Bandido bom é bandido morto?
De Brasília
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho
A violência urbana é sistemática e latente, por isso pode parecer "normal" que o velho discurso da ditadura militar, esteja tão em voga. No tempo do temido Dops - Departamento de Ordem Política e Social, o conceito da palavra bandido era atribuído mais aos "subversivos" do que propriamente aos que andavam à margem da lei. Consequentemente considerava-se "normal" eliminar os inimigos do Estado arbitrário.
Nos dias de hoje não deveria existir esse pensamento coletivo, disseminado pela mídia conservadora e racista., basta assistir a qualquer programa policial, na tv, para entender porque tantas pessoas compartilham dessa ideia. Os apresentadores desses programas sensacionalistas sempre se mostram favoráveis a essa prática, mesmo que de forma implícita, mas esse discurso não é apropriado porque não se faz a leitura correta da situação, ou seja, bastariam umas poucas perguntas para começar a entender o processo da violência: Qual foi a trajetória de vida que fez aquele indivíduo se tornar um bandido? Quais oportunidades ele teve? Quais não teve? O fato de ser bandido o exclui da condição de ser humano?
Na minha mesa de banquete é fácil criticar a fome.
Já sei, alguém vai dizer: " Tá defendendo bandido?" ou "Direitos humanos só existem para bandidos"
A questão é que deveríamos deixar de ser imediatistas e começarmos a pensar mais amplamente essa questão. Não conseguiremos eliminar os bandidos com matança, mas destruindo a "fábrica de fazer bandidos".
Criamos bandidos quando elegemos representantes que representam mais o capital do que o povo. Criamos bandidos quando queremos a morte deles mas vamos à "boca" comprar a droga. Criar bandidos é fechar as portas da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, da Câmara dos deputados, à participação popular.
Criar bandidos é ser insensível à miséria do outro, não só a miséria material mas, principalmente, a miséria intelectual. Criar bandido é ser mais "eu" do que o "outro".
O fato é que costumamos atribuir a responsabilidade dos problemas sociais à sociedade, nos excluindo dela.
Meu pensamento é outro: Bandido bom, é bandido extinto.
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