandeiras que apontem avanços na ordem do dia. O caso HSBC, por exemplo, torna propício a taxação das grandes fortunas. Assim como a grande inquietação com a corrupção favorece a luta pelo fim do financiamento empresarial de campanhas.
Tal qual junho de 2013, cresce a denúncia do papel que a mídia tem jogado para distorcer fatos e criar um clima de instabilidade no país.
E não é para menos. Extremamente insatisfeitos com a quarta vitória do povo nas eleições presidenciais, apostam todas as suas fichas para colocar a população contra a presidenta Dilma. E para isso vale tudo. Inventam versões e se lançam de olhos fechados na mentira, arriscando toda a credibilidade que ainda resta em suas marcas. Diante disso, o cenário para reivindicar a democratização da mídia é propício. Sobretudo, com as inéditas sinalizações do Planalto em avançar nessa discussão.
Nos marcos dos 50 anos da TV Globo, sua vinculação com as passeatas que destilaram ódio e pediram o retorno da Ditadura Militar precisa ser mais explorada. A pauta já está posta na sociedade. Na semana passada, a hastag #GloboGolpista liderou os trending topic´s do Twitter por vários dias seguidos. A comemoração que a própria emissora realizará pode e deve estimular um conjunto de atividades para traduzir o papel que esse veículo e o monopólio de mídia jogam no país.
Os temas comportamentais também estão latentes. Manifestações racistas, machistas, homofóbicas e a indiferença da Polícia Militar com os Direitos Humanos indignam cada vez mais a população. Para construir um projeto de nação que reflita o profundo anseio do nosso povo, é indispensável incluir medidas que garantam as liberdades individuais e a criminalização das opressões.
As condições estão dadas para construir uma grande luta política de cunho popular no Brasil. Embora menor que os atos do dia 15, o 13 de março também demonstrou que há amplas camadas da população dispostas a dedicarem-se em impedir qualquer intervenção na nossa democracia. E ávidos pela ampliação dos direitos da população.
A disputa aumentou, mas os brasileiros se agigantam nesse cenário. E as ruas são e sempre foram palco dos cantos de liberdade e esperança que conquistam corações e mentes para as transformações. A ocupemos com mais frequência!
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