25 de jul. de 2016

'Querem não uma pátria de tolerância, mas de um bando de carneiros'

foto Oliver Kornblihtt
Presidenta critica ataques a direitos e diz que projetos como Escola sem Partido servem para “treinar, não educar”. “Não vamos desistir de lutar”, diz, sobre tentativa da mídia de dar golpe como consumado

por Redação RBA

São Paulo – Em discurso na tarde de hoje (25) no "Ato contra o golpe, em defesa da democracia", em Aracaju, capital de Sergipe, a presidenta Dilma Rousseff voltou a criticar a intenção do governo interino de Michel Temer de reformar a Consolidação das Leis do Trabalho. “O que eles propõem aos trabalhadores? A reforma das leis trabalhistas que quer impor o negociado sobre as leis conquistadas pelos trabalhadores nos últimos 100 anos de muito luta”, disse. “Eles acham que a saída para o Brasil é reduzir direitos individuais e coletivos e, além disso, têm uma pauta superconservadora.”

Dilma atacou duramente as propostas de “Escola sem Partido”, que se espalham em forma de projetos de lei por legislativos federal, estaduais e municipais por todo o país. “Querem que a educação seja amordaçada. Não pode ter professor critico na sala de aula. Querem educação sem posição, sem visão política, sem crítica e debate. Trata-se não de educação, mas de treinamento. É o coroamento dessa visão que transforma o Brasil não numa pátria onde prevalece a tolerância, mas querem nos transformar num bando de carneiros.”

Ela voltou a mostrar confiança na reversão do impeachment no Senado e conclamou a população a se manter mobilizada. “Podem esperar sentados, porque eu não desisto dessa luta. Somos capazes de convencer, a razão e a democracia está de nosso lado. Eles não têm como se defender do crivo da história e dos contemporâneos. Vou lutar para reverter o julgamento no Senado. A mobilização a força e a firmeza são cruciais daqui até o dia da votação definitiva do mérito no Senado.”

Dilma reforçou também que o grupo que chegou ao poder é “ilegítimo e golpista”, trabalha para transformar o país sem que reste “nenhum direito em pé” e lembrou a ditadura instaurada em 1964.

“Eles têm horror de ser chamados de golpistas. Na ditadura acontecia uma coisa muito estranha: nós estávamos encarcerados. E saía nos jornais que não havia preso, que não havia tortura. Eles fazem um esforço terrível para esconder que é um impeachment sem crime”, disse, acrescentando: “Estamos num momento em que as pessoas não podem se omitir, fingindo que não viram que estamos vivendo um golpe, A melhor arma é a arma da nossa força conjunta”.

Acompanhando a presidente em Aracaju, o coordenador do Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, afirmou que se os setores do Parlamento levarem o golpe adiante haverá paralisações pelo país, falando em "greve geral". O dirigente disse apostar na mobilização popular como forma de reverter o impeachment. "Não aceitaremos o governo golpista de Michel Temer", disse. "Vamos visitar a senhora no final de agosto, no Palácio do Planalto."

Stédile chegou a pedir à presidenta afastada que não participa da cerimômia de abertura da Olimpíada, em 5 de agosto. Antes, pela manhã, Dilma havia anunciado em entrevista a uma emissora estrangeira que não irá.

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