3 de set. de 2014

DF é o novo líder nacional em transplantes de rim

Foto: Patrícia Burgos
Tempo de espera para realizar o procedimento no DF caiu 65% de 2013 para 2014
BRASÍLIA – O Distrito Federal passou a liderar o ranking nacional de transplantes de rim, com 51,4 doadores por milhão. 
Segundo dados do primeiro semestre deste ano, da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o DF ultrapassou a média obtida pelo Rio Grande do Sul no ano passado e pulou da segunda para a primeira posição no ranking, com um incremento de 1,6 ponto percentual em relação à 2013, quando registrou 49,8 procedimentos.

Na capital federal, os transplantes de rim são realizados no Hospital de Base, no Hospital Universitário de Brasília e no Instituto de Cardiologia do DF. Neste ano já foram realizados 88 procedimentos (oito de doares vivos e 80 de falecidos) até agosto, contra 73 (nove de doadores vivos e 64 falecidos) no mesmo período do ano passado.

A chefe da nefrologia do Hospital de Base, Odimary Silva, lembrou que quando assumiu a frente da especialidade, há quase 10 anos, eram realizados 19 transplantes renais no hospital. "Melhoramos progressivamente e no ano passado chegamos a 69 transplantes", informou.

A coordenadora da Central de Captação de Órgãos, Daniela Salomão, atribui o êxito dos transplantes no DF às equipes de captação, responsáveis por conversar com os parentes de pessoas com morte cerebral e conseguir que autorizem a doação de órgãos do familiar.

FILA MAIS RÁPIDA
Além de passar a ocupar o topo do ranking brasileiro de transplantes renais, o Distrito Federal também conseguiu otimizar a fila de espera daqueles que precisam realizar esse procedimento. De 2012 a 2014, o tempo médio de espera para um transplante foi reduzido em 65,7%, passando de 23,4 a 15,4 meses.

Do total de procedimentos realizados neste ano, em 30% os pacientes conseguiram encontrar um doador em até três meses. Atualmente, há 159 pessoas esperando por um transplante de rim.

O cobrador de ônibus João de Sá, de 53 anos, morador de Samambaia Norte, achou muito rápido o tempo que levou para fazer o transplante. Ele esperou um ano e três meses para ser chamado. "Estava corajoso para enfrentar a operação", contou.

João é hipertenso desde os 29 anos e começou a perder a função renal há cinco anos. Quando os rins pararam de funcionar, começou a fazer hemodiálise três vezes por semana no Instituto de Doenças Renais (IDR). "Minha pressão disparava cada vez que eu via a agulha da hemodiálise", recordou.

O transplantado está rindo à toa enquanto espera a alta médica no Hospital de Base. "É bom demais, estou novo", disse João, sobre a vida sem a necessidade de hemodiálise e o fim das dores que sentia.

"Não podia nem levantar da cama ou da cadeira, sem ajuda, antes do transplante. Tinha o pescoço duro, quase não conseguia virar a cabeça para o lado e as dores nas costas eram horríveis", lembrou.

AVANÇO
Com um sorriso permanente no rosto, Elísio Soares Brito, comemora o transplante de rim do filho Mateus da Silva Brito, de 18 anos, feito no Hospital Universitário de Brasília (HUB).

Antes do procedimento, o baiano, natural de Barreiras, havia mudado para a capital federal, onde passou 10 meses fazendo hemodiálise no Hospital da Criança de Brasília (HCB).

Mateus ficou sabendo que tinha conseguido doador no dia em que ia comunicar aos médicos que queria voltar a Barreiras e seguir com a hemodiálise. O garoto se recupera no HCB e comemora a possibilidade de poder voltar para a Bahia sem precisar mais de hemodiálise.

A médica responsável pela Unidade de terapia dialítica do HCB, Lívia Cláudio, que faz parte da equipe de transplante renal do HUB como nefrologista pediátrica, ressalta que a espera pelo transplante renal pode ser especialmente delicada no caso de crianças e adolescentes.

"A diálise interfere no crescimento", enfatizou Lívia Cláudia. "Além disso, os pacientes que fazem diálise não podem ir à praia, tomar banho de piscina ou banheira e têm inúmeras limitações alimentares", explicou.

Para melhorar a qualidade de vida dos pacientes renais crônicos, o HCB concentra a hemodiálise e consultas com diferentes especialistas em um só turno para que as crianças e adolescentes possam continuar indo à escola.

Atualmente, há 32 crianças em diálise em Brasília, das quais 28 no HCB, duas no HUB e duas em hemodiálise em clínica conveniada ao SUS. Do total, há quatro temporariamente inaptas para transplante, duas devido ao baixo peso e duas por doenças de base não controladas (lúpus e porfiria).

Os transplantes renais pediátricos do DF são realizados no HUB em adolescentes a partir de 14 anos. Os demais pacientes realizam o procedimento em São Paulo. No entanto, essa realidade deve mudar em breve, uma vez que o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF), que já realiza transplantes renais em adultos, está estruturando a equipe para poder realizar o procedimento em crianças.

A previsão é que o ICDF comece a realizar transplantes pediátricos de rim pela rede pública de Saúde do DF em janeiro.

Da Secretaria de Saúde
(C.C*)

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