Filho de Pitanguy: a máscara volta a cair no Grupo GloboImagine a cena: um chefe de família é atropelado e morto por automóvel de luxo dirigido por um bêbado reincidente na Zona Sul do Rio de janeiro.
Qual é a manchete que qualquer pessoa de bom senso escreveria fosse ou não jornalista?
- bêbado atropela e mata no Rio
Outra:
- Violência e impunidade: bêbado mata em atropelamento
Uma nova opção, mas não única:
Operário é atropelado por motorista bêbado no Rio
Os exemplos são vários e por certo alguns jornais acabariam produzindo uma manchete muito parecida, se não idêntica, por conta do óbvio. Mas no jornalismo, assim como em muitos ambientes da vida, a matemática é algo que não se aplica. Nuances e até um fervor criativo maior geram manchetes das mais criativas e bombásticas. Mas há um componente jornalístico, que não se revela publicamente, mas é usado para escamotear a verdade e para proteger amigos - no caso, os ricos. O nome dele é manipulação:
- Filho do cirurgião plástico Ivo Pitanguy está internado em estado grave no Rio
Esta manchete (se não acredita no que dizemos, veja você mesmo) foi a chamada que a Globonews - a TV a cabo do Grupo Globo - usou para falar do caso em que o operário. Para a principal empresa jornalística do Grupo Globo, a vítima era Ivo Nascimento Pitanguy, filho do médico famoso, e não o operário José Fernando Ferreira da Silva, o atropelado, aquela altura já um cadáver.
O caso chama a atenção pela sua barbaridade. Mas, por outro lado, ele é ótimo dada a oportunidade que oferece ao grande público para percebê-lo. Quando há interesse no seu grupo social, no clube dos ricos, a verdade não é tão verdadeira assim. Assim como a mentira não aparece tão ruim quanto deveria. Transforma-se mocinhos em vilões, vilões em heróis, tudo na medida em que a direção deseja.
O caso guarda muitas semelhanças com o de outro atropelador famoso, Thor Batista. Ele havia atropelado Wanderson Pereira dos Santos, 30 anos, quando o motorita de caminhão passava com sua bicicleta no acostamento de uma rodovia. Naquele caso, ocorrido há três anos, o filho do empresário Eike Batista, condenado em primeira instância, acabou absolvido na segunda, quando os julgadores são desembargadores. Por fora, a família doou R$ 1 milhão para os parentes da vítima a fim de amenizar o sofrimento da perda.
Mas repare uma coisa, internauta de Conexão Jornalismo, quanto ao caso mais recente:
A ficha de Ivo Pitanguy tem 70 anotações por infrações de trânsito. Nada menos do que 14 por dirigir embriagado. Ele, pela legislação atual de trânsito, deveria ter tido a carteira cassada. Deu para entender?
Portanto, cuidado com a fábrica de vilões e mocinhos que emerge da TV.
da Redação de Conexão Jornalismo
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