26 de out. de 2012

Orelhões instalados em matagal no RS


Orelhões são instalados em meio a matagal e junto a cemitério em Passa Sete

Por Zero Hora
Vanessa Kannenberg

Para cumprir metas da Anatel, operadora mais que quadruplicou número de telefones públicos na cidade

A instalação de nove orelhões em meio a um matagal, um ao lado do outro, e de outros dois em frente a um cemitério de Passa Sete surpreendeu os moradores do município de 5,1 mil habitantes no Vale do Rio Pardo (RS). Há cerca de um mês, a Oi instalou 16 novos orelhões na cidade. Antes, só havia quatro. O motivo seria a necessidade de cumprir exigências da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Nesta semana, a prefeitura resolveu pedir explicações, mas ainda não obteve resposta da operadora. O fato que mais causa indignação entre os moradores é o aglomerado dos nove telefones públicos distribuídos em três ilhas, em um terreno atrás da sede da prefeitura, bem ao lado de uma antena de telefonia. É preciso percorrer cerca de 200 metros em meio a capim para fazer ligações. O local é cercado por lavouras de pastagem e soja e, na rua em frente à prefeitura, a casa mais próxima fica a aproximadamente 300 metros.
Além destes nove, a operadora instalou dois orelhões em frente a um dos cemitérios da cidade, onde antes já havia dois. Outros três foram colocados em frente a uma loja de roupas, onde já tinha um. Também foi instalado um novo aparelho ao lado de outro existente em frente à prefeitura.
Conforme o prefeito Bertino Rech, o Executivo não foi acionado pela operadora para saber quais os locais mais adequados para receber os telefones, como, por exemplo, o posto de saúde e os bancos da cidade. Na quinta-feira, explica Rech, um funcionário da empresa foi até o local após as reclamações, mas não esclareceu as dúvidas do município. Também não houve, de acordo com o prefeito, pedido de autorização para instalar os nove telefones no terreno da prefeitura.
— É um local de difícil acesso, fica escondido pelo prédio da prefeitura e no mato nem sabemos se não tem animais peçonhentos. É uma falta de respeito com os moradores — afirmou Rech.
Além do aglomerado de telefones e dos locais inusitados e de difícil acesso, outro fato revolta os moradores: dos atuais 20 orelhões que a cidade possui apenas cinco estavam funcionando nesta sexta-feira. Outro problema é que nenhum deles oferece ligação gratuita, conforme determinação da Anatel à Oi para 105 municípios gaúchos, incluindo Passa Sete. A decisão foi motivada, segundo a agência, devido à precariedade do serviço oferecido pela operadora.
As chamadas locais para telefones fixos sem cobrança deveriam estar sendo oferecidas desde agosto. A Anatel também reitera que os municípios devem ter quatro aparelhos a cada mil habitantes, o que justificaria a instalação dos 15 novos aparelhos em Passa Sete.
— Parece que a empresa quis se livrar logo dos orelhões que faltavam e, por isso, os colocou onde já tinham outros e o restante nos fundo da prefeitura, de qualquer jeito – afirma o prefeito.
A Anatel ainda observa que a regulamentação de telefonia tem critérios para a instalação de orelhões e que "está acompanhando o cumprimento das metas e tomará as medidas cabíveis em caso de descumprimento". 
Sem gratuidade nas ligações, os moradores têm viajado à cidade vizinha Sobradinho para comprar cartões telefônicos, já que nenhuma loja os vende no município.

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