A Venezuela reagiu hoje (2) a um comunicado do ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, sobre a presidência pro tempore do Mercosul, motivo de impasse desde a última sexta-feira (29), quando o Uruguai deu por encerrada sua gestão sem transferir oficialmente o comando do bloco para o país de Nicolás Maduro.
Serra enviou uma carta aos chanceleres dos países do grupo em que critica a saída do Uruguai e diz não reconhecer a Venezuela na presidência do Mercosul. Segundo o ministro, o governo brasileiro “entende que se encontra vaga” a presidência do bloco regional.
Para Serra, a decisão sobre o comando do Mercosul deveria ter sido postergada até que os integrantes do bloco resolvessem o impasse sobre a sucessão, que, segundo ele, não pode caber à Venezuela porque o país bolivariano não cumpriu requisitos e normas internas para tal.
Em comunicado divulgado nesta terça-feira, o governo de Maduro informou que “reafirma o seu compromisso com os trabalhadores” apesar das “manobras que precederam a chegada da Venezuela à presidência [do Mercosul]”.
A presidência pro tempore do Mercosul é trocada a cada seis meses, e os países se revezam seguindo a ordem alfabética. Desde a última sexta, quando o Uruguai deixou o posto, a Venezuela reivindica a vaga.
Para o Uruguai, não há argumentos jurídicos que impeçam a transferência da presidência temporária do bloco para a Venezuela, mas Argentina, Brasil e Paraguai se opõem por causa da situação política do país de Maduro.
Em meados de julho, a Cúpula de Presidentes do Mercosul, onde ocorreria a transferência, foi cancelada. Reuniões do conselho do bloco para discutir o impasse também foram convocadas e suspensas por falta de consenso.
Uruguai
Na correspondência aos chanceleres, Serra criticou a “decisão unilateral” do Uruguai de dar por encerrado seu mandato no bloco. Segundo ele, a iniciativa “gera incerteza e impõe a necessidade de adoção de medidas pragmáticas para permitir o funcionamento do Mercosul”.
Serra manifestou apoio à solução proposta pela Argentina, de adotar um “mecanismo transitório de coordenação coletiva”.
Já a Venezuela, que classifica a questão como encerrada, denuncia no comunicado o que chama de “maquinações de extrema direita do sul do continente”. Para os venezuelanos, Argentina, Brasil e Paraguai “vêm atuando de maneira sorrateira por meio de maneiras legalistas para tentar impedir o que lhe pertence de direito”.
da Agência Brasil
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