14 de set. de 2012

Série: Religiões - UDV, Umbanda e Terreiro Xambá

De Brasília
Joaquim Dantas
Isabel Sanchez
Do Blog do Arretadinho

O Blog do Arretadinho está divulgando uma série de postagens sobre religiões. O objetivo é retratar a diversidade religiosa em nosso país de maneira respeitosa e imparcial, não temos a intenção de afirmar ou mesmo sugerir que existe "certo" e "errado" quando se fala de religião, desmistificando a máxima criada pela ditadura militar que "Política, Religião e Futebol não se discute," pensamos exatamente o contrário: Só na diversidade de opiniões é que ocorre o verdadeiro crescimento intelectual. Publicamos agora quem são a UDV, Umbanda e Terreiro Xambá.
Bom proveito.


Série: Religiões - União do Vegetal

A UNIÃO DO VEGETAL é, antes de tudo, a união de duas plantas da Floresta Amazônica: o Mariri (Banisteriopsis caapi) e a Chacrona (Psicotria viridis) que compõem um chá misterioso denominado "Oaska", utilizado exclusivamente em rituais religiosos. E é, além disso, o nome da Ordem Religiosa milenar que o distribui, a qual é também conhecida pelos seus adeptos como a Irmandade da Rosa. 
O objetivo da União do Vegetal (UDV) é livrar a humanidade da ilusão, ensinando o homem a se conduzir sobre a Terra; e nesse sentido o chá se revela como um instrumento poderoso na medida que proporciona a cada um que o comunga o autoconhecimento e a regeneração espiritual. E isso ocorre através de um processo contínuo de reconhecimento dos próprios erros e de auto-superação. Com a Oaska o homem se recorda das verdades existenciais que estão gravadas dentro de si e de sua aliança com o sagrado, e essas revelações o estimulam a realizar todas as transformações necessárias para evoluir espiritualmente. 
A Sede Geral do Centro Espiritual Beneficente União do Vegetal, cujo Mestre Geral Representante éJoaquim José de Andrade Neto é situada na cidade de Campinas, SP, Brasil (a 100 Km da cidade de São Paulo).

E além da Sede Geral que se situa no distrito de Barão Geraldo, em que os discípulos são atendidos em dois templos, conta ainda com três áreas rurais. Uma delas é a Fazenda Rei Salomão, em Mato Grosso, com 500 hectares, e outras duas se situam na região de Campinas, uma das quais no bairro Tozan, onde se encontra a Irmandade da Rosa, e a outra numa montanha no subdistrito de Joaquim Egídio (a 20 km de Campinas), com 25 hectares. Todas as áreas já contam com a infra-estrutura necessária.
Nesses locais, os discípulos têm a oportunidade de colocar em prática os ensinamentos recebidos do Mestre através de trabalho físico, intelectual e espiritual. A disciplina é desenvolvida em todos os sentidos, procurando-se aperfeiçoar o comportamento através da assiduidade, da pontualidade e da capacidade de cumprimento da própria palavra, entre outras virtudes.
As atividades desenvolvidas permitem que os mais jovens descubram suas aptidões profissionais, dado que as ocupações podem abranger áreas diversas como a agricultura, a horticultura, a construção civil, o paisagismo, e a informática, entre outras. Todos aprendem a trabalhar respeitando a natureza e procurando fazer um bom proveito dos seus recursos. Nos núcleos o Mestre organiza atividades que fazem parte de um contínuo processo de aprendizagem espiritual, trazendo a todos o verdadeiro autoconhecimento. E assim, ele vem permanentemente orientando e conduzindo seus discípulos a uma compreensão cada vez maior da verdade.

Por União do Vegetal

Série: Religiões - Umbanda

A Umbanda tem origens variadas (dependendo da vertente que a pratica).

Em meio as festas nas senzalas os negros escravos comemoravam os Orixás por meio dos Santos Católicos. Nessas festas eles incorporavam seus Orixás, mas também começaram a incorporar os espíritos ditos ancestrais, como os Pretos-Velhos ou Pais Velhos (espíritos de ancestrais, sejam de antigos Babalaôs, Babalorixás, Yalorixás e antigos "Pais e Mães de Senzala": escravos mais velhos que sobreviveram à senzala e que, em vida, eram conselheiros e sabiam as antigas artes da religião da distante África), que iniciaram a ajuda espiritual e o alívio do sofrimento material daqueles que estavam no cativeiro.
Embora houvesse uma certa resistência por parte de alguns, pois consideravam os espíritos incorporados dos Pretos-Velhos como Eguns (espírito de pessoas que já morreram e não são cultuados no candomblé), também houve admiração e devoção.
Com os escravos foragidos, forros e libertados pelas leis do Ventre Livre, Sexagenário e posteriormente a Lei Áurea, começou-se a montagem das tendas, posteriormente terreiros.
Em alguns Candomblés também começaram a incorporar Caboclos (índios das terras brasileiras como Pajés e Caciques) que foram elevados à categoria de ancestral e passaram a ser louvados. O exemplo disso são os ditos "Candomblés de Caboclo". Muito comuns no norte e nordeste do Brasil até hoje.
No início do sec. XX com o surgimento da Umbanda, esta que muitas vezes era realizada nas praias começou a ser conhecida pelo termo macumba, pois macumba nada mais é que um determinado tipo de madeira usada para produzir o atabaque usado durante as giras; por ser um instrumento musical, as pessoas referiam-se da seguinte forma: "Estão batendo a macumba na praia", ficando então conhecidas as giras como macumbas ou culto Omoloko. Com o passar do tempo, tudo que envolvia algo que não se enquadrava nos ensinamentos impostos pelo catolicismo, protestantismo, judaísmo, etc, era considerado macumba. Com isso, acabou por virar um termo pejorativo.
A mais antiga referência literária e denotativa ao termo Umbanda é de Heli Chaterlain, Contos Populares de Angola, de 1889. Lá aparece a referência à palavra Umbanda.
Umbanda: A origem do vocábulo está na raiz sânscrita AUM que, na definição de Helena Petrovna Blavatsky, em seu Glossário Teosófico, significa a sílaba sagrada; a unidade de três letras; daí a trindade em um. É uma sílaba composta pelas letras A, U e M (das quais as duas primeiras combinam-se para formar a vogal composta O). É a sílaba mística, emblema da divindade, ou seja, a Trindade na Unidade (sendo que o A representa o nome de Vishnu; U, o nome de Shiva, e M, o de Brahmâ); é o mistério dos mistérios; o nome místico da divindade, a palavra mais sagrada de todas na Índia, a expressão laudatória ou glorificadora com que começam os Vedas e todos os livros sagrados ou místicos. Já a palavra Bandha, também de origem sânscrita, no mesmo glossário significa laço, ligadura, sujeição, escravidão. A vida nesta terra. Assim, analisando as duas palavras, podemos definir a Umbanda como sendo o elo de ligação entre os planos divino e terreno. Infelizmente, na época da revelação da Umbanda em terras brasileiras, não houve a preocupação em se manter a integridade do vocábulo. A palavra mântrica Aumbandha foi sendo passada de boca a ouvido e chega até nós como Umbanda.
Com o passar do tempo as pessoas foram agregando metodologias, vocábulos e detalhes de praticas provindas de outras religiões como candomblé, por exemplo. Esta fusão vem distanciando a verdadeira Umbanda dos seus fundamentos iniciais. Hoje ouve-se falar de Umbandomble (mistura de umbanda com candomblé) e outras "umbandas" como descrito abaixo, mas a verdadeira Umbanda, aquela nascida no Brasil em 1908 ainda continua sendo praticada em muitos terreiros e em casas nesse pais.
A incorporação de guias também ocorreu em outras religiões como no Candomblé de Caboclos ( desde de 1865 - as primeiras manifestações de Caboclos, Boiadeiros, Marinheiros, Crianças e Pretos-velhos aconteceram dentro do Candomblé de Caboclos ), no Catimbó e no Espiritismo.
Uma das versões mais aceitas popularmente, mas não cientificamente, pois não existe documentação da época para corroborá-la, é a sobre o médium Zélio Fernandino de Moraes.
Diz essa versão que Zélio, em 15 de novembro de 1908, acometido de doença misteriosa  teria sido levado a Federação Espírita de Niterói e, em determinado momento das trabalhos da sessão Espírita manifestaram-se em Zélio espíritos que diziam ser de índio e escravo. O dirigente da Mesa pediu que se retirassem, por acreditar que não passavam de espíritos atrasados (sem doutrina). Mais tarde, naquela noite, os espíritos se nomearam como Caboclo das 7 Encruzilhadas e Pai Antônio.
Devido a hostilidade e a forma como foram tratados (como espíritos atrasados por se manifestarem como índio e um negro escravo). Essas entidades resolveram iniciar uma nova forma de culto, em que qualquer espírito pudesse trabalhar.
No dia seguinte, dia 16 de novembro, as entidades começaram a atender na residência de Zélio todos àqueles que necessitavam, e, posteriormente, fundaram a Tenda espírita Nossa Senhora da Piedade.
Essa nova forma de religião inicialmente foi chamada de Alabanda, mas acabou tomando o nome de Umbanda. Uma religião sem preconceitos que acolheria a todos que a procurassem: encarnados e desencarnados, em todas bandas.
Zélio foi o precursor de um "trabalho Umbandista Básico" (voltado à caridade assistencial, sem cobrança e sem fazer o mal e priorizando o bem), uma forma "básica de culto" (muito simples), mas aberta à junção das formas já existentes (ao próprio Candomblé nos cultos Nagôs e Bantos, que deram origem às religiões mais africanas - Umbanda Omoloko, Umbanda de pretos-velhos-; ou aquelas formas mais vinculadas à Doutrina Espírita - Umbanda Branca-; ou aquelas formas oriundas da Pajelança do índio brasileiro - Umbanda de Caboclo -; ou mesmo formas mescladas com o esoterismo de Papus - Gérard Anaclet Vincent Encausse -, esoterismo teosófico de Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), de Joseph Alexandre Saint-Yves d´Alveydre - Umbanda Esotérica, Umbanda Iniciática, entre outras) que foram se mesclando e originando diversas correntes ou ramificações da Umbanda com suas próprias doutrinas, ritos, preceitos, cultura e características próprias dentro ou inerentes à prática de seus fundamentos.
Hoje temos várias religiões com o nome "Umbanda" ( Linhas Doutrinárias ) que guardam raízes muito fortes das bases iniciais, e outras, que se absorveram características de outras religiões, mas que mantém a mesma essência nos objetivos de prestar a caridade, com humildade, respeito e fé.

Alguns exemplos dessas ramificações são:

Umbanda Popular - Que era praticada antes de Zélio e conhecida como Macumbas ou Candomblés de Caboclos; onde podemos encontrar um forte sincretismo - Santos Católicos associados aos Orixas Africanos;
Umbanda tradicional - Oriunda de Zélio Fernandino de Moraes;
Umbanda Branca e/ou de Mesa - Nesse tipo de Umbanda, em grande parte, não encontramos elementos Africanos - Orixás -, nem o trabalho dos Exus e Pomba-giras, ou a utilização de elementos como atabaques, fumo, imagens e bebidas. Essa linha doutrinaria se prende mais ao trabalho de guias como caboclos, pretos-velhos e crianças. Também podemos encontrar a utilização de livros espíritas como fonte doutrinária;
Umbanda Omolokô - Trazida da África pelo Tatá Trancredo da Silva Pinto. Onde encontramos um misto entre o culto dos Orixás e o trabalho direcionado dos Guias;
Umbanda Traçada ou Umbandomblé - Onde existe uma diferenciação entre Umbanda e Candomblé, mas o mesmo sacerdote ora vira para a Umbanda, ora vira para o candomblé em sessoes diferenciadas. Não é feito tudo ao mesmo tempo. As sessões são feitas em dias e horários diferentes;
Umbanda Esotérica - É diferenciada entre alguns segmentos oriundos de Oliveira Magno, Emanuel Zespo e o W. W. da Matta (Mestre Yapacany), em que intitulam a Umbanda como a Aumbhandan: "conjunto de leis divinas";
Umbanda Iniciática - É derivada da Umbanda Esotérica e foi fundamentada pelo Mestre Rivas Neto (Escola de Síntese conduzida por Yamunisiddha Arhapiagha), onde há a busca de uma convergência doutrinária (sete ritos), e o alcance do Ombhandhum, o Ponto de Convergência e Síntese. Existe uma grande influência Oriental, principalmente em termos de mantras indianos e utilização do sanscrito;
Umbanda de Caboclo - influência do cultura indígina brasileira com seu foco principal nos guias conhecidos como "Caboclos";
Umbanda de pretos-velhos - influência da cultura Africana, onde podemos encontrar elementos sincréticos, o culto aos Orixás, e onde o comando e feito pelos pretos-velhos;
Outras formas existem, mas não têm uma denominação apropriada. Se diferenciam das outras formas de Umbanda por diversos aspectos peculiares, mas que ainda não foram classificadas com um adjetivo apropriado para ser colocado depois da palavra Umbanda.

Conceitos Básicos

A Umbanda é um sistema de conhecimento baseado na apreensão sintética da Filosofia, da Ciência, da Arte e da Religião.
A Umbanda é estruturada, moralmente, em 3 princípios: fraternidade, caridade e respeito ao próximo.
Admite um deus gerador chamado (Olorun), que é o criador de tudo e todos. Seus adeptos (chamados também de "umbandistas" ou "filhos de fé") cultual divindades denominadas Orixás e reverenciam espíritos chamados Guias.
Sua orientação espiritual ou doutrinária é feita elos Guias - espíritos que atuam na Umbanda sob uma determinada linha de trabalho que, por sua vez, está ligada diretamente a um determinado Orixá. Os guias têm sapiência e consciência da natureza humana e os atributos para que essa humanidade possa evoluir e seguir por um caminho melhor.
Os guias se manifestam através da mediunidade dos médiuns, sendo a prática da incorporação a matriz do trabalho deles - ato pelo qual uma pessoa médium, inconsciente  consciente ou semi-consciente, permite que espíritos falem através de seu corpo físico e mental.
Os guias possuem diversos arquétipos pelos quais se apresentam através da incorporação. Cada arquétipo está ligado a uma determinada Linha Espiritual. Como exemplos desses arquétipos podemos citar: - os Pretos Velhos; - os Caboclos; - os Baianos; - os Boiadeiros; - os Erês ou Ibejis (Crianças); - os Exus e Pombo-giras, entre outros.
Os arquétipos são roupagens utilizadas pelos guias para se apresentarem nos terreiros e não espíritos que, necessariamente, tenham sido escravos, índios ou crianças, embora existam aqueles que realmente o foram.
Cada terreiro ou conglomerado de terreiros têm a sua forma de interpretar e manifestar a Religião de Umbanda. São diversos ritos que diferem de casa para casa. Alguns utilizam atabaques, já outros, não utilizam tais instrumentos, preferindo somente o ritmo das palmas e o cântico dos pontos cantados..
De maneira geral, toda gira de Umbanda inicia-se como o processo de defumação - elemento característico de quase todas as giras - que consiste na queima de ervas e essenciais, com a finalidade de limpeza da matéria e do espírito, e do ambiente do terreiro antes do início da sessão e do trabalho das entidades que ali estarão. Normalmente as giras se iniciam com os pontos cantados, defumação e a incorporação.
As giras variam de casa para casa e podem ser de atendimento e/ou de desenvolvimento, específicas para cada grupamento de entidades, ou seja, gira de pretos-velhos, de caboclos, de crianças etc.
Nas giras de atendimento os médiuns incorporados pelos seus guias (pretos-velhos, caboclos, crianças etc), procedem ao atendimento espiritual ao público, em que todos são convidados a se consultarem com um guia e/ou a tomar um "passe".
Nas giras desenvolvimento, os médiuns da casa são desenvolvidos pelos guia chefe da casa ou por outros guias mais experientes, para o trabalho espiritual. O desenvolvimento (que também varia de casa para casa) consiste em "chamar" o guia do médium e "firmálo" nesse médium até que ele, o guia, possa incorporar sem a necessidade da ajuda de um guia mais experiente. Durante o processo de desenvolvimento, os médiuns passam por diversos rituais, como: amacis, boris, deitadas etc. Os quais são fundamentados e variantes para cada forma de Umbanda existente.

Sincretismo
Os negros nas senzalas cantavam e dançavam em louvor aos Orixás, entretanto seus senhores não gostavam, e tentavam convertê-los a fé cristã. Aqueles que não se convertiam eram cruelmente castigados. Foi então que nasceu o sincretismo em que os negros africanos associaram os Orixás aos santos católicos de seus senhores. Embora aos olhos dos brancos eles estavam comemorando os santos católicos, na verdade estavam cultuando seus amados Orixás.

Por Umbandaime


Série: Religiões - Terreiro Xambá

História do Terreiro Xambá

Diversos autores apontam o povo Xambá ou Tchambá, como povos que habitavam a região ao norte dos Ashanti e limites da Nigéria com Camarões, nos montes Adamaua, vale do rio Benué. Existem várias famílias com esse nome, nos Camarões, tendo inclusive participado nas lutas pela independência daquele país.

Mãe Biu - Segunda yalorixá da Nação Xambá. 
Guerreira pelas tradições Afrodescendentes

No início da década de 1920, o Babalorixá Artur Rosendo Pereira, fugindo da repressão policial às casas de culto Afro-brasileiro, deixa Maceió e passa a morar no Recife. Na capital de Pernambuco, na Rua da Regeneração, no bairro de Água Fria, por volta de 1923, reinicia suas atividades de zelador dos Orixás, segundo os rituais e tradições da Nação Xambá, cujos axés foi buscar na Costa da África, onde permaneceu pôr quatro anos, aprendendo com “Tio Antônio, que vendia panelas no mercado de Dakar, no Senegal”, segundo René Ribeiro. Artur Rosendo iniciou muitos filhos de santo e vários deles abriram terreiro posteriormente. Dentre esses filhos, Maria das Dores da Silva (Maria Oyá), que fez sua iniciação em 1927. Em fevereiro de 1928, Maria Oyá começa a cultuar os Orixás, na Rua do Limão, em Campo Grande , tendo Artur Rosendo como Babalorixá e Iracema (Cema), como Yalorixá, inaugurando seu terreiro em 7 de junho de 1930.

No dia 13 de dezembro de 1932, Maria Oyá termina sua iniciação, com o recebimento das folhas, faca e espada. Ao meio dia, realizou-se o ritual de coroação de Oyá no trono, cerimônia tocante e belíssima, repetida anualmente, pôr Mãe Biu, sucessora de Maria Oyá.

Violenta repressão policial fecha o terreiro em 1938, que manteve o culto aos Orixás, à portas fechadas. Em 1939, falece Maria Oyá. Em 16 de junho de 1950, Mãe Biu (filha de Ogum e Oyá), reabre seu terreiro na estrada do Cumbe, 1012, Santa Clara – Recife, tendo como Babalorixá Manoel Mariano da Silva e Yalorixá Dona Eudóxia, Padrinho Luiz da Guia e Madrinha Dona Severina, esposa de Manoel Mariano. Em 07 de abril de 1951, muda-se para o atual endereço, na antiga Rua Albino Neves de Andrade, hoje Severina Paraíso da Silva, nº 65, no Portão do Gelo, São Benedito – Olinda.

Após 54 anos dirigindo sua casa e mantendo as tradições e rituais da Nação Xambá, Mãe Biu falece aos 78 anos, no dia 27 de janeiro de 1993. Donatila Paraíso do Nascimento, Mãe Tila, iniciada em 1932 por Artur Rosendo, Mãe-pequena da casa desde 1933, sucede Mãe Biu como Yalorixá, tendo como Babalorixá, seu sobrinho (filho de Mãe Biu), Adeildo Paraíso da Silva (Ivo), que continuam preservando as tradições do Terreiro Xambá.

Ao contrário do que afirmam Olga Caciatore e Reginaldo Prandi, o Culto Africano da Nação Xambá, está longe da extinção, pois o Terreiro do Portão do Gelo, em Olinda, mantém-se há mais 70 anos, vivo e atuante, preservando seus ritos e tradições religiosas, que se distinguem das casas de tradição Nagô do Recife. É verdade que, após o falecimento do Babalorixá Arthur Rozendo em 1950, a maioria das Casas Xambá de Pernambuco fundiram-se com as da Nação Nagô, excetuando-se a fundada por Maria Oyá, o axé de Oyá Dopé.

Por Xamba

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