Debate tem ataque a líderes nas pesquisas, 'profecia' e Meirelles 'bancário'
Haddad defendeu legado dos governos petistas, enquanto Ciro e Alckmin procuraram se consolidar como opção aos "extremos". Álvaro Dias atacou PT, mas poupou Bolsonaro
por Redação RBA
São Paulo – Em uma hora e 45 minutos, oito dos 13 candidatos à Presidência da República tiveram poucos embates mais violentos, com a possível exceção de Álvaro Dias. O candidato do Podemos mais de uma vez atacou diretamente o PT, mas poupou Jair Bolsonaro (PSL). Enquanto Fernando Haddad defendeu o legado dos governos petistas, Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) tentaram se consolidar como opção ao que chamaram de "extremismo". Eles participaram de debate organizado na noite desta quarta-feira (25) pelo SBT, pelo portal UOL e pelo jornal Folha de S. Paulo.
Em alguns momentos, o previsível acirramento deu lugar a risos na bancada e na plateia. Os dois principais foram quando Henrique Meirelles (MDB) disse não ser banqueiro, mas bancário, e quando Cabo Daciolo (Patriota) – que na média teve bom desempenho – "profetizou" sua vitória no primeiro turno, "por honra e glória do Senhor Jesus", com 51% dos votos. Haddad e o ausente Jair Bolsonaro (PSL) sofreram mais ataques. Todos criticaram o governo Temer, do qual o ex-ministro Meirelles passou o tempo se esquivando.
Em terceiro lugar nas pesquisas, Ciro voltou a pedir apoio dos eleitores que, neste momento, optam por Haddad ou Bolsonaro por ser contra o oponente. "O Brasil não aguenta mais essa polarização", afirmou.
Em quarto, o tucano Alckmin foi pela mesma linha. Atacou o PT e seu "projeto de poder" e um governo que, segundo ele, arrasou as finanças públicas, mas disse também que é preciso "evitar a insensatez de um candidato que não tem as menores condições, que representa o que há de mais atrasado na política brasileira". Segundo ele, "o eleitor, nessa reta final, vai fazer uma reflexão".
Dias foi o mais agressivo contra o PT, que chamou de "organização criminosa", cuja volta ao poder deve, segundo ele, ser impedida. Mesmo com uma pergunta explícita, de Fernando Canzian, da Folha, não deixou claro, se apoiaria ou não Bolsonaro em um possível segundo turno.
"Eu tenho esperança que essa eleição seja para escolher o melhor, mas seja sobretudo um estímulo à honestidade, à competência administrativa. Ainda acredito no despertar do povo brasileiro", afirmou, dizendo ser contra o embate entre "extrema-esquerda e extrema-direita". O candidato do PSL não participou por ainda estar hospitalizado, depois do ataque sofrido no dia 6 em Juiz de Fora (MG). A informação foi repetida no início dos três blocos pelo jornalista Carlos Nascimento, do SBT, mediador de debate.
Marina (Rede) disse que, neste momento, não apoiaria nenhum dos dois. "Não tenho ódio de ninguém e vou governar com os melhores do Brasil", afirmou, provocando risos no final, ao fazer referência a bordão usado pelo candidato do MDB na campanha. "Quando tem uma briga na família, ninguém chama o Meirelles. Chama uma tia, um avó, chama uma mulher corajosa."
A repórter Débora Bergamasco, do SBT, quis saber se Ciro chamaria nomes do PT para seu governo, caso eleito. "Se eu puder governar sem o PT, eu prefiro", disse o candidato do PDT, afirmando que vai compor sua equipe como de outras vezes, com metade formada por mulheres e gente com "excelência técnica", um "termo de comprometimento" e "adensamento político tanto quanto possível".
E o MDB?, replicou a jornalista. Ciro afirmou que, em seu governo, o partido "será destruído pelos caminhos democráticos". Mas, em seguida, disse que existem "vários MDBs", elogiando nomes da legenda, como Roberto Requião, Jarbas Vasconcelos e Mauro Benevides.
Meirelles peguntou a Daciolo qual a proposta do candidato contra a pobreza. "Democracia é legal", começou a responder o candidato. "Estamos diante da pergunta de um banqueiro para um soldado do Corpo de Bombeiros." Disse que a dívida externa foi reduzida quando Meirelles era presidente do Banco Central, no governo Lula, mas criticou os juros, afirmando que "os banqueiros do Brasil ficam roubando a nação e matando nosso povo". Por fim, pediu ao oponente que aceitasse Jesus como libertador da vida.
O candidato do MDB respondeu que Daciolo deveria "estudar mais". E emendou: "Eu nunca fui banqueiro". Apresentando-se como bancário, disse que chegou à condição de presidente de banco por mérito próprio. A todo momento, Meirelles apresentou-se como candidato da "competência" e da "honestidade". Diogo Pinheiro, do UOL, quis saber se ele daria algum cargo a Michel Temer. Deu a entender que não: "Sempre escolhi equipe de primeira qualidade, pela competência, pela seriedade".
Canzian questionou as visitas semanais de Haddad ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Curitiba, onde está preso desde 7 de abril, se isso não reforçaria a impressão de ser um candidato "teleguiado". O candidato petista reafirmou a injustiça da prisão. "A sentença que o condenou não para em pé. Não vou sossegar enquanto Lula não tiver um julgamento justo, inclusive no exterior", acrescentou, citando decisão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).
E observou que um governo "é composto por várias forças políticas", que firmam compromisso em torno de um programa. "Fui coordenador do programa de governo de Lula, que agora é o meu plano. Aquela plataforma vai tirar o país da crise, como nós fizemos em 2002", afirmou.
Haddad aparentou incômodo com a afirmação de Ciro de "preferir" governar sem o PT. Lembrou que poucos meses antes o agora candidato do PDT o convidou para ser vice, naquilo que Ciro teria classificado como o dream team (time dos sonhos) da eleição.
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