30 de dez. de 2014

Coerência política

Roberto Amaral é um dos que se somam a coerência política que deve ter um partido que se denomina socialista. 

por Robson Camara

O Partido Socialista Brasileiro (PSB) não deve sua reputação histórica a Eduardo Campos, sim, a João Mangabeira, Domingos Vellasco, Hermes Lima, Rubem Braga, Osório Borba, Joel Silveira, José Lins do Rego, Jader de Carvalho, Sergio Buarque de Hollanda e Antônio Cândido. 

O segundo capítulo da história desse partido foi sua refundação. A Comissão Nacional  criada para isso teve importantes nomes da vida política do país e da intelectualidade brasileira. Figurava  Antônio Houaiss como presidente e como membros: Marcello Cerqueira, Roberto Amaral, Evandro Lins e Silva, Jamil Haddad, Joel Silveira, Rubem Braga e Evaristo de Moraes Filho. Este último é autor de um importante livro intitulado “O problema do sindicato único no Brasil: seus fundamentos sociológicos.

Em março de 1990, o governador Miguel Arraes, foi convidado pela direção nacional, ingressar no PSB. Sua biografia política ilustra bem quem era este homem. Nascido em 1916 e morto em 2005, foi eleito pela primeira vez governador de Pernambuco pelo Partido Social Trabalhista (PST), em 1962, apoiado pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) e setores do Partido Social Democrático (PSD), derrotando João Cleofas (UDN) - representante das oligarquias canavieiras de Pernambuco.

Na primeira eleição de Lula a presidência da república, o PSB compôs a Frente Brasil Popular (FBP) para disputar a eleição de 1989 encabeçada pelo sindicalista e então deputado federal Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na cabeça-de-chapa e o senador José Paulo Bisol (PSB) como candidato a vice-presidente. A coligação era composta por 3 partidos: Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Socialista Brasileiro (PSB).

É esta história que está sendo maculada por setores do PSB ao aderir, em nome de um suposto estandarte "in memoriam" de Campos, ao projeto neoliberal representado pela candidatura Aécio Neves. Tal apoio representa um equivoco histórico, pois não condiz com a trajetória do partido ao longo de sua existência e nem com o socialismo.

Os caminhos são tortuosos para consolidação de um projeto de nação, defecções ocorrerão. É necessário que as forças de esquerda e daqueles que se oponham ao retrocesso de cunho neoliberal se mantenham fortes.  Só a candidatura Dilma Rousseff pode dar impulso ao novo ciclo de desenvolvimento que tanto o povo brasileiro anseia.

*Robson Camara é professor, Doutor em Sociologia e Mestre em Educação pela Universidade de Brasília.

Nenhum comentário: