17 de dez. de 2014

Bolsonaro queria explodir o Brasil

A Revista Veja publicou em 28 de outubro de 1987, uma reportagem que denunciava o plano de Bolsonaro espalhar bombas em diversos quarteis pelo Brasil.

De Brasília
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho

Bolsonaro saiu da caserna mas a caserna não saiu de Bolsonaro. Em Email enviado ao colunista retardado da Veja, Reinaldo Azevedo, o capitão afirma que "o PT passou dos limites ao ficar no poder por 12 anos e que não conseguiremos tirar o partido do poder pacificamente", sugerindo tirar a Presidenta Dilma do Poder por meio de um golpe militar.

A história é a seguinte. No segundo semestre de 1987, finda a ditadura e já sob o governo civil de José Sarney, a economia estava combalida em razão do fracasso do Plano Cruzado. A inflação era alta, tendendo a índices estratosféricos, e grassava forte insatisfação nos quartéis devido à política de reajustes dos soldos dos militares – além, é claro, do incômodo, sobretudo entre a oficialidade média, pela perda do poder político que gozaram por 21 anos seguidos.

Jair Bolsonaro era então capitão do Exército, da ativa, cursava a Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) e morava na Vila Militar, na Zona Norte do Rio. Em setembro de 1986, ele assinara um artigo na revista Veja no qual protestava contra os baixos vencimentos dos militares. Por isso ele foi preso e, na época, sua punição provocou protestos de mulheres de oficiais da ativa – que, ao contrário dos maridos, podiam sair em passeata sem correr o risco de serem presas.

Foi então que Bolsonaro virou "fonte" da revista, alimentando reportagens com informações preciosas para a imprensa. Em outubro de 1987 a prisão de um outro capitão levou à Vila Militar a repórter Cassia Maria, de Veja, destacada para apurar o ocorrido.

Uma mulher identificada como Lígia concordou em conversar com a repórter em "off", desde que a conversa não fosse publicada. A repórter concordou prontamente e a mulher contou que - a informação da mulher foi confirmada pelos dois militares - estava sendo preparado um plano batizado de "Beco sem saída". O objetivo era explodir bombas de baixa potência em banheiros da Vila Militar, da Academia Militar de Agulhas Negras, em Resende (RJ), e em alguns quartéis. 

A intenção era não machucar ninguém, mas deixar clara a insatisfação da oficialidade com o índice de reajuste salarial que seria anunciado dali a poucos dias. E com a política para a tropa do então ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves – que teria sua autoridade seriamente arranhada com os atentados.

"Serão apenas explosões pequenas, para assustar o ministro. Só o suficiente para o presidente José Sarney entender que o Leônidas não exerce nenhum controle sobre a tropa", ouviu a repórter de Lígia, mulher do colega de Bolsonaro, identificado com o codinome de "Xerife".

Como assim não tinha a intenção de machucar ninguém, que era só para dar um susto? Bomba é bomba, não faz cócegas não, faz estragos mesmo.

A repórter Cassia Maria anotou em seu relato:

"‘Temos um ministro incompetente e até racista’", disse Bolsonaro a certa altura. "‘Ele (o ministro) disse em Manaus que os militares são a classe de vagabundos mais bem remunerada que existe no país. Só concordamos em que ele está realmente criando vagabundos, pois hoje em dia o soldado fica o ano inteiro pintando de branco o meio-fio dos quartéis, esperando a visita dos generais, fazendo faxina ou dando plantão’. 

Perguntei, então, se eles pretendiam realizar alguma operação maior nos quartéis. "‘Só a explosão de algumas espoletas’, brincou Bolsonaro. Depois, sérios, confirmaram a operação que Lígia chamara de Beco sem Saída. ‘Falamos, falamos, e eles não resolvem nada’", disseram. "‘Agora o pessoal está pensando em explorar alguns pontos sensíveis.’"

Sem o menor constrangimento, o capitão Bolsonaro deu uma detalhada explicação sobre como construir uma bomba-relógio. O explosivo seria o trinitrotolueno, o TNT, a popular dinamite. O plano dos oficiais foi feito para que não houvesse vítimas. A intenção era demonstrar a insatisfação com os salários e criar problemas para o ministro Leônidas.

Ora vejam a cara de pau que esse cidadão sempre teve, querer explodir vários quartéis Brasil à fora com dinamite e não ter a intenção de machucar ninguém.

De boas intenções o inferno está lotado!


com informações do Observatório da Imprensa

Nenhum comentário: