25 de fev. de 2014

Vítima admite ter confundido ator com bandido

Em depoimento prestado ao delegado Niandro Lima, titular da 25ª DP (Engenho Novo/RJ), a mulher que foi assaltada no último dia 10, admitiu que se confundiu ao acusar o ator Vinícius Romão de Souza, de 26 anos.

De Brasília
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho

Em depoimento que durou mais de uma hora, a mulher admitiu ao delegado ter se confundido no reconhecimento. O titular da delegacia afirmou a imprensa que informará o Tribunal de Justiça do RJ sobre esse novo fato.
"Isso pode ajudar a defesa dele a soltá-lo mais rapidamente. Além disso, entrarei com um pedido de habeas corpus em favor do Vinícius, com a cópia do depoimento anexada, pedindo que ele seja solto". Declarou o delegado.

Dalva da Costa Santos disse em seu depoimento que, após registrar o boletim de ocorrência, ao chegar em sua casa ficou "meditando" por muito tempo, em face da negativa de Vinícius de ter praticado o assalto. Ela confessou ao delegado que viu o rosto do assaltante apenas de relance e que o local tinha pouca iluminação.

Já o o tenente-coronel da reserva do Exército Jair Romão de Souza, de 64 anos, pai de Vinícius, comemorou a notícia. "Foi a melhor notícia que recebi nos últimos tempos", disse aos jornalistas.
"Estou felicíssimo! Você nem pode imaginar o quanto. Quero correr para dar um longo abraço nele. Foi um sofrimento muito grande tudo isso, principalmente para ele. Está na capa dos jornais todos essa história, mas não me senti constrangido porque sabia que, mais cedo ou mais tarde, a verdade iria acontecer. Como diz o ditado: "Quando estiver em dúvida entre a mentira e a verdade, não fique com nenhum dos dois. Fique com o tempo, porque o tempo vai desfazer a mentira e trará à tona a verdade" completou ele.



O ator está preso desde o último dia 10, dividindo uma cela com mais 15 detentos na Casa de Detenção Patrícia Acioli, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, quando foi preso sob a acusação de ter roubado a bolsa da mulher.
Foi oferecido a Vinícius uma cela para presos com curso superior, por ser formado em psicologia, mas recusou alegando que é respeitado pelos outros detentos.

A acusação da vítima só reforça o quanto o racismo ainda faz parte do inconsciente coletivo, é mais fácil nivelar os negros do que uma pessoa branca. Não houve nenhuma preocupação, seja da polícia, da vítima e da imprensa, em identificar detalhes como tatuagem, brincos, defeitos físicos, etc, comum nas investigações policiais. O que foi amplamente divulgado é que o assaltante era negro, usava bermuda, camisa preta e tinha cabelo Black Power. Para identificar um negro, apenas isto basta e o primeiro que for encontrado pela frente pode ser acusado.
O delegado não levou em consideração nem o trajeto que Vinícius fez naquele dia, incompatível com o local em que o crime foi praticado.

O advogado do rapaz já entrou com um pedido de revogação da prisão e pode ser expedido a qualquer momento pela juíza da 35ª Vara Criminal.

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