29 de mar. de 2014

A torre das Donzelas

As mulheres tiveram papel decisivo na resistência ao golpe militar de 1964.
Atuaram no movimento estudantil, nos sindicatos, nas igrejas e estiveram nas passeatas. Muitas agiram dentro de suas casas, algumas até questionando maridos agentes da ditadura.
Mas várias delas foram mais longe e, com o risco da própria vida, integraram grupos guerrilheiros. Executaram tarefas de planejamento, agitação e retaguarda. Dezenas, todavia, participaram de ações armadas no confronto direto com militares.
A Comissão Nacional da Verdade, ‪#‎CNV‬, tem um grupo de trabalho específico – Ditadura e Gênero - dedicado à tarefa de resgatar o papel da mulher na luta armada.

Da página Erika Kokay 
no feiçibuqui

Os dados colhidos até agora não deixam dúvidas: elas representam mais de 12% dos mortos e desaparecidos durante o regime militar (1964-1985).
Estão catalogadas mais de 50 bravas mulheres mortas em combate – como as 19 guerrilheiras do Araguaia e outras tantas torturadas, assassinadas e enterradas em locais até hoje ignorados.

Algumas, como Iara Iavelberg, companheira do guerrilheiro Carlos Lamarca, tiveram a causa mortis maquiada. No caso dela, para parecer suicídio.
Elas militaram em praticamente todas as organizações de contestação ao regime, como a ALN, PC do B, MR-8, Var-Palmares, Polop, Colina e PCBR.

Centenas delas, embora trucidadas e com marcas inapagáveis da tortura, sobreviveram para contar a história.
Foi o caso da presidenta Dilma Roussef.
Elae integrou as organizações guerrilheiras Colina (depois Var-Palmares) e da socióloga Eleonora Menicucci, hoje ministra da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres.

As duas foram presas e brutalmente torturadas no presídio Tiradentes, em São Paulo, na ala de mulheres apelidada de Torre das Donzelas.

Em 1º de janeiro de 2011, as 11 companheiras de prisão na Torre, que não se viam há décadas, estiveram na posse de Dilma, em Brasília.
Dilma hoje lidera com sabedoria o processo de reconstituição da memória dos anos de chumbo, entregue à CNV, que ela criou em 2012.

O destino reservou a uma ex-guerrilheira a missão de - por cima de toda a dor - fechar as feridas do passado, prevenir o risco de reedição de tiranias e promover a conciliação nacional.

‪#‎DitaduraNuncaMais‬

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