8 de jan. de 2016

Rock nacional some, sertanejo fica

Não há bandas de rock brasileiro pela 1ª vez em lista anual da Crowley.
Sertanejo já tem 75 das 100 mais tocadas e Luan lidera; 

Por Tico Santa Cruz

Quer entender o fenômeno?

Vamos lá.

primeiro: Os sertanejos se organizaram. Coisa que o Rock nunca fez. Enquanto eles se juntam, fazem shows casados, investem uns nas bandas dos outros, tocam uns as músicas dos outros, promovem festivais através de seus próprios escritórios. 

O Rock sempre ficou de picuinhas internas, egocentrismos, bandas que se acham melhores que as outras e não se "misturam" e NUNCA houve um movimento no mainstream que resgatasse do "underground" bandas desconhecidas para oxigenar a cena. 

Resultado? 

Não se oxigenou a linguagem. Abriu-se um abismo entre o que os jovens gostam de ouvir e o que as bandas gostam de cantar.

Segundo: Me parece que muitas bandas preferem bater no peito e ostentar a independência como bandeira e se sentem satisfeitas em tocar para guetos. 

O que se na prática for sincero - é louvável. Mas parece que alguns usam esse argumento para justificar a falta de capacidade de administrar e crescer para um patamar que exige muito mais do que apenas o desejo de subir no palco e fazer um show. O Rock muitas vezes se ofende quando se torna mais popular. Fulano de tal foi no programa de TV - se vendeu… mimimimi - quantas vezes não ouvi isso? 

Pois tá ai. Quem deixa o espaço aberto permite que outros ocupem.

Terceiro - Por conta da baixa popularidade do Rock fica difícil conseguir investimentos para disputar com os milionários do Sertanejo e de estilos popularescos. Pouca gente sabe, mas muitos empresários colocam grana nestas duplas ou cantores, para depois entupir o rabo de dinheiro e desfrutar do universo de fama e glamour de seus "afilhados". 

Muita gente lava dinheiro também com esse tipo de investimento - mas deixa essa parte pra lá, que quero viver mais um pouco.

Quarto - Nos últimos 13 anos, as classes C, D e E foram privilegiadas com as políticas sociais e econômicas, que permitiram ascender financeiramente para um mundo onde passaram a ser consumidores vorazes. O que eles consumiam? Esse tipo de artista mais popular. 

Naturalmente foi injetado nessa indústria muito mais GRANA, de forma que o óbvio seria a ascensão também de artistas e representantes que falam e cantam o cotidiano e a linguagem dessas pessoas. 

O que não há absolutamente NADA de errado com isso. É um análise meramente sociológica. 

Daí vem também os movimentos de funk ostentação e outros que promoveram músicas com tais conteúdos.

Então amigos do Rock. Nós voltamos para onde tudo começou. Para casas menores, poucos festivais, muito pouco espaços nas rádios, e sem recursos, com uma linguagem que não é entendida pela massa de jovens que acham o Rock um estilo ultrapassado, seria bom que ao invés de ficar culpando os Sertanejos por suas vitórias, que olhássemos para nossos umbigos e vimos onde fracassamos.

Top 100 de rádio é importante? 

Sim, o Rádio ainda é um dos principais veículos de comunicação. 

Mas o Detonautas por exemplo, não tem nenhum música tocando nas rádios e continua fazendo shows, com uma agenda boa e trabalhando bastante, graças a INTERNET. 

Esse será o nosso mercado daqui adiante. 

E vale lembrar - lá fora não existe nenhum ícone importante atualmente que seja celebrado como algo revolucionário ppara o Rock n' roll mainstream de forma que como somos colônia de lá, se não aparece algo relevante que atinja a massa aqui… ficamos com o que fomos capazes de semear.

O Capitalismo é assim 

Força a todos.

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