13 de out. de 2012

Políticos detêm grandes faixas de terra na Amazônia


Políticos detêm grandes faixas de terra na Amazônia

No Brasil, a propriedade da terra continua nas mãos de poucos. Neste caso, exatamente 12.992 políticos, eleitos em 2008 e 2010.

MANAUS – Pelas declarações de bens à Justiça Eleitoral, o jornalista Alceu Castilho descobriu que políticos de todas as regiões do País são donos de grandes proporções de terras na Amazônia. Três anos de pesquisa estão publicados no livro “Partido da Terra”, da editora Contexto. O autor da obra conversou com o portalamazonia.com e afirma: a floresta – inclusive a região do “arco do desmatamento”, no Pará e Mato Grosso – está entre os territórios preferidos pelos políticos.
A conquista da Amazônia sempre esteve atrelada à politicagem. Relatos históricos apontam que já havia interesse em popularizar a região desde a época do descobrimento. No governo de Getúlio Vargas (1930-1945), a colonização da floresta passou a ser vista como estratégica para os interesses nacionais. Nos anos 70, militares criaram vários slogans como: “integrar para não entregar” ou “terra sem homens para homens sem terra”.
Castilho firma que o interesse pela região não mudou. Segundo o jornalista, a propriedade de terras na região está nas mãos de poucos; de exatamente 12.992 políticos eleitos em 2008 e 2010. Considerando o último Censo de 2010, o Norte possuía aproximadamente 16 milhões de habitantes. Essa desproporção explica, de acordo com o autor os principais problemas da região, incluindo os conflitos que resultaram na morte do casal de castanheiros José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, da missionária Dorothy Stang e o massacre de Eldorado dos Carajás.
Com o cruzamento de dados, o autor do livro constatou que 21 políticos detinham 95 mil hectares de terra, distribuídos em 14 municípios do arco do desmatamento. O estado que mais possui “prefeitos e vice-prefeitos com terra” é o Mato Grosso (com 62,41% entre prefeitos, 78,72% incluindo vice-prefeitos). Curioso também, explica Castilho, que nada menos que 92 prefeitos, 207 vice-prefeitos e 8 deputados declararam, ao informar a profissão, que são agricultores, pecuaristas ou produtores agropecuários, mas não detêm um único centímetro de terra.

Por Portalamazonia

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