13 de dez. de 2014

Me Libertei Daquela Vida Vulgar

Alô, aqui sou eu quem fala. De onde? Da rampa, subindo com dificuldade a escorregadia avenida da vida. Mas, sem desistir dos sonhos que trouxe na mala. 

De Brasília
Iberê Lopes
Para o Blog do Arretadinho

Aperto passo, enrolo um pouco, roubo um beijo, invento amores mesmo sem querer. Deixo as marcas e destroços para depois. Ah, já nem me entrego se não tiverem duas doses de honestidade no olhar de quem me quer. Do contrário deixe um bilhete na porta ou em cima da mesa do bar me avisando que tudo será um caso de acaso, incerto como a eternidade do amor. 

Eu nasci de dois tipos raros de seres humanos, liberados de amarras, "despadronizados" por natureza estranha. Na entranha são fantasticamente autênticos, ácidos e verdadeiros. Nunca neguei meu berço. 

Serei um borrão, rebelde e indecifrado. Não sou dado aos confeitos artesanais que nos mostram frontalmente diferentes do que somos na real. Sinceramente não disfarço. Gravatas importadas, talheres separados e falas complicadas servem às cinzas. Gosto do gosto da insatisfação, da inquietação que me despertam os contrários. 

Se quiser sair do armário pode também. Saias curtas, cores livres e aquele novo jeito de demonstrar o afeto. Se afetar quem quer que seja, que seja. Ninguém merece as morais protestantes, livros doutrinantes e alucinações de um Deus carregado de preconceito e injustiça celestial. 

Talvez, uma hora dessas, em plena crise de indignação eu adote um coração ignorado. No lugar do discurso atrasado eu diga tudo o mais que nunca poderia ter ficado entalado. Acho lindo ser feminina, vadia ou qualquer ideia que der na telha. Expressão do universo sem igual das mulheres e seus mundos. Sei lá, pode até subir no telhado. Me sinto mais macho ao ser feminista. 

Não consigo ver os índios tão maltratados, deixados de lado. Taí uma cena que me leva ao pranto incontido, inevitável. Gente sem terra, sem rumo, sem jeito de levar o que é seu de direito. E ainda tantos sendo vistos como escravos, por conta de seus cachos iluminados. Tanto espaço ancestral, vozes de deuses em afrodescendência sensacional. Infelizmente desrespeitados. 

Discuto o que os hipócritas e interessados na preservação do status se negam a contar. Sabemos parte da história, sem memória e em conflito com a modernidade volátil. Política, discos, poesias libertárias, sustentabilidade dos meus sentimentos e outras crônicas banais. Tudo um pouco e mais. 

Portanto, não me confunda se estiver saindo aos tropeços das madrugadas pueris, com o olhar profundo e curioso querendo entender o que aconteceu. Para mim não existe o destino. E sim uma vontade imensa e intensa de voar. 

Me Libertei Daquela Vida Vulgar - por Iberê Lopes 12/12/2014
Arte na Foto: Iberê Lopes 

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