Grupo protesta em defesa dos índios Guarani-Kaiowás
Manifestante dramatizou a morte de um índio na escada da Catedral
O Fórum Social de Sorocaba, grupo integrante do Fórum Social Mundial, realizou nesta sexta-feira (9), uma manifestação em prol dos índios Guarani-Kaiowás na praça Coronel Fernando Prestes, no Centro de Sorocaba, das 17h às 19h. O ato atraiu a atenção de transeuntes e reuniu também simpatizantes que souberam previamente da manifestação e combinaram o encontro.
Sob a garoa do fim da tarde, alguns homens vestidos de índios dramatizaram uma cena chocante. Um deles, deitado nos degraus da catedral, banhado em sangue cenográfico, com pedaços de carne crua presas ao corpo, agonizava uma morte violenta. Sob o índio agonizante, uma bandeira do Brasil rasgada e manchada de vermelho. Entoando a cena, as palavras de protesto do idealizador do ato traziam o peso desejado para atingir os espectadores na praça sobre a seriedade do assunto.
Segundo Bruno Franques, idealizador do Fórum Social de Sorocaba e da manifestação, o ato tem a intenção de "trazer à tona os massacres contra a população indígena, não apenas dos Guaranis-Kaiowás, que são uma etnia bastante extensa no território nacional, mas de uma maneira geral no Brasil". Ele também reforça que "os ataques às aldeias e comunidades de índios, ao contrário do que chega ao conhecimento da população, não são apenas fatos do passado, mas também da atualidade".
Na avaliação de Franques, "os extermínios indígenas em nome do 'progresso', ou seja, enriquecimento de fazendeiros e investidores de biocombustível e suas matérias-primas, continuam, como jamais deixaram de existir", completa. O manifestante observa que já existem tecnologias alternativas que dispensariam a necessidade de tomar os territórios dos índios, bastando investirem nelas sem terceiros interesses para um verdadeiro progresso pacífico.
Entenda o caso
A área habitada por 170 integrantes da etnia Guarani-Kaiowá localizada na cidade Iguatemi, no sul do Mato Grosso do Sul, é disputada desde a década de 80 por índios e fazendeiros. Em setembro, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) determinou a reintegração de posse, com a retirada das famílias indígenas do local.
Os nativos resistem à ordem e divulgaram carta, que teve grande repercussão na imprensa internacional, fazendo menção à morte coletiva e informando que lutariam até o fim pelas terras que, segundo eles, sempre pertenceram a seus antepassados. A opinião pública, inclusive em redes sociais na internet, apoiou em massa o grupo indígena e atraiu a atenção geral do país. Nos últimos dias, os índios conseguiram reverter a liminar, e não terão mais que deixar a área, muito embora eles tenham sido notificados que o local não os pertence.
O Fórum Social Mundial é um grupo que reúne pessoas para discutir e articular ações no mundo todo sobre os mais diversos temas em prol das minorias, buscando a construção de um mundo mais justo sócio e culturalmente. É um espaço democrático de debates e ideias, aprofundando a reflexão e formação de propostas sociais. Eles são apartidários, e não têm nenhuma relação com religião ou empresas. Em Sorocaba, o grupo surgiu este ano e já conta com a passagem de mais de 150 pessoas em suas reuniões.
Por: Aldo V. Silva
Via jornalcruzeirodosul
(Supervisão: Thiago Arioza)
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