20 de ago. de 2015

Quem foi Tupac Amaru?

José Gabriel Concorcanqui, mais conhecido como Tupac Amaru II, foi uma importante figura política da América do Sul de fins do século XVIII, época em que a montagem da empresa colonial hispânica estava estabelecida e teve que enfrentar rebeliões por parte dos índios locais, que reivindicavam a condição de herdeiros da civilização inca e tentavam, ainda, resistir à estrutura da colonização.

Havia muitos acordos entre os espanhóis e os índios locais. Geralmente, o líder local, denominado curaca, era responsável por estabelecer um contrato com o colonizador que garantia a oferta de mão de obra em troca do recebimento de parte dos impostos. Com essa medida, os colonizadores espanhóis não precisavam se indispor com a população indígena com enfrentamento militar.

Entretanto, em 1780, Tupac Amaru II, que era um desses líderes curacas, rebelou-se contra a estrutura colonial espanhola, declarando-se herdeiro direto do líder inca Tupac Amaru, conhecido pela resistência à conquista espanhola da referida civilização no século XVI. Tupac Amaru II, ou José Gabriel, estudou na Universidade de São Marcos, na capital do Peru, Lima, e obteve uma formação permeada pelas ideias iluministas, de forma semelhante àquela que os intelectuais mineiros que participaram da Inconfidência tiveram.

As ideias de liberdade e luta por igualdade de direitos contribuíram para que Tupac Amaru projetasse uma rebelião contra a metrópole espanhola, organizando assim uma insurreição indígena no Peru, contando também com apoio da elite de criollos (colonos residentes no local) e dos mestiços desse país. A proposta de Amaru consistia, principalmente, em desobedecer à ordem de tributação da colônia à coroa.

Por Me. Cláudio Fernandes

No entanto, a organização de Amaru foi posteriormente desarticulada e seu líder morto de forma cruel pelas autoridades metropolitanas. As pesquisadoras Kátia Gerab e Maria A. Campos Resende relataram em seu livro “A rebelião de Tupac Amaru – resistência no Peru do século XVIII” como foi a execução do líder indígena. No livro, podemos ler o modo cruel como Tupac Amaru II foi morto:

“(...) Ataram-lhe às mãos e pés quatro cordas e prenderam-nos ao dorso de quatro cavalos (...). Não sei se porque os cavalos não fossem muito fortes, ou o índio, em realidade, fosse de ferro, não puderam absolutamente dividi-lo, depois de um interminável momento em que o mantiveram puxando, de modo que o tinham no ar, num estado em que parecia uma aranha. Tanto que o visitador, movido de compaixão, para que não padecesse mais aquele infeliz, despachou uma ordem mandando que o carrasco cortasse sua cabeça, como se executou (...) Desse modo, acabaram José Gabriel Tupac Amaru e Micaela Bastidas. (...) Neste dia compareceu (à praça) um grande número de gente, mas ninguém gritou nem levantou uma voz (...). (Kátia Gerab e Maria Angélica Campos Resende. A Rebelião de Tupac Amaru - luta e resistência no Peru do século XVIII. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987. PP. 40 – 41.)

Percebe-se que a morte de Tupac, para ser exemplar aos outros indígenas que tentassem insurreição semelhante, foi, inicialmente, programada como um suplício. O objetivo era arrancar seus braços e pernas com a força de quatro cavalos. Entretanto, em decorrência da malfadada tentativa de suplício, cortaram-lhe a cabeça. Tudo feito em praça pública, como um macabro espetáculo para a população local.

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