Para quem tem medo de o PT transformar o Brasil em uma Venezuela, fiquem tranquilos, pois eles não terão essa possibilidade.
Se voltarem ao poder, terão um congresso hostil como nunca, um judiciário inimigo do partido, oposição feroz nas ruas, e mais ainda, os militares à espreita. Qualquer gracinha, caem com uma quartelada.
Bolsonaro, por outro lado, tem muito mais chances de ser nosso Hugo Chávez.
O chavismo só existe e persiste porque foi fruto da ação de uma figura militar carismática que era contra as elites políticas de sua época, o sistema, a corrupção e "tudo o que está aí".
O tenente-coronel Hugo Chávez se levantou contra o sistema corrupto da elite liberal de sua época, e tomou o poder. Com o apoio dos militares e de grande parte da população, consolidou-se na presidência da república.
Chávez sempre contou com a força do exército para garantir o avanço de suas reformas, tais como tornar a Venezuela um regime onde o executivo tem superpoderes em relação ao judiciário, destruindo de vez o sistema de freios e contrapesos, que exige um judiciário forte.
Bolsonaro também, ao seu modo, deseja destruir o sistema de freios e contrapesos. O seu vice Mourão deseja realizar uma nova constituição elaborada por "notáveis".
Você pode dizer que isso são frases de Mourão e Bolsonaro o desautorizou. Mas o próprio candidato a presidência disse que deseja aumentar o número de ministros do STF de 11 para 21.
Isso lhe daria possibilidade de escolher mais 10 ministros, além dos 3 que terá que escolher por causa da aposentadoria de certos ministros nos próximos 4 anos. Ao todo, poderia escolher 13 ministros do STF.
Essa manobra é claramente uma ação para submeter o judiciário, torná-lo dócil ao executivo, e assim, o presidente poderia manipular a corte como quisesse. Tal expediente foi feito no governo o militar.
E ao contrário do PT, Bolsonaro conta com apoio das forças armadas. Poderia fazer suas ações com muito mais tranquilidade, pois a possibilidade de tomar um golpe é quase nula, além de ter os meios de coação aos inimigos.
Hoje, apesar da deterioração social que está acontecendo na Venezuela, Maduro não cai porque os militares estão com ele. Há milícias que fazem o trabalho sujo, intimidando e matando os inimigos do governo.
Lembrando que a família Bolsonaro tem relações bastante suspeitas com as milícias cariocas. Quando os milicianos assassinaram a juíza Patrícia Acioli, conhecida pela sua luta contra os milicianos, o filho de Bolsonaro, Eduardo, saiu em defesa dos assassinos, dizendo que a juíza mereceu por "tratar muito mal as pessoas que ela julgava".
Flávio Bolsonaro já propôs que as milícias fossem legalizadas, em um ato de franco apoio aos pilares do crime organizado.
Há um pouco mais de um ano, quando milicianos foram presos por seus crimes, Eduardo Bolsonaro foi visitar os presos e lhes deu apoio.
E na eleição atual, várias milicias e bicheiros cariocas apoiaram as candidaturas da família Bolsonaro e seus aliados. Isso ajuda a explicar os resultados surpreendentes de Bolsonaro no Rio de Janeiro.
Nesse sentido, se torna simbólico o fato de aliados da família Bolsonaro quebrarem a placa em homenagem à Marielle Franco, notória inimiga dos milicianos, morta em uma situação onde os principais suspeitos são os milicianos. E tal ato foi endossado pela família Bolsonaro, que ironizou a quebra da placa.
Bolsonaro tem um combo de desejo de perpetuação no poder, autoritarismo, intenção de subjugar o judiciário aos seus desígnios, apreço pela ditadura militar e mais ainda, apoio do exército e de muitas milícias.
Oposição será tratada na bala, e a chance de termos um número alto de mortos por fazer oposição no país, como acontece na Venezuela de Chávez e Maduro, é bastante alta.
Portanto, se existe alguém neste momento que tem os mecanismos na mão de "venezuelar" o Brasil, esse alguém é Bolsonaro.
por José Luiz Castro
Nenhum comentário:
Postar um comentário