3 de abr. de 2014

"Sou assassino sim e vou matar cocês"

Estudantes em Campo Grande são ameaçados
por militar reformado em ato contra ditadura
"Sou assassino sim e vou matar cocês", diz militar a estudantes em protesto no MS
Para “descomemorar” os 50 anos do Golpe de 1964, a União Nacional dos Estudantes em Campo Grande (MS) realizou na terça-feira (01/04) um “escracho”, ato em que apontam e nominam torturadores do período do regime militar na porta de suas casas.
De acordo com o vice-presidente regional da UNE no Mato Grosso do Sul, Leonardo Machado, a ação dos estudantes foi toda pacífica. “Estávamos do lado de fora da residência do tenente da reserva, José Vargas Jiménez, conhecido como ‘Chico Dólar’, no meio da rua, e organizamos um varal de cruzes com os nomes de cada militante morto, enquanto fazíamos um jogral dizendo os seus nomes. Além disso, estendemos no chão duas faixas com os dizeres ‘Ditadura, NUNCA mais’ e ‘juventude do Araguaia presente’, e tinha também velas acesas”, contou.

As palavras de ordem questionavam o militar sobre o paradeiro dos corpos dos guerrilheiros, e pediam a revisão da Lei da Anistia. De acordo com os estudantes, logo em seguida, familiares do militar saíram do portão e começaram a esbravejar contra os eles, chamando-os de ‘subversivos’, ‘comunistas’ e ‘genocidas’, ao mesmo tempo em que rasgavam e recolhiam os materiais do protesto.

“Nós nos retiramos do local porque já havíamos cumprido nosso objetivo, quando, na mesma rua, fomos abordados por um homem que já chegou se identificando como o próprio Chico Dólar e foi dizendo: ‘já que vocês estão me chamando de assassino, eu digo que sou assassino mesmo e vou matar vocês’. Imediatamente sacou uma arma e disparou três tiros”, afirmou o estudante.

Um dos tiros foi disparado com a arma apontada para Leonardo e, segundo ele, por muito pouco não o acertou. O último tiro foi disparado na direção do restante do grupo de estudantes que estavam um pouco mais distantes. “Ele gritava que iria atrás da gente para nos matar onde quer que fosse”, afirmou o estudante.

Depois de correrem do local, os estudantes foram à delegacia de polícia onde fizeram um Boletim de Ocorrência. A TV Morena, afiliada da Rede Globo no Estado, fez uma reportagem do ocorrido. Nela, José Vargas Jiménez afirma ter atirado, mas segundo ele os tiros foram para o alto. 

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