Quem usa pistola: ela, o pistoleiro do patrão ou a Justissa?
A Justissa considera Margarida uma quadrilheira!
Margarida é agricultora. Veio pra Rondônia atrás de um pedaço de terra. Achou terras devolutas e ocupou um pedaço, com mais 52 famílias. Viveu lá por 7 anos. Plantou, colheu, criou boi, porcos, galinhas. Nesse meio tempo, as terras de Rondônia valorizaram muito - a soja subia do Mato Grosso e o preço do hectare aumentou quase 30 vezes. Com a área limpa e o preço alto, logo apareceram os antigos donos, que já não tinham mais direitos. Mas, no Norte, direito e dinheiro andam de mãos dadas. O despejo de Margarida não tardou e foi violento. Desesperada e deprimida, sem ter pra onde ir, sofreu dois infartos seguidos de um câncer. Resolveu lutar e voltar a ocupar as terras públicas que eram dela. Foi recebida por pistoleiros do fazendeiro. Os companheiros reagiram e houve conflito, ficando um ferido de cada lado. Na justiça, foi acusada de formação quadrilha e lesão corporal. Pena de 9 anos e 10 meses. Está na penitenciária feminina de Vilhena. Hoje chegou a sua tornozeleira. Margarida continuará na luta. Não desistirá, apesar de tudo. No fim, chorei, chorei e chorei. Não há como não chorar quando a gente encontra pessoas nesse nível de sinceridade. Essa é a lição que a vida me deu hoje. Vamos em frente, ainda temos um país pra construir. #amazoniaocupada
Assinado: Frei da Comissão Pastoral da Terra no Conversa Afiada
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