19 de mar. de 2015

Senac parece ter esquecido o seu viés social

O urubu se alimenta de carne em decomposição,  frequenta os lixões
e ignora a presença de seres humanos.
Foto Joaquim Dantas/Blog do Arretadinho
Senac Gastronomia cobra de funcionários pela falta de produtos 

De Brasília
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho

Em setembro de 2005, o então concessionário de lanchonetes da Câmara dos Deputados, Augusto Buani, derrubou o presidente da Casa na época, o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), ao denunciar que o parlamentar o obrigava a pagar R$ 10 mil mensais para manter os negócios. Com o escândalo nas páginas dos jornais, Severino renunciou ao mandato para evitar a cassação e Buani perdeu as concessões.

A solução encontrada pela Câmara, ainda em 2005, para ocupar os espaços foi um contrato com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Como se trata de um entidade educacional do chamado Sistema S, não foi necessária licitação.

Ao longo dos últimos anos, a ideia se multiplicou, hoje já são 6 unidades no Congresso Nacional mas, ao que parece, a direção empossada em meados de 2013, oriunda de Minas Gerais, deixou de lado o viés social da entidade no que se refere ao tratamento dispensado aos seus colaboradores.

Comenta-se entre os funcionários que a ordem dos diretores é que, na falta de qualquer produto nos restaurantes ou lanchonetes os garçons, cumins ou caixas paguem do próprio bolso pelas faltas.

Isto era uma coisa comum em diversos restaurantes de Brasília, entretanto, já foi abolida pela maioria deles com a implantação de sistemas de controle informatizados, além do mais, esta prática do empregador cobrar do empregado pela falta de produtos é proibida pela Consolidação das Leis do Trabalho, CLT, que em seu Artigo 462 determina que "Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo".

Comenta-se, também, que outro tratamento dispensado aos empregados é a queda na qualidade da alimentação, chegando ao ponto de servirem tomate no almoço apenas uma vez por semana, diferentemente do que acontecia antes da atual diretoria assumir, quando os empregados serviam-se do mesmo alimento que os clientes.

Ao que parece, essa gestão mineira, traz no seu DNA o exemplo maléfico do modelo utilizado por quem governou o estado das gerais até bem pouco tempo, o modelo neoliberal, de desvalorização do trabalhador.

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