Lendo e refletindo sobre os comentários que recebi no vídeo que fiz na semana passada percebi que algo ficou incompreendido para alguns: a questão do ódio de classe, o ódio da direita contra o projeto que mudou e melhorou a vida milhões e consequente, o ódio aos maiores representantes desse projeto: Lula e Dilma.
Por Manu Thomaziello
na página da UJS
A poucos dias assisti ao filme “Que horas ela volta?” que traduz de forma clara e didática o ódio e ojeriza contra os pobres e a condição de desigualdade social que a elite brasileira acha vantajoso manter estruturada.
O filme mostra a relação de uma empregada doméstica com seus patrões. A empregada mora no trabalho e é considerada parte da família, mas vive em condições completamente diferentes de seus patrões e é vista como um ser inferior: dorme num quarto minúsculo, não almoça com os seus patrões, é chamada a qualquer hora do dia ou da noite para atender pedidos, cuida 24 horas por dia do filho da patroa.
Val, a personagem da empregada doméstica, simboliza uma dinâmica de escravidão que durou séculos a fio e que hoje se mostra bem aceita entre os mais ricos. Os patrões de Val, na medida do possível, a tratam de forma “gentil”, mas não se dão ao trabalho de ao menos escuta-la quando a mesma tenta discutir algo. Isso é ódio de classe!
Se antes a maior diferença entre pobres e os ricos era a condição do rico cursar o ensino superior e o pobre não poder sequer sonhar ter um diploma, hoje essa desigualdade é cada vez menor e a real possibilidade da filha da empregada doméstica sentar na mesma cadeira da universidade que o filho da patroa assusta e causa pânico aos ricos, que temem perder seus privilégios e seu status de superioridade e exclusividade.A diretora trata disso no filme também!
Val tem uma filha transgressora, Jéssica, que vem a São Paulo prestar vestibular e não aceita a condição de desigualdade social que a mãe vive. Jéssica assusta e causa raiva a patroa conservadora. Outra cena que reflete de maneira fiel esse ódio é quando Jéssica entra na piscina da patroa e a mesma fica furiosa e ordena a um de seus empregados que esvazie e troque a água da piscina, com urgência, afirmando que viu um rato dentro. Pois é! Um rato.
Vale a pena assistir esse filme!
No vídeo que fiz afirmo também que o ódio dos ricos é ter que pegar avião com o povo e, citando mais um exemplo, vemos que esse ódio se evidencia num episódio preconceituoso onde uma professora da PUC faz um comentário sobre um homem “mal vestido” que está no aeroporto. Ela posta uma foto do senhor em seu Facebook, e comenta incitando o ódio, questionando se a mesma estava em um aeroporto ou rodoviária e afirma que o “glamour” foi para o espaço, já que havia um homem, supostamente, de classe inferior, no mesmo voo que ela.
Ódio de classe se manifesta quando vemos a elite brasileira defender veementemente o encarceramento de jovens negros e periféricos, com a redução da maioridade penal. O ódio de classe é a xenofobia contra o nordestino que vinha morar em São Paulo em busca de novas oportunidades. E, diga-se de passagem, hoje ele está voltando porque a economia do nordeste só cresce. Inclusive, a elite tem raiva também do crescimento econômico do nordeste e do voto do nordestino. Afirmam que o PT faz dessa região, onde estaria concentrada a maior parte de seus eleitores e onde, dentro dessa visão, estariam também a maioria dos atendidos pelas políticas populares do governo, seria então seu “curral eleitoral”. Ou seja, querem convencer o povo que o PT é oportunista e que o pobre é burro.
Consciente é o nordestino que vota no partido que mudou a sua vida! De forma bastante preconceituosa esse discurso, que já é antigo, se assimila com o recente discurso de ódio da escória do capitalismo que afirma que se o pobre tá em manifestação é porque, certamente, foi comprado por um “pão com mortadela” e não porque tem vontade própria e opinião politica.
Outro exemplo claro de como o ódio de classe se manifesta na sociedade atual foram os “rolezinhos”. A indignação da elite se fez presente nos comentários preconceituoso quanto à “invasão” dos pobres e negros no seu altar do consumismo. Ódio é também dificuldade do aluno cotista ser respeitado como igual na universidade. O ódio de classe é a justiça seletiva do nosso país, onde um jovem negro suspeito de roubo é linchado em praça publica e condenado sem julgamento, enquanto Thor Batista, homem rico e branco é absolvido de homicídio culposo e atropelamento de um ciclista. E esse ódio não é de agora!
A ânsia da elite por condições de privilégio existiu também em meados do século 19, quando os conservadores não tinham pudores em defender a escravidão e se faz latente hoje, ao vermos a preocupação da elite e da nova classe média em defender seus próprios interesses e demonstrar medo de perder a “exclusividade” de poder comprar carros, casas, roupas, perfumes de luxo.
Alguns comentários que li dos desinformados e alienados pela direita é de que esse ódio não existe e é invenção da esquerda, devaneio nosso. É claro que essa afirmação é mais uma estratégia eleitoral, mas não nos enganamos! No imaginário semeado pela direita, essa nova classe média olha para o pobre e se acha rico. Não reconhece que os ricos do Brasil são os grandes empresários, donos de grandes multinacionais, latifundiários, os barões da mídia e aquela galera que detém grande parte da riqueza do Brasil.
São iludidos pela direita para achar que a sua ascensão social foi dada por mérito próprio e não por consequência de um governo popular. Mais uma clara estratégia eleitoral! Se por um lado muito avançou e a pobreza diminuiu, por outro a desigualdade social é ainda profunda e temos um Brasil em que vigora uma enorme concentração de renda nas mãos dos ricos e isso precisa mudar!
Nós somos transgressores da ordem social! Resistimos e continuaremos na luta para disputar a opinião da sociedade para as ideias mais acertadas, no intuito de desenvolver um Brasil mais justo, igual e solidário. Viva o povo! Viva o progresso!
Assista ao trailer do filme “Que horas ela volta?”:
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