9 de jan. de 2015

Um sonho estranho - por José Antonio Lourenço

Esta noite sonhei que existia em um certo país do terceiro mundo um jornalzinho especializado em charges, este veículo de comunicação publicava coisas banais como uma águia com asa quebrada e usando muletas, um tiozão de cartola e roupas coloridas sendo enrabado por um senhor de barba e usando algo como um camisolão, uma senhora de aparência distinta e com uma tocha na mão pagando um boquete, e outras coisinhas deste gênero.

De Brasília
José Antonio Lourenço
Para o Blog do Arretadinho

No meu sonho a sede deste jornal foi atingida, em pleno horário de funcionamento, por um destes mísseis de cruzeiro, que atingem o alvo a quilômetros de distancia, ao lado algumas residências, uma creche, uma agência bancária e um posto policial. 

Houve grande destruição num raio de mais ou menos duzentos metros, deixando um prejuízo de milhares de dólares, trinta e sete mortos, entre eles onze crianças e ainda quarenta e nove feridos, sendo oito em estado grave.

Até ai nada de anormal, o que me causou mesmo estranheza foi a cobertura exagerada dada pela mídia mundial, principalmente a nossa, foram imagens aéreas feitas a longa distancia, provavelmente para não chocarem o publico com a visão de corpos dilacerados. 

As manchetes foram as seguintes: “ATAQUE CIRÚRGICO DESTRÓI BASE DE GRUPO EXTREMISTA”, “O MUNDO COMEMORA MAIS UMA VITORIA CONTRA O TERROR”, “ORGANISMO QUE CONGREGAM EMPRESAS E PROFISSIONAIS DA MÍDIA FAZEM DECLARAÇÕES AFIRMANDO QUE NÃO PODEM SER CONFUNDIDOS COM GRUPOS QUE PREGAM A VIOLÊNCIA”, ETC.

A cobertura foi feita com grande estardalhaço, sendo mostrada pelo menos uma vez em cada canal de TV pelo mundo, durante o dia do acontecimento, em alguns dos principais jornais e na internet também foi noticiado o fato. 

Alguns poucos manifestantes que protestavam, em algumas capitais, foram detidos e passaram a serem acompanhados sob suspeita de pertencerem a organizações terroristas. Não consegui entender o significado deste sonho, mas também como poderia fazer sentido ter gente para protestar contra a morte de umas poucas pessoas, sendo o que estava sendo ameaçado era a segurança do estado e a manutenção da liberdade de toda a humanidade.

José Antonio Lourenço
09 de janeiro de 2015

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