29 de mar. de 2012

OS ÍNDIOS EM PERNAMBUCO


ÍNDIOS EM PERNAMBUCO 
Lúcia Gaspar
Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
Quando os primeiros europeus chegaram ao território brasileiro, no início do século XVI, vários grupos indígenas ocupavam a região Nordeste. No litoral, predominavam as tribos do tronco linguístico tupi, como os Tupinambás,Tabajaras e os Caetés, os mais temíveis. No interior, habitavam grupos dos troncos linguísticos Jê, genericamente denominados Tapuias.
Como em outras regiões brasileiras, a ocupação do território em Pernambuco começou pelo litoral, nas terras apropriadas para a agroindústria do açúcar, onde os indígenas eram utilizados pelos portugueses como mão-de-obra escrava nos engenhos e nas lavouras, especialmente por parte daqueles que não dispunham de capital suficiente para comprar escravos africanos.
Após um período de paz aparente, os índios reagiram a esse regime de trabalho através de hostilidades, assaltos e devastações de engenhos e propriedades, realizados principalmente pelos Caetés, que ocupavam a costa de Pernambuco.
A guerra e a perseguição dos portugueses tornaram-se sistemáticas, fazendo com que os índios sobreviventes tivessem que emigrar para longe da costa. Porém, a criação de gado levou os colonizadores a ocupar terras no interior do Estado, continuando assim a haver conflitos.
As relações entre os criadores de gado e os índios, no entanto, eram bem menos hostis do que com os senhores de engenho, mas a sobrevivência das tribos, que não se refugiavam em locais remotos, só era possível quando atendia aos interesses dos criadores e não era assegurada aos indígenas a posse de suas terras.
Durante os dois primeiros séculos do Brasil Colônia, as missões religiosas jesuíticas eram a única forma de proteção com que os índios contavam. Com a expulsão dos jesuítas, em 1759, os aldeamentos permaneceram sob a orientação de outras ordens religiosas, sendo entregues, posteriormente, a órgãos especiais, porém as explorações e injustiças contra o povo indígena continuaram acontecendo.
Sabe-se, através de algumas fontes, que nos séculos XVIII e XIX uma quantidade indeterminada de índios foi aldeada no território pernambucano, mas aparentemente não há registros de sua procedência.
Existiam os aldeamentos dos Garanhuns, próximo à cidade do mesmo nome; dos Carapatós, Carnijós ou Fulni-ô, em Águas Belas; dos Xucurus, em Cimbres; dos Argus, espalhados da serra do Araripe até o rio São Francisco; dosCaraíbas, em Boa Vista; do Limoeiro na atual cidade do mesmo nome; as aldeias de Arataqui, Barreiros ou Umã, Escada, da tribo Arapoá-Assu, nas margens dos rios Jaboatão e Gurjaú; a aldeia do Brejo dos Padres, dos índios Pankaru ouPankararu; aldeamentos em Taquaritinga, Brejo da Madre de Deus, Caruaru e Gravatá.
No século XIX, a região do atual município de Floresta e diversas ilhas do rio São Francisco se destacavam pelo grande número de aldeias, onde habitavam os índios Pipiães, Avis, Xocós, Carateus, Vouvês, Tuxás, Aracapás, Caripós, Brancararus e Tamaqueús.
O desaparecimento da maioria das tribos deve-se às diversas formas de alienação de terras indígenas no Nordeste ou da resolução do Governo de extinguir os aldeamentos existentes.
Dos grupos que povoaram Pernambuco, salvo alguns sobreviventes, pouco se sabe. O fato dos índios não possuírem uma linguagem escrita, dificultou muito a transmissão das informações.
Existem legalmente em Pernambuco, sete grupos indígenas: os Fulni-ô, em Águas Belas; os Pankararu, nos municípios de Petrolândia e Tacaratu; os Xucuru, em Pesqueira; os Kambiwá, em Ibimirim, Inajá e Floresta; os Kapinawá, em Buíque os Atikum, em Carnaubeira da Penha e os Truká, em Cabrobó. Essestrês últimos grupos foram identificados mais recentemente.
Após terem passado por uma série de mudanças ambientais e culturais, esses índios conseguiram sobreviver e, apesar de terem estabelecido contato com os não-índios, alguns ainda conservam, ainda que precariamente, traços da sua tradição.
Todos se auto-identificam como indígenas e pouco se diferenciam uns dos outros racial ou culturalmente. Devido à forte miscigenação com brancos e negros, a sua aparência física perdeu a identidade.
São índios aculturados, mas que mantêm sua sociedade à parte. As tradicionais figuras do cacique e do pajé, ainda sobrevivem em todos os grupos, assim como o toré é dançado em todas as comunidades, não apenas como divertimento, mas também na transmissão de traços culturais. Com exceção dos Fulni-ô, nenhum dos grupos conservou o idioma tribal.
O índio teve uma grande influência na formação étnica, na cultura, nos costumes e na língua portuguesa falada no Brasil. Em Pernambuco, palavras como Gravatá, Caruaru, Garanhuns e bairros do Recife com Parnamirim e Capunga, estão associados a antigos locais de moradia indígena.
Atualmente, os principais problemas enfrentados pelos grupos indígenas pernambucanos são os conflitos entre facções rivais da tribo Xucuru; a influência do tráfico de drogas entre os Truká e a invasão de terras pertencentes aos Fulni-ô.
Pernambuco é o quarto Estado do Brasil em número de indígenas.

Fonte:http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=649

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