4 de fev. de 2016

Nota de repúdio ao assassinato de sindicalista no MA

UBM do Maranhão publica nota de repúdio ao assassinato da líder sindical Francisca das Chagas

De Brasília
Joaquim Dantas
Pra o Blog do Arretadinho

A união Brasileira de Mulheres no Maranhão, UBM/MA, publicou nesta quinta-feira (4) uma nota de repúdio ao assassinato de Francisca das Chagas Silva, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Miranda do Norte, no Maranhão, assassinada com requintes de extrema crueldade. A sindicalista foi encontrada morta, sem roupas, de bruços na lama, com sinais de estupro, estrangulamento e diversas perfurações no corpo nesta quarta-feira (3).

Confira a íntegra da nota:

NOTA DE SOLIDARIEDADE E REPÚDIO

A União Brasileira de Mulheres no Maranhão vem a público violência solidarizar-se com a família, amigas e amigos, companheiras e companheiros de lutas da sindicalista, militante feminista e pela igualdade, Francisca das Chagas Silva.

Consideramos que o assassinato de Francisca, com requintes de crueldade e misoginia, deve ser punido de forma mais severa. Crimes dessa natureza devem ser incluídos no rol das modalidades penais do feminicídio, pois o crime que, demonstradamente, resultou na morte brutal de Francisca decorreu de sua condição de ser mulher, negra e militante da luta por uma vida mais digna para milhares de trabalhadores e trabalhadoras da agricultura, do campo e das florestas. 

É incomensurável a dor por esta perda, que nos enluta e nos entristece profundamente. 

Mas é necessário e imperativo que entendamos os fatos ocorridos para que não mais aconteçam: Francisca foi vítima do racismo, do ódio às mulheres, do machismo patriarcal e da luta de classes que travamos em nosso país.

O mapa da violência demonstra que mulheres jovens e negras, como Francisca, são as principais vítimas de mortes violentas no Brasil, com o agravante de que estas mortes são majoritariamente acompanhadas de requintes de crueldade. Somente entre os anos de 2003 e 2013, a morte destas mulheres aumentou 54,2%.

A herança socioeconômica que moldou nossos padrões culturais e valorativos relegou às negras a condição de cidadãs de segunda classe: sustentam sozinhas 51,1% das famílias chefiadas por mulheres; recebem apenas 51% da remuneração recebida pelas brancas e a renda familiar em 69% dos casos é inferior ao salário mínimo, como demonstram os dados disponíveis no estudo Dossiê Mulheres Negras, de 2013.

Francisca lutava para que essa realidade fosse modificada, por isso, seguiremos na luta, repudiando a violência que mata e vitimiza milhares de mulheres em nosso país.

Seguiremos firmes na luta para que a barbárie que acometeu Francisca não fique impune, compondo apenas as estatísticas. Os responsáveis devem ser identificados e punidos no rigor da Lei.

Demonstraremos, em todos os momentos, que a vida e a luta de Francisca não foram em vão, disputando o bom debate, tomando as ruas e as redes para consolidar a democracia em nosso país e avançar nos direitos.

Somos todas Francisca!
Francisca das Chagas Silva, Presente! Agora e Sempre!

UNIÃO BRASILEIRA DE MULHERES - MARANHÃO


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