2 de set. de 2014

Ela trabalha em uma "sex shop"

Susan Ádna, proprietária da loja virtual Sex Shop Satisfaction.
Foto de Susan Ádna
Qual é o perfil das trabalhadoras das sex shops no Brasil, o que pensam e como é o dia-a-dia dessas mulheres?

De Brasília
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho

Em nossa sociedade, tradicionalmente conservadora, o sexo sempre foi tratado como um tabu e, mesmo no século 21, muitas pessoas não se sentem à vontade para falar sobre assunto de maneira natural. Percebe-se, até hoje, que ainda existem homens e mulheres que comungam com velhas máximas medievais como, por exemplo, que homem e mulher não podem ser amigos, se não rolar sexo.

Fiquei imaginando como deve ser a vida de mulheres que trabalham nas chamadas "sex shops", as lojas que vendem produtos eróticos. Será que são casadas, ou têm namorados, e como é a relação delas com seus companheiros? Como os amigos, vizinhos e a família encaram o trabalho delas?

Já faz algum tempo que converso com as pessoas sobre assunto, com o objetivo de perceber qual é a leitura que essas pessoas fazem das mulheres que trabalham nessas lojas e, por incrível que possa parecer, para muitas pessoas, quem trabalha em lojas de produtos eróticos é homossexual ou promíscuo, ou os dois.

Não tenho conhecimento se existe algum curso de qualificação para quem queira trabalhar em uma loja de produtos eróticos, por isso suponho que, para algumas mulheres não seja muito fácil os primeiros dias de trabalho, como o de Amanda (nome fictício), casada, dois filhos, Amanda levava uma vida sossegada trabalhando como contadora numa cidade do interior.

Até que, aos 29 anos, cansada dessa rotina, decidiu ser vendedora na única sex shop de sua cidade. Os primeiros dias foram de pânico. O que dizer para aquele casal que quer experimentar sexo anal? Como saber qual o melhor vibrador para a senhora de 80 anos? E o que fazer com aquele sujeito que insiste em se masturbar diante das capas dos DVDs?

Alguns anos depois, ela diz que sua vida mudou: foi promovida a gerente e se considera (quase) uma especialista em sexo. "Eu descobri o melhor e o pior das pessoas, e deixei para trás meu passado de mulher bem-comportada", Nos contou  Amanda.

Já para Sabrina, 29 anos (Nome fictício), que trabalha em uma grande loja no Rio de Janeiro, não foi tão difícil assim. Filha de históricos militantes comunistas, foi criada com um discurso e visão progressista sobre a vida. "Sou casada há 2 anos e meio. Eu conheci meu companheiro na loja, ele é cliente até (risos). Ele costumava comprar, na maioria das vezes, fantasias para atender o pedido de sua namorada.

Acontece que já faziam mais de três meses que ele não aparecia na loja, como temos alguns dados dos clientes cadastrados no computador, resolvi telefonar para saber se tinha acontecido alguma coisa na loja que o fez parar de vir. Ele me disse que havia terminado o namoro. Uma semana depois ele veio à loja, não para comprar fantasia, mas para me convidar para jantar, 06 meses depois estávamos morando juntos". Contou Sabrina ao Blog do Arretadinho via email.

Maria do Carmo, 38 anos, trabalha há 12 anos em uma famosa Sex Shop de Belo Horizonte. Ela contou que muitas vão à sua loja em busca de dicas para apimentar a relação. Ela resolveu então elaborar uma lista com sete sugestões para os seus clientes, confira abaixo:

"Transar em lugares proibido
O perigoso é sempre mais gostoso, não é mesmo? Então experimente um dia transar em algum lugar politicamente incorreto como na rua, na escadaria de incêndio ou em qualquer outro lugar que despertar o seu interesse.

Fazer ménage à trois
Seja com seu parceiro e um(a) convidado(a), ou com um casal; a experiência é fantástica se você deixar o ciúme de lado e curtir o momento. Afinal, imagina só duas pessoas te dando prazer ao mesmo tempo? Ui.

Compras no sex shop
Engula a vergonha e vá um dia com uma graninha extra a um Sex Shop; além de descobrir um universo fantástico de brinquedos eróticos, você pode aumentar ainda mais o seu prazer na hora do vamovê com os acessórios certos. Mergulhe nessa ideia!

Ir a um motel
Por incrível que pareça, ainda tem muita gente que tem nojinho de ir a motéis. Claro que existe muito muquifo espalhado por aí, mas a dica é sempre pesquisar preços e suítes em grandes sites, como o Guia de Motéis. Além de cupons de desconto, existem diversas suítes temáticas para deixar a noite ainda mais picante.

Sexo anal
Apesar de doer um pouco no começo, é uma prática que requer treino e vontade. Depois de um tempo, a maioria das pessoas passam a amar e ter orgasmos tão intensos quanto – ou mais – que o de clitóris e da penetração. E claro, muita paciência e higiene, se não nada feito.

Assistir a filmes pornôs durante o sexo
É tipo ir a um cinema 4D – risos. Além de dar um empurrãozinho e apimentar as coisas, é sempre gostoso assistir a uma boa pornografia durante o sexo. Mas claro, antes disso descubra quais categorias te excitam e quais você não curte assistir.

 Ir a uma casa de swing
Quebre esse tabu, e procure no Google os "Mitos e Verdades sobre o Swing". Você descobrirá que mesmo nas casas liberais, você não precisa participar de nada que não estiver com vontade. Vale a visita para os curiosos – você irá se surpreender." Relatou Maria do Carmo.

Por um desses acasos da vida reencontrei uma pessoa que conheci no ônibus há uns quatro anos. A bem da verdade, foi ela quem me encontrou em uma rede social e solicitou-me um pedido de amizade. Ao aceitar o seu pedido tive a grata surpresa de saber que ela está vendendo produtos eróticos.
As Lingeries são um dos produtos mais vendidos
na loja de Ádna.
Foto de Susan Ádna

Estou falando da jovem empreendedora Susan Àdna, proprietária de uma sex shop virtual, a Sex Shop Satisfaction. Neste caso o nome não é fictício, é real.

Susan me disse que montou uma loja virtual e não uma loja física porque, além da loja física ter um custo maior, inibe as pessoas que, muitas vezes, exitam em entrar na loja. O site da loja ainda está em construção mas Susan mantém uma página no Facebook onde vende seus produtos para pronta entrega e outros serviços.

Confira a entrevista que a jovem empresária concedeu ao Blog do Arretadinho com exclusividade:

Blog do Arretadinho: Susan, é um prazer revê-la e quero agradecer por conceder-nos esta entrevista. Quando nos conhecemos você trabalhavacomo promotora de vinhos, o que te levou a vender produtos eróticos?

Susan Ádna: Olá, eu sempre tive muita curiosidade nesse mercado erótico. Em um belo dia fui chamada para fazer uma entrevista em uma Sex shop no centro de Brasília, nesse tempo eu não fiquei com a vaga...Mas como sou muito comunicativa e determinada, acho que contribuiu muito pra eu ser hoje o que sou.

B: A: Antes de montar sua loja virtual, você trabalhou em alguma loja física?

S. A: Nunca trabalhei em loja física, eu só fiz essa entrevista, eu lembro que na entrevista, levaram a gente para área"vip" da sex shop, onde se encontrava de tudo. Me observaram se eu ia me sentir bem, como eu socializava com tudo, mas infelizmente ou felizmente uma outra moça
ficou com a vaga.

B: A: Você é casada ou tem um relacionamento com alguém?
Variedade de produtos da loja de Ádna
Foto Susan Ádna

S. A: tenho um namorado  maravilhoso. Conhecia ele há um tempão, mas começamos a namorar um pouco antes de eu começar a pensar, por em pratica a ideia de abrir uma Sex Shop, inclusive ele é quem me da a maior força, é ele quem esta construindo o site pra mim, é uma pessoa muito boa,
contribuiu com tudo de bom na minha vida, me apoiou, esta comigo pra o que der e vier.

B. A: Como sua família reagiu quando você contou que passaria a vender produtos eróticos?

S. A: Como sempre o mundo erótico é visto com maus olhos, hoje ainda tem muitos olhares críticos e preconceituosos pra esse setor. Com a minha família também não foi diferente, rejeitaram a ideia de eu trabalhar com o mercado erótico, mas mesmo assim, eu continuei, meus pais não apoiam muito, são católicos e como todo bom Cristão, tem sempre uma critica com esse tipo de negocio. Mas me mantive à frente, foi uma opção minha, eles me respeitam muito, na maioria das vezes me ajudam muito.

B.A: Você já foi discriminada por vender produtos eróticos?

S. A: Sim, claro! Com certeza tem sempre alguém, como eu havia falado anteriormente, os primeiros foram a família, parentes, e outras pessoas de fora que não aprovam essa ideia de "prazer". A Sex shop sempre teve, tem e terá quem discrimine, mas um dia eu digo, que quem  experimentar, nao será o mesmo!

B. A: E cantada, já recebeu alguma?
Os funcionais são os mais vendidos
Foto Susan Ádna

S. A: Já sim, claro. Sempre acontece essas coisas. Eu recebo sim, mas não muitas, quem conhece de verdade o trabalho, respeita muito. Mas sempre tem quem faça. Eu não dou muita ideia pra pessoa, vou direto ao ponto da venda, não deixo espaço pra mais conversa.

B. A: Você conhece outras mulheres que trabalham com produtos eróticos?

S.A: Conheço sim, a Leilah de GO que me inspirou, me ajudou muito e a Fátima de SP que também me ajudou muito. Hoje esse mercado vemcrescendo cada vez mais, e as mulheres vem tomando de conta desse espaço, e crescendo com ele. São desinibidas, estudadas, são competentes. O que carregamos nas "costas" é a responsabilidade de fazer muitos sonhos tornar-se realidade. Ensinamentos de como praticar... Palestras de sensualidade e motivação.

B. A: Qual foi a maior dificuldade que você encontrou ao montar seu negócio e que dica você da para quem quer montar uma sex shop?

S.A: a maior dificuldade foi ter a aprovação da família, mas tendo ou não, se esse for seu sonho, torne-o realidade, faça acontecer!!

B. A:  Quais são os produtos que você vende e quais tem maior saída?

S.A: Na grande maioria são funcionais, excitantes, retarder, óleos de massagem, diversos vibradores, fantasias. O que mais sai são os funcionais, excitantes, e vibradores.

B. A: Além dos produtos, quais são os serviços que sua loja oferece?

S. A: oferecemos animação para chás de Lingeries, reunião de mulheres, despedida de solteiros, palestras sensuais e aniversários.

Quem quiser obter algum produto da Sex Shop Satisfaction, é só acessar a página de Susan, grifada em vermelho acima, ou pelo telefone 61.8551-3042

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