4 de mar. de 2015

Por que comemorar o Dia Internacional da Mulher?

Comemorar o Dia Internacional da Mulher não deve parecer só um ato poético 

De Brasília
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho

Muitos atribuem que as comemorações do Dia Internacional da Mulher originaram-se após um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas. Sem dúvida alguma esse fato faz parte do histórico de lutas pelos direitos das mulheres, mas os fatos que levaram a criação da data são anteriores a ele.

Organizações feministas, de origem operária, protestavam na Europa e Estados Unidos desde meados do século 19 pela diminuição das 15 horas de trabalhos diários e contra os ínfimos salários impostos à elas pela chamada revolução industrial, além disso aquelas mulheres pediam melhores condições de trabalho e o fim do trabalho infantil, tão comum naquela época.

clique para ampliar
Em 1908, aproximadamente 1500 mulheres,  compareceram à uma manifestação nos Estados Unidos para pedir igualdade de condições políticas com os homens, além de igualdade dos salários. Este fato é considerado por muitos como a primeira celebração estadunidense do Dia Nacional da mulher. Já o Partido Socialista dos Estados Unidos, em 1909, oficializou a data como sendo 28 de fevereiro, quando reuniram mais de 3 mil pessoas no centro de Nova York e, em novembro do mesmo ano, uma longa greve fechou mais de 500 fábricas têxteis americanas.

A II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas aconteceu na Dinamarca em 1910 e reuniu mais de cem representantes de 17 países, com o objetivo de fortalecer a luta das mulheres no mundo e garantir o direito de voto em vários países.

Entre 1914 e 1918, período em que ocorreu a primeira guerra mundial e as condições precárias de trabalhos, além de salários cada vez mais baixos, fizeram os protestos se intensificaram ainda mais, levando 90 mil operárias à uma manifestação contra o Czar Nicolau II, na Rússia, no dia 8 de maio de 1917. Este protesto foi denominado "Pão e Paz". A data consagrou-se como o Dia Internacional da Mulher, entretanto, só foi oficializada em 1921.
clique para ampliar

A professora Maria Célia Orlato Selem, mestre em Estudos Feministas pela Universidade de Brasília, UNB, e doutoranda em História Cultural pela Universidade de Campinas, Unicamp, explica em um texto publicado pela UNB que "O 8 de março deve ser visto como momento de mobilização para a conquista de direitos e para discutir as discriminações e violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas mulheres, impedindo que retrocessos ameacem o que já foi alcançado em diversos países".

O capitalismo vem desconstruindo o verdadeiro objetivo da celebração desse dia ao longo dos anos, numa tentativa de tirar do foco a questão da igualdade de direitos trabalhistas das mulheres, que no Brasil ainda esbarra na desigualdade, principalmente, dos salários. Atos poéticos como o de oferecer flores a elas no seu dia, por exemplo,  não são atos inválidos, absolutamente, mas não devem ser o foco da celebração. Devemos insistente e incansavelmente exigir que a igualdade nas condições de trabalho e de remuneração, sejam efetivadas o quanto antes.

*As fotos foram feitas no Encontro de Culturas Populares de Bonito - GO, em 2014

Nenhum comentário: