17 de dez. de 2014

A chinesa que nasceu sem uma parte do cérebro

Será possível uma pessoa viver sem uma parte do encéfalo?
 O encéfalo humano é o órgão matriz do sistema nervoso, sendo o principal responsável pelo controle e regulação das atividades corporais, desde ações mais simples até as mais complexas. E esse órgão é constituído por diferentes partes em que cada uma possui determinada função: cérebro, córtex cerebral, lobos, tálamo, hipotálamo, tronco cerebral e o cerebelo. Seria possível alguém sobreviver sem uma dessas partes do encéfalo?

Uma mulher de 24 anos, que mora na China, vive sem uma parte do seu cérebro, o cerebelo. Esse fato foi descoberto apenas através de uma tomografia computadorizada que possibilitou a imagem dentro do cérebro, mostrando que não existia o cerebelo e que em seu lugar se encontrava apenas o líquido cefalorraquidiano. O cerebelo compõem aproximadamente 10% do volume total do cérebro, sendo essencial no controle motor e da fala.

Um exame de ressonância magnética revelou que a mulher nasceu sem cerebelo - a parte do cérebro responsável pela postura, equilíbrio, aprendizagem motora e a fala. Ele está localizado na base do crânio, contém cerca de metade dos neurônios do cérebro, e representa cerca de 10% da massa cerebral.

A mulher relatou que havia tido problemas anteriormente, como não ter aprendido a falar até completar seis anos de idade, e não conseguir andar até os sete. Embora não seja descomunal uma pessoa que não tenha parte – ou acesso a uma parte – do cérebro por conta de uma lesão, uma doença ou uma cirurgia, nascer sem uma parte do cérebro é uma condição extremamente rara. Médicos acreditam que a mulher é apenas o nono caso conhecido de uma pessoa viva que sofra de agenesia cerebelar.

Exames de imagem do cérebro da chinesa sem cerebelo. No local
onde a estrutura deveria estar tem apenas um buraco
 preenchido com líquido cefaloraquidiano.
Foto: Reprodução/tumblr
Os médicos também souberam que a mulher nunca conseguiu participar de qualquer atividade esportiva, e nunca havia tentado pular. Ela também é completamente incapaz de andar sem apoio. Os exames revelaram que ela não possui problema algum ao entender as palavras, mas viver sem cerebelo significa que ela tem muita dificuldade com a pronúncia: sua voz é trêmula, as palavras são ditas muito lentamente e seu tom de voz é “abafado”.

No lugar do cerebelo, há uma abundância de líquido cefalorraquidiano (também conhecido como Líquor), que amortece o cérebro; uma resposta de seu organismo em defesa contra a doença.
Ela está sendo tratada pela equipe especializada do hospital com um tratamento de desidratação para remover um pouco da pressão da água acumulada em seu cérebro.

Mario Manto, um pesquisador de neuropatologia da Universidade de Bruxelas, na Bélgica, comentou à revista New Scientist sobre o caso: “Estes casos raros são extremamente interessantes para que entendamos como o cérebro funciona na hora de compensar a falta de circuitos e funções.”

Os especialistas que cuidam da paciente disseram acreditar que a função do cerebelo – ou parte dela – tenha sido adotada pelo córtex. Em uma consulta de acompanhamento, quatro anos depois do exame inicial, ela mostrou estar respondendo bem ao tratamento. Ela está casada e deu à luz uma filha, que nasceu sem alterações neurológicas.

Enquanto a maioria das pessoas que nascem com esse tipo raro de doença morrem na infância ou logo após o nascimento, essa paciente representa uma nova oportunidade para estudar as funções compensatórias do cérebro humano.

com informações de agências

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