9 de dez. de 2016

'Povo ainda vai voltar a sentir orgulho de ser brasileiro', diz Lula

Foto Joaquim Dantas/Arquivo
Em Heliópolis, o ex-presidente criticou a agenda do Planalto e se disse desapontado com o ministro Henrique Meirelles. "Ele sabe que do jeito que está fazendo não vai consertar nada"
por Redação RBA

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou hoje (9) do Congresso da União dos Núcleos, Associações de Moradores de Heliópolis e Região (Unas), no CEU Parque Bristol, na zona sul da capital paulista. Lula discursou sobre a atual conjuntura política do país e a agenda do presidente Michel Temer (PMDB). “Existe um motivo para bater panela, aliás, motivo para bater a cabeça na parede”, afirmou.

“Parece que o sujeito que redigiu a regulamentação do trabalho escravo é que está sugerindo essa reforma da Previdência”, disse sobre a proposta do Planalto que dificulta o acesso à aposentadoria dos brasileiros ao estabelecer uma idade mínima de 65 anos para homens e mulheres acessarem o benefício, bem como 49 anos de contribuição para poder receber o teto.

Lula lamentou o apoio do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que está liderando posições de austeridade como a reforma da Previdência e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que congela os investimentos da União ao teto da inflação do ano anterior por 20 anos em áreas como saúde e educação. “Eu fico até chateado com o Meirelles, porque ele sabe”, disse sobre o ministro que também integrou sua equipe. “Ele sabe que do jeito que ele está fazendo não vai consertar nada. Pode até agradar os bancos, mas não vai consertar a economia”, disse.

O problema, de acordo com o ex-presidente, é a situação que a agenda Temer está criando para as camadas mais pobres da sociedade. “Os pobres não têm sindicato, não têm dinheiro para fazer protesto, ninguém que os represente. Essas pessoas sabiam que quando nascia seu filho, ele estava predestinado a ter o ensino fundamental e só. Nunca a elite deste país se preocupou com o ensino superior para os mais pobres”, acrescentou Lula.

“Quem nasceu na cidade não faz ideia da enorme conquista que foi levar energia para 15 milhões de pessoas deste país. Quem chamava o Bolsa Família de bolsa esmola não tem o menor conhecimento do povo pobre, que não vai se contentar com viver com 100, 150 reais por mês”, afirmou Lula. Para o ex-presidente, a ascensão da direita e o ódio à esquerda não é divergência política. "Na minha opinião, o ódio contra o PT, contra Lula, contra Dilma não tem outra razão a não ser o que foi feito neste país nesses 12 anos”, afirmou.

Por fim, Lula afirmou que a saída para o país é investir nos mais pobres, colocar essas camadas no orçamento, assim, incentivando o crescimento. “Esse povo ainda vai voltar a sentir orgulho de ser brasileiro”, finalizou.

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