As tribos africanas que preservam a riqueza de seus costumes
De Brasília
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho
Com uma população de de mais de 1 bilhão de pessoas, de acordo com dados de 2013, e inúmeros grupos étnicos, a África tem tribos que ainda preservam a riqueza de sua cultura.
Os grupos étnicos da África são numerados em centenas, mas cada um tem a sua própria língua, ou dialeto de uma língua, e cultura.
As divisões entre esses grupos étnicos africanos, é complexa, tanto como é o caso das línguas africanas. Um exemplo é o Egba, que é um subgrupo do povo yorubá do sudoeste da Nigéria.
Haviam muitas tribos situadas em muitas áreas, cada uma com uma forma diferente de fazer as coisas, e uma série de crenças e deuses. Algumas tribos esculpiam máscaras e esculturas de madeira, algumas máscaras seriam usadas em ocasiões como um funeral para criar medo e levar os maus espíritos para longe da aldeia.
Os diferentes grupos étnicos e nações sem estado da África tem sido quase sempre identificados como tribos, embora alguns estudiosos, como autor nigeriano Chinua Achebe, contestam isto devido à sua possível definição errada para alguns grupos (no seu caso, o povo Igbo da Nigéria) e possíveis conotações negativas.
Os principais grupos étnicos, em número de 10 milhões de pessoas ou mais, são:
- Hauçás da Nigéria, Níger, Gana, Chade, Camarões, Costa do Marfim e Sudão (cerca de 30 milhões)
- Yorubás da Nigéria e Benim (cerca de 30 milhões)
- Oromo da Etiópia e Quénia (cerca de 30 milhões)
- Igbos da Nigéria e Camarões (cerca de 30 milhões)2
- Amhara da Etiópia, Sudão, Somália, Eritreia e Djibouti (cerca de 20 milhões)
- Ijaw da Nigéria (cerca de 15 milhões)
- Somali da Somália, Etiópia e Djibouti (cerca 14 milhões)
- Fulas da Guiné, Nigéria, Camarões, Senegal, Mali, Serra Leoa, República Centro-Africana, Burquina Faso, Benim, Níger, Gâmbia, Guiné-Bissau, Gana, Chade, Sudão, Togo e Costa do Marfim (cerca de 10 milhões)
- Xonas do Zimbabué e Moçambique (cerca de 10 milhões)
- Zulos da África do Sul (cerca de 10 milhões)
A contagem oficial da população de grupos étnicos na África tem permanecido controversa, porque certos grupos em que as populações são fixas, servem apenas para dar a outras etnias superioridade numérica, como no caso da Nigéria e do povo Igbo.
Selecionamos algumas tribos que conservam costumes exóticos, confira:
Himba
É uma tribo que pratica o culto aos ancestrais. Muitas tribos praticam animismo africano, que é um tipo de crença religiosa muito comum na antiguidade e que persiste até os dias de hoje. O pensamento animista procura atribuir características pessoais e humanas antropomórficas a elementos da natureza como o mar, a floresta, o céu etc.
Na antiguidade, e ainda hoje em grupos indígenas e isolados, é comum atribuir características animistas a elementos da natureza como "o deus sol," ou "o deus do céu", ou seja, a personificação antropomórfica de elementos e fenômenos naturais.
Alguns antropólogos consideram essa prática um monoteísmo evoluído. Eles chamam seu deus de Mukuru e usam um fogo ancestral para se comunicar com os espíritos de seus antepassados. De acordo com a religião do povo Himba, Mukuru criou o homem, a mulher e o gado da mesma árvore.
Ao contrário da maioria das outras religiões monoteístas, Mukuru não tem poder ilimitado e os antepassados também podem influenciar fortemente no mundo e no cotidiano das pessoas. Uma das funções do líder masculino da família é manter o fogo ancestral, como uma forma de pedir as bênçãos para sua família. Considerando que Mukuru controla a maioria dos elementos do mundo físico, como a terra, a água e o clima, os antepassados detém o controle local das doença ou as boas condições de seus rebanhos. Por exemplo, se alguém fica doente, o povo Himba acredita que os espíritos dos antepassados foram de alguma forma ofendidos com alguma má ação da família.
Hamer
As mulheres Hamer são açoitadas durante a cerimônia de pular o touro |
A tribo Hamer, que às vezes é chamada de povo Hammer ou tribo Hamar, vive no distrito de Bena Hamer Woreda, próximo ao rio Omo Valley, no Sudoeste da Etiópia.
Os Hamer são pastores, cuidam do gado, em torno do qual a sociedade tem suas bases de existência estabelecidas. Além disso, são conhecidos pela " cerimônia de saltar do touro", em que os jovens são obrigados a saltar completamente nus sobre uma linha de touros, a fim de serem aceitos como membros adultos da sociedade Hamer. O risco, no entanto, é mínimo porque os touros são alinhados e mantidos no lugar por outros homens. Depois de completar a cerimônia, o jovem se torna um membro do "Maza", o grupo dos homens mais velhos da sociedade.
Outro momento dessa cerimônia, é o açoitamento das mulheres que tem algum parentesco com o jovem participante. As mulheres são chicoteadas nas costas nuas, provocando feridas abertas que se transformam em cicatrizes posteriormente. Esta tradição da tribo objetiva reforçar os laços familiares com as mulheres da tribo que, ao se submeterem ao açoite, passam a ter certeza que no futuro serão amparadas pelo homem, no caso de lhes acontecer algum infortúnio. A participação das mulheres nessa cerimônia é voluntária e elas aguardam a festa com ansiedade. O evento serve também para que a tribo passe vários dias bebendo cerveja de sorgo.
O sorgo, não tão popular no Brasil, é um grão de grande relevância no mundo, em especial no continente africano, de onde é originário. Isso porque o sorgo é extremamente resistente a condições extremas, crescendo inclusive em climas secos e quentes. Na produção de cervejas, ele é utilizado tanto fresco quanto seco e também maltado. Enquanto as cervejas do oeste africano feitas com sorgo são geralmente claras, as sul africanas mais comumente encontradas são opacas.
Oficialmente, a tribo Hamer é muçulmana. No entanto, na prática, também são animistas, acreditando que as plantas, animais e objetos inanimados ainda têm espíritos que possuem poderes sobrenaturais sobre os seres humanos. A população da tribo Hamar é de aproximadamente 43.000 pessoas. No entanto, esta é uma percentagem relativamente pequena do total da população da Etiópia, onde os números mais recentes sinalizam para, aproximadamente, 54 milhões de pessoas.
O poder político da tribo é extremamente limitado e poucas pessoas sabem ler e escrever. Na verdade, menos de 2% da população já concluiu o ensino secundário. A língua falada pelo povo Hamer é Hamer-Banna, que é de origem asiática da família afro. A linguagem-Banna Hamer também é chamada de Amer, Amar, Ammar, Amarcocche, Bana, Banna, Hamer, Hammer, e Hammercoche.
Ndebele
Também conhecida como a Tribo do Pescoço Longo, são oriundos da África do Sul. Antigamente as mulheres da tribo usavam anéis de cobre e bronze ("iindzila") ao redor de seus pescoços, com o objetivo de alongá-los, porém, hoje elas não costumam mais fazê-lo. Muitas tribos africanas continuam a usar vários tipos de anéis e colares ao redor de seus pescoços que podem dar a aparência de esticados. Em outras culturas africanas, a quantidade de contas nos colares representa riqueza e status social, também como prática de ritual religioso ou atribuir às mulheres estética e beleza.
O alongamento do pescoço nada mais é do que ilusão de ótica, os anéis de bronze, mesmo aparentando promover um alongamento, na verdade empurram o pescoço das mulheres para baixo, devido ao seu peso. Os anéis servem para criar a sensação de que o pescoço está alongado, isso para que elas sejam vistas como belas mulheres, já que na cultura local, mulheres com pescoço comprido são consideradas mais belas.
Elas podem começar a usar os anéis com cinco anos de idade e enrolam manualmente o metal, em um processo que leva algumas horas. Atualmente as mulheres usam os anéis mais como atração turística do que como um ritual nativo.
Curiosamente, o explorador Marco Polo foi o primeiro ocidental a conhecer essas mulheres, durante sua viagem no século 14 para o Oriente.
Daasanach
A tribo Dassanech é uma das tribos mais antigas da África. Estes pastores vivem em três países do Leste Africano, no Quênia, Sudão e Etiópia. São cerca de trinta mil e sua população vive perto do lago Turkana, no Omo Debub, zona do Vale do Omo na Etiópia.
Recentemente, muitos Daasanach trocaram os rebanhos e se transformaram em agricultores, devido, principalmente, as perdas de boa parte do rebanho pela dificuldade de acesso ao seu território, por causa dos conflitos na região, principalmente no Quênia e Sudão.
A difícil adaptação à vida de agricultor deve-se, principalmente, ao fato de estarem sendo acometidos de inúmeras doenças, como a "doença do sono", transmitida pela mosca tsé-tsé, facilmente encontrada próxima à fontes de água permanente, onde passaram a viver.
A tribo Daasanach fala a língua Cushitic-asiática, de família linguística afro, ao contrário de muitos de seus vizinhos, como o Surma, no Suri, Mursi Nyangatom e outras tribos que falam línguas da família nilo-saariana.
Os Daasanach tem vários clãs que são herdados pela descendência patrilinear, que é um sistema onde organizam os parentes através da linhagem paterna. Isto é, se um homem casar com uma mulher, os sobrenomes dos filhos seriam passados pelo pai. Além disso, a sociedade reconhece diferentes classes de idade, que determina a posição de alguns em muitas das tribos tradicionais da africanas.
Arbore
A tribo Arbore é muito pequena, com cerca de quatro mil pessoas.
Os Arbore também vivem na região do rio Omo, na Etiópia, perto do Lago Stefanie e falam a língua Cushitic-asiática, da família linguística afro. As mulheres geralmente usam um pano preto grande para cobrir suas cabeças, semelhante ao que faziam as mulheres de antigas tribos africanas, quando participavam de rituais de dança e cânticos, para espantar as energias negativas.
Eles acreditam que a dança e o cântico atraem energias positivas que trarão boa sorte à tribo. A atividade básica da tribo é a criação de gado e medem a riqueza do indivíduo pelo tamanho do rebanho.
Há uma grande diversidade de povos na Etiópia. O poder político é exercido pela tribo de Amhara, que também domina a cultura etíope. Uma característica da cultura da Etiópia é o imenso respeito dado aos idosos, na sua cultura é comum alguém dar o seu banco ou até mesmo sua cama para um ancião.
No que diz respeito às religiões, a Igreja Cristã Ortodoxa etíope é a principal instituição religiosa e está relacionada ao judaísmo antigo, com os tabus similares, tais como a proibição do consumo de produtos suínos. O Islamismo também é muito importante na Etiópia e grande parte da população é muçulmana. Muitos judeus etíopes que viviam na Etiópia há milênios estão agora vivendo em Israel.
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