"Tem coisas na vida que a gente não perde, a gente se livra". Agredida e humilhada: mulher consegue sobreviver a um relacionamento abusivo, se divorcia e comemora. Post viralizou nas redes sociais, mas apesar do momento de alegria houve homens que atacaram a jovem
publicação inusitada de Aline Regina de Freitas Leite, de 24 anos, viralizou nas redes sociais nas últimas semanas. Na postagem, a mulher comemora por ter conseguido o divórcio.
“Fui ali, me divorciei e já voltei!!! Tem coisas na vida que a gente não perde, a gente se livra!!!”, desabafou Aline, que era vítima de um relacionamento abusivo.
Aline cresceu vendo a mãe ser agredida pelo pai, casou-se aos 16 anos, viveu um relacionamento de oito e, nos últimos dois anos, viu a história se repetir, ao ser humilhada, ofendida e agredida pelo marido.
A jovem resolveu se divorciar em março deste ano. Foi o primeiro passo rumo à nova vida de que desfruta hoje e que inclui um emprego de operadora de caixa em um supermercado, com o qual mantém o aluguel da casa onde mora com as duas filhas, além de momentos de diversão, alívio e paz.
A repercussão nas redes sociais foi surpreendente. Embora a maioria das mensagens sejam de felicitações e de relatos comoventes sobre outros relacionamentos violentos, alguns homens entraram no post para atacar Aline. “Garanto que da metade dos bens não quis se livrar”, disse um homem. “Parabéns ao ex-marido, deve estar comemorando em ótimo cabaré”, escreveu outro.
Apanhou grávida
Aline se casou aos 16 anos. Quando engravidou pela primeira vez, ainda não tinha concluído o ensino médio. Até aquele momento, o casamento seguia normal e o companheiro nunca havia dado sinais de que seria uma pessoa violenta. “A gente discutiu e ele meu deu um tapa no rosto e uns empurrões, foi fora do normal. Foi horrível, fiquei abalada, mas ele se desculpou. Acabou passando, voltamos a viver bem.”
Após a primeira agressão, o casamento mudou completamente e os episódios de violência física passaram a ser frequentes. “Eram empurrões, tapas, apertos, puxão no cabelo. Eu vivia roxa, marcada. Cada vez que alguém perguntava sobre as marcas, eu mentia, disfarçava. Nunca gostei de expor minha relação. Quando a gente separou, foi uma surpresa, as pessoas achavam que éramos o casal perfeito”, conta.
“Eu também não denunciava porque tinha pena, sabia que ele teria problemas, era o pai das minhas filhas, achava que não ia fazer mais. Eu perdoava. Minha família só soube depois que me separei”, afirma.
“Não tomava nenhuma atitude por medo. Pensava: ‘Como vou criar as meninas sozinha? Como vai ser? Como vou trabalhar e cuidar delas ao mesmo tempo? Tudo isso me fazia aguentar aquela relação'”, acrescenta.
“Vivo muito melhor hoje do que quando era casada. Eu trabalho, é cansativo, sim, mas tenho dinheiro para pagar meu aluguel. Não tenho mais carro, mas me viro com a minha bicicleta. Minha autoestima foi lá em cima, tudo melhorou para mim”, admite Aline.
Depois de ter saído de casa, Aline chegou a ser agredida mais uma vez. O ex-marido deu um soco no braço dela. Mas, pela primeira vez, a jovem registrou um boletim de ocorrência e conseguiu uma medida protetiva contra ele pela Lei Maria da Penha.
fonte Pragmatismo Político
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