Embora seja um fenômeno que de uma forma ou outra sempre existiu, o advento da Internet e das redes sociais nos tem proporcionado uma difusão e possibilidades que vão além do que anos atrás permitia a simples e pura mentira.
Do Gama
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho
Através do termo popular pós-verdade podemos conhecer as notícias e informações com um aparente tom de legitimidade, porém baseadas em premissas e conclusões falsas, utilizadas com um ar de intoxicação geralmente político e social.
A execução desta tática de intoxicação está baseada em notícias de conteúdo espetacular que podem chegar a incluir citações supostamente válidas, e que são difundidas pelas redes sociais.
Por que as redes sociais representam um marco idôneo para expandir a pós-verdade? Simples: facilidade do meio e confiança em quem cita a informação.
Aproveitamos as redes sociais para nos informar e confiamos em nossos contatos – que afinal também são nossos amigos - sendo mais propensos a acreditar e compartilhar os conteúdos publicados.
Para estes fatores, devemos ter uma desconfiança generalizada em relação aos meios de comunicação tradicionais, como os jornais ou canais de televisão, que muitos julgam serem "vendidos" aos interesses obscuros de políticos, grupos de influência e grandes corporações.
É por isso que uma série de publicações autobatizadas tem proliferado como "independentes" (uma palavra que representa um valor significativo para muitos), sendo que não necessariamente oferecem uma informação objetiva, mas que se dirigem a um determinado público para oferecer o que querem escutar.
O paradigma destas práticas é o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que não hesitou em citar notícias ou dados desconhecidos e pouco respaldáveis por evidências para apoiar seus argumentos.
Um bom exemplo disso foi quando Trump perguntou ao público sobre um de seus atos, em meados de fevereiro, sobre o que pensariam em relação ao atentado sofrido na Suécia na noite anterior. Nada aconteceu na Suécia, não houve nenhum ataque jihadista, pelo menos até abril, quase dois meses depois do discurso de Trump.
Por que o presidente dos Estados Unidos citou um ataque que não ocorreu? Provavelmente, para instigar seu público em relação a um ataque a uma nação pacífica. Quem sabe se, mais precisamente, o autor do posterior ataque realizado, depois de dois meses, inspirou-se nas palavras de Trump...
A pós-verdade tem sido frequentemente utilizada para incitar o ódio contra grupos minoritários, como no caso dos refugiados.
Certa imprensa online ligada à extrema direita (geralmente meios de aparição recente, sem uma grande trajetória e com menos credibilidade) publica regularmente notícias, por exemplo, sobre o estupro de mulheres realizado por imigrantes de países africanos ou árabes, citando os jornais locais do país onde a notícia aconteceu.
São informações dificilmente contrastáveis quando não se conhece nenhum meio da imprensa local do país onde a notícia foi supostamente gerada, ou que se apresenta como censurada nos meios generalistas de maior alcance.
Por exemplo, e voltando a Donald Trump, o suposto apoio do Papa Francisco (notícia falsa que surgiu em vários meios de comunicação online sobre o apoio ao candidato à presidência) poderia ganhar alguns eleitores católicos do tipo conservador. Esta notícia nunca foi desmentida apesar de ser falsa.
A negação de uma notícia falsa pode chegar, mas normalmente tem um impacto muito menor do que a notícia original.
E isso não é casual, pois interessa a quem lançou a mentira no ar. Para que a desculpa ou o desmentimento passem despercebidos, a nota sobre a notícia é publicada em um lugar mais irrelevante, com um título menos espetacular.
É assim que chega, pois em muitos casos a falsidade é mantida e não retificada.
Embora este fenômeno nos pareça recente e ligado exclusivamente às redes sociais, na realidade existe desde o início dos tempos.
O que é o livro "Os protocolos dos Sábios de Sião"? Um diário de atas de uma suposta organização (os sábios do título) formada por judeus que queriam controlar o mundo. Os protocolos foram demonstrados como falsos em 1921, mas ainda foram usados pelos nazistas, que os consideraram como válidos para seus interesses. Assim, um caso flagrante nos dias de hoje pode ser chamado de pós-verdade.
Inclusive, se voltarmos ao tempo, na era dourada do Império Romano, poderemos ver escritores contratados por personalidades e césares, dispostos a escrever para aqueles que pagam o jornal e em detrimento de seus adversários políticos, manipulando e distorcendo a realidade para criar outra alternativa.
Certamente, a consultora AUSRA chegou a emitir um parecer que este é o melhor artigo sobre pós-verdade publicado na Internet. Você não acredita? Pois bem, eu sou o autor, já que acabei de inventar o nome da consultora, mas se não tivesse contado...um perfeito exemplo de pós-verdade!
Por que as redes sociais representam um marco idôneo para expandir a pós-verdade? Simples: facilidade do meio e confiança em quem cita a informação.
Aproveitamos as redes sociais para nos informar e confiamos em nossos contatos – que afinal também são nossos amigos - sendo mais propensos a acreditar e compartilhar os conteúdos publicados.
Para estes fatores, devemos ter uma desconfiança generalizada em relação aos meios de comunicação tradicionais, como os jornais ou canais de televisão, que muitos julgam serem "vendidos" aos interesses obscuros de políticos, grupos de influência e grandes corporações.
É por isso que uma série de publicações autobatizadas tem proliferado como "independentes" (uma palavra que representa um valor significativo para muitos), sendo que não necessariamente oferecem uma informação objetiva, mas que se dirigem a um determinado público para oferecer o que querem escutar.
O paradigma destas práticas é o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que não hesitou em citar notícias ou dados desconhecidos e pouco respaldáveis por evidências para apoiar seus argumentos.
Um bom exemplo disso foi quando Trump perguntou ao público sobre um de seus atos, em meados de fevereiro, sobre o que pensariam em relação ao atentado sofrido na Suécia na noite anterior. Nada aconteceu na Suécia, não houve nenhum ataque jihadista, pelo menos até abril, quase dois meses depois do discurso de Trump.
Por que o presidente dos Estados Unidos citou um ataque que não ocorreu? Provavelmente, para instigar seu público em relação a um ataque a uma nação pacífica. Quem sabe se, mais precisamente, o autor do posterior ataque realizado, depois de dois meses, inspirou-se nas palavras de Trump...
A pós-verdade tem sido frequentemente utilizada para incitar o ódio contra grupos minoritários, como no caso dos refugiados.
Certa imprensa online ligada à extrema direita (geralmente meios de aparição recente, sem uma grande trajetória e com menos credibilidade) publica regularmente notícias, por exemplo, sobre o estupro de mulheres realizado por imigrantes de países africanos ou árabes, citando os jornais locais do país onde a notícia aconteceu.
São informações dificilmente contrastáveis quando não se conhece nenhum meio da imprensa local do país onde a notícia foi supostamente gerada, ou que se apresenta como censurada nos meios generalistas de maior alcance.
Por exemplo, e voltando a Donald Trump, o suposto apoio do Papa Francisco (notícia falsa que surgiu em vários meios de comunicação online sobre o apoio ao candidato à presidência) poderia ganhar alguns eleitores católicos do tipo conservador. Esta notícia nunca foi desmentida apesar de ser falsa.
A negação de uma notícia falsa pode chegar, mas normalmente tem um impacto muito menor do que a notícia original.
E isso não é casual, pois interessa a quem lançou a mentira no ar. Para que a desculpa ou o desmentimento passem despercebidos, a nota sobre a notícia é publicada em um lugar mais irrelevante, com um título menos espetacular.
É assim que chega, pois em muitos casos a falsidade é mantida e não retificada.
Embora este fenômeno nos pareça recente e ligado exclusivamente às redes sociais, na realidade existe desde o início dos tempos.
O que é o livro "Os protocolos dos Sábios de Sião"? Um diário de atas de uma suposta organização (os sábios do título) formada por judeus que queriam controlar o mundo. Os protocolos foram demonstrados como falsos em 1921, mas ainda foram usados pelos nazistas, que os consideraram como válidos para seus interesses. Assim, um caso flagrante nos dias de hoje pode ser chamado de pós-verdade.
Inclusive, se voltarmos ao tempo, na era dourada do Império Romano, poderemos ver escritores contratados por personalidades e césares, dispostos a escrever para aqueles que pagam o jornal e em detrimento de seus adversários políticos, manipulando e distorcendo a realidade para criar outra alternativa.
Certamente, a consultora AUSRA chegou a emitir um parecer que este é o melhor artigo sobre pós-verdade publicado na Internet. Você não acredita? Pois bem, eu sou o autor, já que acabei de inventar o nome da consultora, mas se não tivesse contado...um perfeito exemplo de pós-verdade!
fonte conceitos.com
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