Bolsonaristas discutem com pai de vítima da Covid-19 durante ato em Copacabana (Montagem) |
Sem máscaras, bolsonaristas agridem e arrancam cruzes fincadas na areia de Copacabana em memória aos mortos pelo coronavírus. Pai de jovem de 25 anos que morreu recoloca: "Respeita a dor dos outros"
Por Plinio Teodoro na Revista Fórum
Um ato realizado nesta quinta-feira (11) pela ONG Rio de Paz na Praia de Coapacana, em memória das milhares de vítimas da Covid-19, foi atacado por um grupo de apoiadores do presidente Jair.
Em vídeo divulgado na internet pela própria organização, um homem aparece arrancando algumas das cem cruzes que foram fincadas na praia, ao lado de covas rasas feitas na areia, representando os milhares de mortos pelo coronavírus. “Não pense que todo mundo é cordeiro, não. Todo mundo já acordou. (inaudível) da esquerda. Ninguém suporta mais isso. Criando terror. Isso é terror. Isso é bobagem”, diz o homem, sem máscara, que caminha pela praia.
Ele, então, é rebatido por um outro homem que finca novamente as cruzes, enquanto diz que um filho morreu com a doença. “Respeita a dor dos outros. É uma manifestação dos outros. Garoto com 25 anos, saudável, morreu e fica essa palhaçada ai. O mesmo direito que você tem pra retirar [as cruzes], eu tenho pra botar”, afirma.
— riodepaz (@riodepaz) June 11, 2020
Em outro vídeo divulgado pela ONG, um idoso com máscara no queiro e empurrando uma bicicleta agride os manifestantes. “Seus merdas. Fala com os governadores, com o do Pará”, diz o homem, enquanto o rapaz que filma tudo narra que “os bolsonaristas chegam ao nosso protesto”.
— riodepaz (@riodepaz) June 11, 2020
Pelo Twitter, Anônio C. Costa, presidente da organização disse que “nunca vivemos em nossa história esse desrespeito à livre expressão do pensamento.
“Fizemos manifestação nos governos Cabral, Pezão, Lula e Dilma, mas jamais fomos objeto de tanto ódio. Graças a esse pai enlutado, que fixou novamente as cruzes, retomamos o ato público”, tuitou.
Nunca vivemos em nossa história esse desrespeito à livre expressão do pensamento.Fizemos manifestação nos governos Cabral, Pezão, Lula e Dilma, mas jamais fomos objeto de tanto ódio.Graças a esse pai enlutado, que fixou novamente as cruzes, retomamos o ato público. https://t.co/TmSHJf3Np6
— Antônio C. Costa 🇧🇷🇵🇹🇪🇺 (@antonioccosta_) June 11, 2020
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