O deputado federal Jean Willys (PSOL-RJ): "Eu tenho limite"
por Rodrigo Durão Coelho na Carta Capital
por Rodrigo Durão Coelho na Carta Capital
Em apelo por proteção, o deputado federal afirma que ameaças contra sua vida têm aumentado dia a dia, mas não são levadas a sério pelas autoridades
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL/RJ) vive com medo. São tantas as ameaças que constantemente recebe desde que foi reeleito parlamentar, em outubro deste ano, que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos solicitou ao Estado brasileiro a tomada de medidas para garantir a integridade da vida do congressista.
“Olha, eu tenho limite. Desde que me elegi em 2011 eu venho me acostumando com isso, essa violência, mas agora a coisa está em um nível acima. O Mujica (José Alberto "Pepe" Mujica, ex-presidente do Uruguai) recomendou que eu cuide mais de mim. É o que vou fazer, não vejo a hora de entrar em férias para recuperar a energia”, disse ele à CartaCapital.
“Eu temo ter o mesmo fim da Marielle Franco, uma amiga que também vivia no Rio de Janeiro e morreu por defender certas causas e incomodar poderosos”, afirmou o congressista, defensor da população LGBTI+. “Chegou-se ao ponto de uma desembargadora – que sabia muito bem o que estava dizendo – afirmar ser a favor de um ‘paredão profilático’ meu, e que eu não valeria a bala que me mataria nem o pano que limparia a bagunça", lamentou.
Leia Mais
Desembargadora que atacou Marielle e Wyllys tem histórico de ofensas
Antologia bolsonarista
A desembargadora citada é Marília de Castro Neves Vieira, do TJ–RJ, que, em novembro deste ano, foi notificada para explicar suas declarações ao Conselho Nacional de Justiça. Wyllys afirma que processou a magistrada mas, assim como várias de suas outras denúncias, não gerou resposta nenhuma do poder público. “Pergunte ao Ministério Público se foi tomada alguma providência. Nada acontece. Sou tratado com desdém ou chacota, mas temo pela minha vida.”
Tanta violência cobra um preço, diz ele, que admite que uma das vítimas que a situação já fez é a sua saúde emocional. “É terrível não poder sair sem escolta, não poder ir a um cinema, restaurante. Só saio para trabalhar.”
“Minha saúde é afetada, sim. Percebo que a onda de mentiras que falam ao meu respeito afeta a forma como as pessoas olham para mim. Eu sou honesto! Sou honrado! Sempre fui. Mas eu noto a mudança no olhar das pessoas, com desconfiança. Tudo isso começou com mais força depois do impeachment da Dilma e prosseguiu na campanha eleitoral.”
A escalada de ofensas e ameaças chegou ao ápice em outubro deste ano. “Com a eleição do novo presidente da República (Jair Bolsonaro), a coisa piorou na Câmara. Eles (os deputados que o criticam) se sentem livres e confiantes para dizer qualquer coisa, tratam a oposição como se não fosse nada, como se não tivesse direito de estar ali, como aliens na Câmara.”
E tudo isso o faria desistir da vida pública para se livrar de tanto mal-estar? "Não. Isso, nunca", finaliza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário