8 de mar. de 2013

Mulheres de Brasília empreendem com inovação


Mulheres de Brasília empreendem com inovação

Sarita González  - CorreioWeb
Foto Bruno Peres/CB/D.A Press
Agda Oliver superou uma decepção e
abriu uma oficina mecânica para mulheres
No Dia Internacional da Mulher, brasilienses festejam coragem de empreender na capital. Conheça a história de Agda Oliver, que arriscou abrir um negócio tipicamente masculino
A mulherada tem muito que comemorar quando o assunto é empreendedorismo. Último levantamento do Sebrae realizado entre micro e pequenas empresas do Distrito Federal aponta que a participação das mulheres aumentou de 28,6% em 2009 para 37,9% em 2011. Nos setores de comércio e indústria, são elas a maioria entre microempreendedores individuais em atuação. Mas o parabéns para as empresárias, intensificado neste Dia Internacional da Mulher, também se deve ao que elas estão levando para o mercado: coragem. Para Adrianne Rocha, coordenadora do Programa Sebrae Mais, as mulheres vêm mudando o perfil de empreendedorismo por necessidade. “Elas pensam em abrir um negócio para ter uma renda ou para aumentá-la, mas principalmente para desenvolver empreendimentos inovadores”, celebra. 
Foi da decepção com um serviço recebido em uma oficina mecânica que a ex-bancária Agda Oliver, 31 anos, teve a ideia de abrir sua empresa. Em 2008, quando teve um problema em seu carro, Agda procurou uma oficina mecânica para consertá-lo. Em alguns minutos, veio o diagnóstico. “O mecânico me disse que eu teria de pagar R$ 600 no conserto. Caso contrário, meu carro explodiria”, lembra. Assustada com o valor, mas sem ter conhecimento em mecânica para questioná-lo, Agda resolveu pagar. Na hora do almoço, quando comentou com um amigo, se surpreendeu ao saber que tinha sido passada para trás. “Ele me disse que o valor do conserto não chegaria nem perto do que foi cobrado. Mais tarde, confirmei em outra oficina mecânica”, explica. Daí em diante, Agda começou a estudar mecânica e colocou em prática um antigo sonho: empreender. “Vi que as mulheres com as quais conversava passavam pelo mesmo problema. Quando iam à oficina, não entendiam o problema do veículo e ainda eram alvo de piadinhas e cantadas”, desabafa.
Como Agda sempre acreditou ter “feeling” para os negócios, ela teve a ideia de abrir uma oficina mecânica para mulheres. Entretanto, quando compartilhou o plano com o marido, ela não recebeu apoio. “No início, ele pulou fora, pois achou que eu estava louca. Para ele, o negócio não daria certo”, conta. Um ano depois, quando conseguiu convencê-lo de que poderia transformar o sonho em realidade, ela iniciou sua luta para entrar no mercado. “Comecei montando um plano de negócio e fiz pesquisa de mercado. Quando percebi que era viável abrir a empresa aqui no DF, me animei ainda mais”, relata. Posteriormente, ela fez cursos de gerenciamento de negócios e de controle financeiro.
Em 2010, nasceu a Meu Mecânico, oficina de carros destinada a atender mulheres. Já que havia feito cursos na área, Agda abriu a empresa com a mão na massa. Com o tempo, ela conseguiu contratar funcionários – hoje ela conta com 6 empregados diretos – e trabalha na parte administrativa da empresa ao lado de seu marido. “Tive medo em muitos momentos do processo de abertura e até hoje é um desafio. Mas, quem quer empreender precisa saber que a luta é diária. Não tem jeito, eu amo o que faço”, conta Agda, mãe de um menino de 5 anos de idade. 

Sucesso e inovação
Aproximadamente 70% das pessoas que procuram a oficina são mulheres, mas a empresa também conquistou o público masculino. Dentro do quadro de funcionários, também há pessoas dos dois sexos. “O importante é que não vejo preconceito de nenhuma parte, já que a própria empresa surgiu do desejo de combater um preconceito do qual fui vítima”, justifica.
Quem acha que as mulheres que procuram a Meu Mecânico arrumam apenas carros, se engana. Agda lançou um projeto chamado Terça Para Mulheres (TPM) que dá generosos descontos em procedimentos de beleza como corte, escova e unhas. “Enquanto o carro está no conserto, as mulheres podem cuidar delas mesmas”, assegura. Segundo ela, o serviço tem sido muito procurado e é feito em um salão com o qual ela estabeleceu parceria.
Ontem, 7 de março, Agda foi a 1ª colocada na categoria Pequenos Negócios do Prêmio Sebrae de Negócios.
Adrianne Rocha que era, até o ano passado, gestora do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios no DF, explica que, nos últimos anos, as mulheres têm chamado atenção por procurarem empreender em atividades exclusivamente masculinas. “Além de terem um perfil de busca por inovação, ao abrirem uma empresa, elas mostram que são corajosas e que sabem arriscar. A maioria também se preocupa com o clima organizacional, coisa de coração de mulher”, brinca.

Dicas de quem chegou lá – Agda Oliver:
- Ter paciência com o retorno do dinheiro investido: “Há três anos, reinvisto o lucro em inovações na empresa. Ainda não ganho o mesmo que recebia quando era bancária, mas sempre aconselho quem quer abrir um negócio de que não adianta a pessoa achar que vai enriquecer imediatamente”.
- Ter os pés no chão na hora de desenvolver a ideia do negócio: “É preciso saber que você vai atender a necessidade do cliente, e não a sua”.
- Buscar capacitação para se preparar na hora de empreender: “Depois que comecei a estudar e a me capacitar, passei a visualizar melhor minha empresa e me tornei mais segura para ser dona do meu próprio negócio”.

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