O desastroso processo de privatização implementado no Brasil na década de 90 teve sérias consequências sociais e econômicas para o País. E isso vem, ano após ano, refletindo na opinião dos brasileiros. Segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha nesta terça-feira (26), 70% dos cidadãos são contra a privatização de empresas públicas.
Por Henrique Teixeira - no STIU/DF
A pesquisa também revela que 67% dos brasileiros entendem que é mais prejudicial privatizar empresas públicas do que benéfico. Esse entendimento predomina em todos os recortes sociais analisados. Seja por região, gênero, escolaridade e preferência partidária.
O diretor do STIU-DF, Wandyr Ferreira, destaca que o único grupo social que aprova as privatizações está na elite brasileira, que na sua totalidade pode pagar pelos serviços que antes eram públicos. Segundo a pesquisa, 55% das pessoas que ganham mais de dez salários mínimos aprovam a venda de estatais.
“O levantamento aponta que só existe uma pequena porção favorável à privatização de estatais. Esse grupo, obviamente, está entre os mais ricos. No geral, a grande maioria da população sabe que ao privatizar empresas públicas se paga mais caro pelo serviço prestado e ainda está sujeito a ter qualidade inferior.”, aponta.
De fato, os mais pobres entendem bem essa realidade. Conforme a pesquisa, entre as pessoas que ganham até três salários mínimos a rejeição a privatização chega a 87%. Nas regiões Norte e Nordeste, onde se concentram a maior parte da população que precisa dos serviços públicos, os índices de rejeição alcançam a marca de 78% e 76%, respectivamente.
No Sudeste, 67% dos cidadãos são contrários a privatização de empresas públicas. Apesar de ser a região com melhores índices de aceitação à ideia, ainda sim apenas 25% se dizem a favor.
A privatização de empresas públicas tem resistência até dos eleitores de partidos que apóiam a venda de estatais. Os que dizem votar no PSDB, por exemplo, partido que promoveu uma série de privatizações na década de 90, apenas 37% aprovam a privatização, sendo que 55% são contrários.
Entre os 6% que aprovam o governo Temer, que também tem promovido uma série de privatizações, metade é contra a privatização de empresas públicas.
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