Com modeda extremamente desvalorizada, o Governo começou a vender divisas no mercado |
Com o rublo em queda livre, o Ministério das Finanças russo passou a usar todas as armas que tem à disposição na tentativa de segurar a cotação da moeda nacional e evitar o que ocorreu na véspera, em que a divisa russa chegou a recuar 20% face ao dólar e ao euro.
Nesta quarta-feira, Svetlana Nikitina, porta-voz do ministério, afirmou que o rublo está “extremamente desvalorizado” e, por isso, o Governo começou a vender divisas no mercado. Não foi adiantado o volume ou o tipo de ativos colocados à venda. No início da semana, o rublo desvalorizou fortemente e, nesta manhã, antes da abertura do mercado, voltou a perder terreno em comparação com o dólar norte-americano e o euro.
Com a crise cambial, as bolsas europeias inauguraram o dia no vermelho, com Londres, Paris, Milão e Frankfurt em queda de 1%. As consequências da desvalorização da moeda já afetam os investimentos em todo o mundo.
De acordo com a Blooomberg, a Pacific Investment Management, por exemplo, enfrenta perdas consideráveis nas obrigações russas que mantém em carteira. A Apple também cancelou as vendas online dos seus produtos naquele país. “A nossa loja online está neste momento indisponível enquanto revemos preços. Pedimos desculpa aos clientes por qualquer inconveniente”, lamentou Alan Hely, porta-voz, da empresa norte-americana.
O Banco Central da Rússia desembolsou US$ 2 bilhões, na segunda-feira, na tentativa de estabilizar a moeda. No dia seguinte, aumentou a taxa de juro de referência de 10,5% para 17%, considerando a situação “crítica”. No final da tarde desta terça-feira, bancos e casas de câmbio começaram a ser procurados por clientes que queria transformar poupanças em moeda local por estrangeira, com medo que a depreciação do rublo se mantenha e acabe por conduzir ao mesmo cenário de 1998, em que a moeda colapsou e o país entrou em default.
No acumulado do ano, o rublo desvalorizou 50%, fruto de um contexto político e econômico atribulado. As sanções econômicas e financeiras do Ocidente em resposta à ocupação da Crimeia e ao conflito na Ucrânia explicam a queda da moeda, tal como a derrapagem dos preços do petróleo, matéria-prima que vale 40% das receitas do Estado russo.
O aumento de 6,5 pontos percentuais na taxa de juros, para 17%, durante a noite não conseguiu evitar que a moeda atingisse mínimas recordes frente à “tempestade perfeita” nos baixos preços do petróleo, temores de recessão e sanções do Ocidente por conta da crise na Ucrânia.
Putin culpou especuladores e o Ocidente pelo colapso do rublo, e um porta-voz presidencial atribuiu, na terça-feira, a turbulência do mercado a “emoções e humor especulativo”. O rublo perdeu 11% frente ao dólar na terça-feira, a queda diária mais aguda desde a crise financeira da Rússia em 1998. A moeda já caiu 20% desde o começo da semana.
Enquanto Moscou enfrentava a crise, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse que as sanções podem ser suspensas se Putin tomar mais medidas para aliviar as tensões e cumprir os compromissos firmados sob os acordos de cessar-fogo para encerrar o conflito na Ucrânia.
– Estas sanções podem ser suspensas em questão de semanas ou dias, dependendo das escolhas que o presidente Putin tomar – disse Kerry a repórteres, em Londres.
Mantendo a pressão sobre Moscou, o presidente Barack Obama deve assinar uma lei nesta semana autorizando novas sanções contra a Rússia por conta de suas atividades na Ucrânia, e fornecerá armas para o governo de Kiev, disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest. Mas ele disse que os EUA não querem adotar novas medidas que não estejam sincronizadas com seus parceiros europeus.
Para a economia russa, a crise cambial significa que uma recessão mais profunda é mais provável no ano que vem, à medida que as altas taxas de juros devem prejudicar o crescimento. Para o setor empresarial, isso significa mais incertezas e menos acesso a financiamentos.
Para o banco central, significa crise de credibilidade. Putin tem conhecimento que a crise aumenta o risco de perder dois de seus principais pilares de apoio – estabilidade financeira e prosperidade – e traz uma indesejada dor de cabeça sobre suas políticas em uma época em que as relações com o Ocidente também sofrem por causa da Ucrânia.
Banco dos Brics
Nesta manhã, o vice-ministro das Finanças da China, Zhu Guangyao, assegurou que seu país se compromete com as preparações do Banco de Desenvolvimento dos Brics (Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul), com sede em Xangai, para que o banco entre em funcionamento antes do final de 2015. Uma vez estruturado, o novo organismo financeiro poderá apoiar integrantes, como a Rússia, em crise semelhante à que ocorre agora, em Moscou.
No Fórum Econônimo e Comercial dos Brics, realizado em Pequim, Zhu Guangyao revelou que os cinco países já realizaram a primeira reunião do Conselho Administrativo do Banco. Todos concordaram em acelerar o processo da aprovação para que a instituição abra o mais cedo possível.
Além disso, os países podem começar a elaboração de um ou dois projetos para serem entregues ao banco logo após sua inauguração.
A China acredita no potencial de desenvolvimento dos países do Brics, que devem trabalhar mais para reforçar a cooperação para superar as dificuldades a curto prazo, disse o Ministro Adjunto do Comércio da China, Wang Shouwen, no terceiro Fórum Econônimo e Comercial dos Brics.
Ao falar sobre as dúvidas da comunidade internacional em relação a estagnação do crescimento econômico da organização, Wang Shouwen afirmou que as economias emergentes ainda estão atravessando a etapa de crescimento, traduzida pela aceleração das infraestuturas, expansão do mercado doméstico e vantagens na mão-de-obra, recursos e tecnologia. Por essa razão, disse acreditar no potencial de desenvolvimento a longo prazo.
fonte Correio do Brasil
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