27 de jan. de 2014

Barbosa critica visibilidade de petistas que lutam contra ‘mentirão’

Joaquim Barbosa critica tanto a imprensa quanto os réus
da AP 470, quando discordam de seu relatório
Presidente licenciado do Supremo Tribunal Federal, o ministro Joaquim Barbosa voltou a externar suas opiniões acerca do julgamento da Ação Penal (AP) 470, conhecido como ‘mensalão’, em uma crítica à visibilidade pública dos líderes petistas condenados em seu relatório. Na capital do império britânico, onde passeia na última etapa das férias subvencionadas com dinheiro público, o ministro Joaquim Barbosa critica a imprensa e a atitude dos líderes petistas de lutar contra o que consideram este “um julgamento de exceção”, como afirmou o deputado João Paulo Cunha (PT-SP). Ainda em referência ao processo que a jornalista Hildegard Angel classificou de ‘mentirão’, ex-presidente da Câmara dos Deputados, em entrevista, criticou a “pirotecnia” e a “falta de civilidade” do chefe do Judiciário.

– Esse senhor foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal, pelos 11 ministros do STF. Eu não tenho costume de dialogar com réu. Eu não falo com réu. Não faz parte dos meus hábitos, nem dos meus métodos de trabalho ficar de conversinha com réu – disse Barbosa.

Barbosa não poupou, ainda, a imprensa independente e algumas das matérias esporádicas que a mídia conservadora publica com a voz dos réus.

– Eu tenho algo a dizer: eu acho que a imprensa brasileira presta um grande desserviço ao país ao abrir suas páginas nobres a pessoas condenadas por corrupção. Pessoas condenadas por corrupção devem ficar no ostracismo. Faz parte da pena. No Brasil, estamos assistindo à glorificação de pessoas condenadas por corrupção à medida em que os jornais abrem suas páginas a essas pessoas como se fossem verdadeiros heróis – afirmou.

João Paulo Cunha foi condenado na AP 470 a seis anos e quatro meses de prisão pelos crimes de peculato e corrupção passiva. O parlamentar petista, no entanto, diz não ter arrependimentos e afirma estar com a consciência tranquila de que não cometeu “nenhum dos crimes imputados” a ele durante o julgamento – o parlamentar ainda aguarda análise de recurso para o crime de lavagem de dinheiro.
Em entrevista concedida na véspera à jornalista Marina Dias, do diário conservador paulistano Folha de S.Paulo, Cunha classifica a atitude de Barbosa, que expediu seu mandado de prisão mas saiu de férias sem o assinar, como “um gesto de pirotecnia para que ele tenha mais dois minutos de repercussão”. E resume o caso:

– Se minha prisão era urgente, ele deveria ter assinado, se não era urgente, não deveria ter anunciado e viajado.

Cunha acrescenta que “respeito não é o forte” de Barbosa e que “essa medida foi cruel”. Para ele, falta “civilidade, humanidade e cortesia” ao ministro. A foto de Barbosa tirada em uma das galerias mais nobres de Paris, que reúne grifes como Prada, Fendi e Bottega Veneta, foi ironizada pelo político de Osasco (SP), que pode ser preso a qualquer momento.

– Nos últimos dias, estive na Galeria Pagé, na Rua 25 de Março, para comprar roupas brancas, porque posso precisar delas logo – disse.

A renúncia ao mandato, porém, não está entre as opções cogitadas por João Paulo Cunha no enfrentamento à decisão do STF:

– É assunto fora de pauta.
Quanto à multa de R$ 250 mil pela qual foi condenado, afirma não saber ainda se também criará um site, como fez Genoino e agora Delúbio Soares, para arrecadar recursos. Mas define a pena como “uma barbaridade”.

– É só ver o meu patrimônio e a minha renda para perceber que é absolutamente desproporcional ter uma multa dessa magnitude – denuncia.

O parlamentar acredita que, por ser deputado, deverá ter uma “rotina” dentro do presídio, onde cumprirá sua pena, até que seja julgado o embargo infringente pelo crime de lavagem de dinheiro, em regime semiaberto. O ‘mensalão’, segundo Cunha, é uma sucessão de injustiças e de absurdos, além de “uma disputa política”. Segundo ele, “como disputa política, poderíamos ter qualquer desfecho”.

fonte http://correiodobrasil.com.br/

Nenhum comentário: