19 de set. de 2016

Polícia indicia três servidores do GDF por tentativa de extorsão

Foto MICHAEL MELO/METRÓPOLES
Polícia indicia 3 servidores do GDF por tentarem extorquir SindSaúde
O ex-ouvidor da Vice-Governadoria Valdecir Medeiros; Edvaldo Simplício da Silva, técnico em políticas públicas e gestão governamental da Secretaria de Planejamento; e o ex-gerente de Cessões, Requisições e Ressarcimentos Christian Michael Popov foram indiciados por concussão e tentativa de lavagem de dinheiro

Três servidores do Governo do Distrito Federal foram indiciados por concussão (ato de exigir para si ou para outros, dinheiro ou vantagem em razão da função) e tentativa de lavagem de dinheiro. O ex-ouvidor da Vice-Governadoria do DF Valdecir Medeiros; Edvaldo Simplício da Silva, técnico em políticas públicas e gestão governamental da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag); e o ex-gerente de Cessões, Requisições e Ressarcimentos da Seplag Christian Michael Popov estão envolvidos no caso de extorsão denunciado pela presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues.

Edvaldo e Cristian teriam pedido propina para evitar que, por falta de certidões que deveriam ser apresentadas ao GDF, a entidade perdesse recursos descontados no contracheque de servidores filiados. Medeiros teria agido como interlocutor do esquema. O trio será ouvido nos próximos dias pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Decap).

A investigação está em fase final. Na oportunidade, eles poderão apresentar suas defesas ou até mesmo tentar um acordo de colaboração com a polícia para apresentar novas denúncias e indicar outros envolvidos. O meio para fazer o repasse ilegal seria um contrato de uma prestação de serviços inexistentes. A corretora de seguros Netsaron, que emitiria as notas fiscais, pertence à família de Edvaldo Simplício da Silva.

Os documentos simulariam a prestação do serviço de consultoria, na verdade nunca realizado. A cobrança de honorários seria firmada na quantia de R$ 200 mil. Porém, para que a negociação fosse adiante, Edvaldo exigiu o pagamento de um sinal no valor de R$ 50 mil, representando uma sinalização de aceite, denunciou a sindicalista.

Em uma carta endereçada ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB), Marli contou que aceitou a proposta, mas não tinha interesse de pagar a propina exigida. Um contrato chegou a ser assinado com a corretora de seguros. O acordo garantia que o processo fosse “paralisado” dentro da secretaria até a regularização das certidões.

No grampo feito por Marli, Medeiros atua na condição de interlocutor de Edvaldo. Segundo ele, o prazo venceria dia 25. Por isso, “o acordo tinha que ser feito até terça-feira e não tinha como esperar até semana que vem”.

As declarações irritaram a sindicalista. “Além de me extorquir, ele (Edvaldo) está me pressionando? Ele traz um processo de R$ 214 mil e ainda bota a faca no meu pescoço? (…) Ele é servidor público. Você sabe que ele não pode fazer esse tipo de coisa. Esse cara está usando o cargo público para me extorquir”, reclama Marli no áudio (confira abaixo).

Busca e apreensão no Buriti
Na manhã de 17 de agosto, a Decap deflagrou uma operação (foto de destaque) para cumprir oito mandados de busca e apreensão na Vice-Governadoria, secretarias no Palácio do Buriti, e em residências de servidores envolvidos. O objetivo foi colher provas sobre as denúncias de um suposto esquema de pagamento de propina no GDF. A operação, em parceria com o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), teve como alvo as pessoas envolvidas nos grampos feitos pela presidente do sindicato.

O objetivo da operação foi apreender documentos, celulares, computadores e outros elementos de prova — como e-mails — de extorsão por parte de servidores públicos.

As primeiras gravações que apontavam para um possível esquema de propina e de desvio de dinheiro na saúde pública do DF vieram à tona em julho deste ano, quando foram divulgadas conversas entre Marli Rodrigues, o vice-governador Renato Santana e o ex-secretário de Saúde Fábio Gondim.

Parte desses diálogos insinua que o governador Rodrigo Rollemberg tinha conhecimento do esquema. Os trechos que citam o socialista foram enviados, no último dia 6, à Procuradoria-Geral da República (PGR). A PGR ficará responsável por definir se os trechos do inquérito trazem indícios suficientes para que se abra uma investigação sobre o governador.

  do Portal Metrópoles

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