Por Renan Almeida no Justificando
O rap, assim como o jongo e a capoeira, é uma ferramenta contemporânea de luta, resistência, libertação e ancestralidade. Movimentos estes os quais sua cultura fez negros resistirem.
A escravidão no Brasil foi longa, durou mais de 300 anos. Foi marcada por uma sociedade que não considerava o negro como ser humano, condenando-o à situação de escravizado. Mesmo quando abolida de 1888, a escravidão deixou marcas profundas em nossa sociedade, marcas estas que perduraram no tempo. Essa dominação racial gerou resistência, em razão da dívida histórica e disparidades sociais, culturais e econômicas provenientes do período. E dessa resistência, surgiram diversas expressões que se tornaram ferramentas de libertação.
O jongo, por exemplo, foi uma dessas ferramentas. O jongo foi trazido ao Brasil através dos escravos africanos de origem bantu, vindos do Congo e Angola. Em um terreiro, acendiam uma fogueira, benzia-se os tambores sagrados, organizavam-se em roda e a negra mais idosa improvisava um canto de abertura, onde todos os outros escravos respondiam cantando e batendo palmas. Tornou-se ferramenta de libertação quando muitos jongueiros trocavam os sentidos das palavras, criando um novo vocabulário de mensagens secretas em que protestavam contra a escravidão, passavam informações, zombavam dos patrões, combinavam festas e, acima de tudo, fugas.
Outro exemplo é a capoeira. Capoeira foi uma luta criada por negros trazidos da África, sendo a maior parte deles da Angola. Quando chegavam ao Brasil eram alojados em senzalas, sendo escravizados e submetidos a diversos tipos de violência pelos senhores do engenho. Sendo assim, para se defenderem dos capitães do mato (aqueles que tinham como atribuição capturar escravos fugitivos), começaram a desenvolver a capoeira. Como eram proibidos de praticar qualquer tipo de luta, a música foi usada como maneira de disfarce, sendo assim, seria vista como uma dança. Além disso, acredita-se que a capoeira tinha como objetivo também aliviar o estresse do trabalho e manter as tradições africanas.
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