Crianças vítimas do Nazismo no campo de prisioneiros de Petrozavodsk. Foto: Arquivos da República Soviética da Carélia / Galina Sanko |
Segundo a organização da sociedade civil Safernet, que fez o levantamento, há uma relação de causalidade entre o que diz e faz o presidente da República e esta radicalização nas redes
O número de grupos extremistas vem crescendo no país. Em muitas manifestações pelo Brasil, vemos faixas de apoio à ditadura e à tortura. Políticos, celebridades e até desconhecidos são extremamente atacados nas redes sociais por demonstrarem opiniões contrárias às de grupos radicais.
Segundo um levantamento realizado pela Safernet, organização da sociedade civil que promove os direitos humanos na rede e monitora sites radicais, somente em maio de 2020 foram criadas 204 novas páginas de conteúdo neonazista, ante 42 no mesmo mês do ano passado e 28 em maio de 2018.
Segundo a organização, há uma relação de causalidade entre o que diz e faz o presidente e esta radicalização nas redes. Em nota, a entidade afirmou ser “inegável que as reiteradas manifestações de ódio contra minorias por membros do Governo Bolsonaro têm empoderado as células neonazistas no Brasil”.
No caso de Bolsonaro, a popularidade do presidente entre a ultradireita ficou evidente em outubro de 2018, quando ele disputou e venceu o segundo turno das eleições.
Naquele mês, o número de novas páginas neonazistas em redes sociais e sites no Brasil chegou a 441 (ante 89 em setembro). Segundo a ONG Safernet, foi um pico histórico.
A vitória de Bolsonaro foi comemorada em várias discussões no fórum de ódio conhecido como StormFront. O site, que usa o bordão ‘White Pride World Wide’ (Orgulho Branco em Todo o Mundo), foi fundado por Don Black, ex-integrante da Ku Klux Klan — grupo racista surgido no final do século 19, mas ativo até hoje, e responsável pelo assassinato de dezenas de negros nos Estados Unidos.
Um outro levantamento feito pela antropóloga Adriana Dias, pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), aponta que existiam pelo menos 334 células neonazistas ativas no Brasil, no ano passado.
De acordo com a antropóloga, a maioria dos grupos se concentra nas regiões Sul e Sudeste. Os dados indicam que São Paulo é o estado com maior presença desses grupos, concentrando 99 deles. Santa Catarina vem em segundo lugar, com 69 células, seguida por Paraná (66) e Rio Grande do Sul (47).
Segundo a pesquisadora, os grupos dividem-se em diversos movimentos, como hitleristas, supremacistas, separatistas, negadores do Holocausto e até mesmo seções locais da Ku Klux Klan.
O holocausto foi o genocídio de cerca de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, sendo o maior genocídio do século XX. Foi resultado de um programa sistemático de extermínio étnico patrocinado pelo Estado nazista, liderado por Adolf Hitler e pelo Partido Nazista, que percorreu a Alemanha e territórios ocupados pelos alemães durante a guerra.
Dos nove milhões de judeus que residiam na Europa antes do Holocausto, cerca de dois terços foram mortos; mais de um milhão de crianças, dois milhões de mulheres e três milhões de homens judeus. Pela lei brasileira, apologia ao nazismo é crime.
Fonte: El País
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