7 de out. de 2011

O POVO HERERO



A história do povo herero tem muitas semelhanças com o filme “Avatar”. Os africanos hereros eram menos de 100 mil pessoas que, assim como na ficção, viviam em simbiose com a natureza e quase foram dizimados por estrangeiros interessados nas minas de cobre e diamantes de seus territórios, na África do Sudoeste, hoje Namíbia.

Armados de forma primitiva, mas com muita coragem e determinação – exatamente como no cinema –, eles enfrentaram as potentes tropas alemãs do general Lothar Von Trotha, em 1904, e morreram aos montes. Foi um genocídio: sobraram apenas 15 mil habitantes.

Mas o povo que nunca se curvou à escravidão, ao colonialismo e ao processo de civilização atravessou as décadas quase desconhecido em seu próprio continente. Hoje, eles formam uma população de 240 mil, divididos em subgrupos espalhados entre Angola, Namíbia e Botsuana.

O que aconteceu com eles e como vivem atualmente são algumas das perguntas que o fotógrafo pernambucano Sérgio Guerra responde no livro “Hereros – Angola” (Maianga). Um dos mais interessantes aspectos da obra talvez seja o fato de mostrar esse grupo sem as marcas da destruição causada por muitas guerras. A essa abordagem óbvia, o fotógrafo preferiu a associação com a beleza e a própria reconstrução de Angola.

Guerra passou 13 anos entre Angola e o Brasil no processo de conhecimento e convivência com os vários povos hereros. Seu livro é composto de imagens e depoimentos de mukubais, muhimbas, muhakaona, mudimbas e muchavícuas.

A belíssima obra mostra como eles se esforçam, ainda, para preservar as tradições dos ancestrais que viveram há três mil anos e para resistir aos males que o contato com a civilização começa a fazer, como a bebida alcoólica. O hábito de tomar banho com água é, hoje, um dilema entre eles. Alguns já o adotaram, outros o rejeitam. Pelos costumes, a “sujidade”, como dizem, é retirada do corpo com preparos à base de manteiga e produtos naturais – quando necessário. “Eles são extremamente vaidosos”, diz Guerra.

Homens e mulheres se enfeitam bastante, mas são elas (como sempre!) que batem recordes de sacrifícios para se manterem belas. “Chegam a carregar 20 quilos de adereços no corpo porque muitas pulseiras, tornozeleiras, cintos e cordões são de ferro com couro.” Os designs dos cabelos fariam sucesso em templos de modernidade como Londres, Tóquio ou Berlim. Além dos cortes autorais, digamos assim, eles costumam emendar e grudar cabelos com óleo para atingir o penteado perfeito.

Fonte: ISTO É Independente

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