O Gama tem como uma de suas tradições ter uma população politizada pelo fato de manter-se bem informada mas, para tanto, é necessário que existam ferramentas de informações confiáveis e isentas, que tenham compro misso com a verdade e, principalmente, com a manutenção da democracia, não só na cidade, mas em todo o DF e no Brasil.
Do Gama
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho
Entre os inúmeros Blogs, Sites e Jornais que atuam na cidade, destaca-se O canhoto, um jornal que vem se destacando, a cada edição, por promover o diálogo coletivo na abordagem dos temas mais variados e de interesse da cidade.
A edição de número 8, por exemplo, traz temas como "Liberdade: um sonho de quem? Por Jorge de Oliveira", "Rap e as Falhas sociais expostas durante a pandemia de Covid-19, por Velho Banzo" e "Greve Geral dos Estudantes, por Rian Valadares".
CLIQUE AQUI PARA ACESSAR TODO O CONTEÚDO DO JORNAL e abaixo o artigo "Uma Greve pela Vida!" de Juan Ricthelly.
A educação proporciona ferramentas que possibilitam a leitura da realidade, compreendê-la e, a partir disso, transformá-la. 86.508, para a matemática, é um número natural e inteiro.
Se não combinamos a leitura desse número com outros elementos, vai ser apenas isso.
Mas, se o contextualizarmos como a nossa realidade, pensando na pandemia que assola o mundo, saberemos que tal cifra representa a quantidade de mortos pelo Coronavírus no Brasil até as 8 horas do dia 26/07. Daí o número adquire outros sentidos.
Saindo da matemática e recorrendo à biologia, é preciso compreender como um vírus atua, em termos epidemiológicos e fisiológicos, na esperança de que a ciência desenvolva uma vacina, descubra modos de tratamento e estabeleça critérios para o controle do contágio.
Ao comparar a nossa situação com a de outros países, recorremos à geografia e geopolítica, e percebemos que somos a segunda nação em mortes e casos no mundo! Entramos na economia ao notar comércios fechados, de um lado, e a ausência de leis de proteção aos trabalhadores, de outro, resultando em grande impacto na vida de milhões de pessoas. A sociologia ajuda a entender que os mais pobres e vulneráveis são os mais expostos e desamparados nesse contexto, em que o Estado gerido por um psicopata anti-povo generosamente deu 1 trilhão de reais para bancos, enquanto defendeu uma renda de apenas R$200,00 para auxílio emergencial à população. Chegamos na filosofia quando nos vemos diante de intermináveis debates a respeito de qual deve ser a prioridade: preservar a vida ou a economia?
E todas as áreas se entrelaçam, cada uma delas contribui e aporta algo. As artes e a cultura, por exemplo, tão desprezadas e desmerecidas, é o que nos tem dado algum alento (além da crítica) nos dias de isolamento: filmes, séries, lives, músicas e livros. Passar por isso sem essas coisas, seria bem mais difícil.
Este momento vai passar, a humanidade já viveu outras crises, que hoje estudamos nos livros de história. A era das invasões colonialistas e genocidas, a diáspora dos povos sequestrados da África, a Peste, a Gripe Espanhola e as Guerras Imperialistas Mundiais. Às gerações futuras caberá o estudo e a análise dos dias atuais.
Obviamente que, numa crise desse tamanho, é impossível não envolver a política e os seus desdobramentos, tendo em vista que o Estado, por meio do Governo que o administra, tem um papel importante ao lidar com essas situações.
Aliás, o tamanho que a crise alcançou no Brasil é justamente resultado de uma política específica. Não é fruto do acaso, nem deve ser entendida como natural e sem controle.
Um problema coletivo não pode ser lidado de forma individual, pois nós vivemos em sociedade.
Quando um vírus invisível vaga por aí, o que fazemos individualmente impacta na vida de outras pessoas. Essa é a lição do Coronavírus.
Todos nós precisamos agir com responsabilidade e solidariedade. Quando usamos máscaras, higienizamos as mãos, evitamos aglomerações e sair de casa sem necessidade, estamos nos protegendo, protegendo as pessoas que amamos e protegendo desconhecidos. Isso cria uma cadeia coletiva de proteção que foge aos nossos olhos.
O ocupante do Palácio do Planalto e sua equipe estão sendo irresponsáveis e insensíveis ao lidar com a situação. Ignoram a gravidade do problema, saem às ruas promovendo aglomerações, estimulam a quebra do isolamento social e ironiza a morte e a dor do povo que chora seus familiares e amigos: “E daí? Não sou coveiro!”
O Governador Ibaneis Rocha foi pioneiro a tomar medidas preventivas que seguramente tiveram impacto positivo no início da pandemia, mas com o tempo adotou a mesma linha irresponsável do Presidente da República, reabrindo atividades não essenciais que promovem aglomerações e chegando ao absurdo de cogitar a volta presencial às aulas, ignorando o impacto que tal ação teria.
Houve recuo após conversa com o SINPRO-DF, mas não podemos vacilar diante de um político que muda de opinião ao sabor do vento e que, por diversas vezes, demonstrou o seu caráter autoritário. Tampouco podemos vacilar diante do poder de manipulação de um presidente miliciano que ameaça governos locais (daí tantos recuos) com uma Polícia Federal fascistizada e um Ministério Público a
serviço dos grandes interesses econômicos.
Não podemos voltar às aulas enquanto não for seguro, enquanto não houver vacina, enquanto o vírus seguir fazendo suas vítimas, que não são meros números, cifras e estatísticas. Cada um daqueles 86.508 seres humanos que se foram, era a pessoa mais importante do mundo para alguém, como eu e você.
Diante disso, caso o governador volte a insinuar que voltemos às escolas, devemos responder com um sonoro NÃO!
Como pais que queremos o melhor para os nossos filhos!
Como professores e professoras que também têm família e fazem parte do grupo de risco!
Como estudantes com uma vida inteira pela frente e cientes de que absurdos devem ser desobedecidos! A vida é curta demais para ser pequena, meus caros!
Se necessário façamos uma GREVE PELA VIDA, estudantes, professores e pais, juntos podemos passar por isso, fazer a nossa parte e impedir que mais vidas sejam perdidas em razão da irresponsabilidade de políticos a serviço da morte.
Estejamos de prontidão e em estado de alerta para dizer que não voltaremos às escolas enquanto não for seguro, e para exigir que o Estado encontre as soluções necessárias para garantir o acesso de todos os estudantes à educação, o salário dos professores, o auxílio emergencial para quem precisa, a saúde pública e o tratamento para quem adoecer e a vida de todos e todas.
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