Todos os dias, a Globo coloca sua tropa na rua, em frente às agências da CEF, filmando o povo desesperado furando quarentena, se aglomerado, usando mascaras no queixo, manipulando a máscara com as "mãos imundas".
O não dito da narrativa está mais que dito: estão ali os culpados pela explosão da curva de contaminação.
Hoje, a patrulha chegou ao limite do grotesco, ao expor em rede nacional um homem jovem e negro, cuspindo no chão. O rapaz teve sua imagem exposta, sem autorização, sendo transformado para o país inteiro em tudo que há de errado e sujo nessa pandemia.
A humilhação aconteceu no programa estúdio I, comandado por Maria Beltrão.
Se fosse um homem branco, de classe média alta, com fácil acesso à justiça, a humilhação aconteceria? Sabemos que não.
O moralismo sanitário tá se tornando pretexto para a manifestação do velho preconceito de classe de sempre.
O fato de você, homem e mulher de valores progressistas, não se incomodar com esse tipo de humilhação, diz muito sobre o tamanho da crise que vivemos, uma crise que não é apenas sanitária. Diz muito sobre você também, sobre aquilo que você sempre foi.
Poucas coisas são mais perigosas do que uma classe média apavorada. Vamos de mal a pior.
Rodrigo Pérez Oliveira
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