8 de jul. de 2015

Deputada senta no colo de Cunha

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Para comemorar a aprovação da PEC que propõe a redução da maioridade penal, deputada senta no colo de Cunha

De Brasília
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho

A deputada federal Iolanda Keiko Miashiro Ota, ou Keiko Ota, PSB/SP, sentou-se literalmente no colo do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, PMDB/SP, após a exibição do resultado da votação da proposta de emenda à Constituição, PEC, que propõe a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos.

Em seu segundo mandato, a deputada ficou conhecida nacionalmente quando o seu filho,  Yoshiaki Ota, foi morto por seguranças de uma loja da família. O garoto foi sequestrado no dia 29 de agosto de 1997 de dentro de sua casa por um motoboy que se passou por entregador. Ao chegar no cativeiro o garoto de 8 anos reconheceu o policial militar Paulo de Tarso Dantas, autor intelectual do sequestro e que fazia bico como segurança na loja do avô do menino. A ideia era extorquir mais de R$ 800 mil da família. Com medo de ser denunciado pelo garoto após o sequestro, Paulo de Tarso mandou o motoboy matá-lo com 2 tiros no rosto.

Mesmo aós matar a criança os sequestradores continuavam a negociar o valor dos resgate e, um mês depois do sequestro, o motoboy foi preso enquanto negociava o resgate em um telefone público com o pai do menino. Confessou o crime, delatou Dantas e outro segurança da loja da família, o também soldado da Polícia Militar Sérgio Eduardo Pereira de Souza. Os dois policiais foram detidos no mesmo dia, enquanto trabalhavam na loja de Ota, em São Miguel Paulista, São Paulo.

À partir de então Keiko passou a defender penas mais duras para crimes desse tipo até entrar para a política em 2010, quando elegeu-se deputada federal pela primeira vez com mais de 200 mil votos. Ela sempre defendeu a redução da maioridade penal e na votação da PEC no último dia 1º ela transitou pelo plenário usando uma camiseta com a foto do filho assassinado e como se não bastasse, fez diversas intervenções pedindo aos parlamentares que votassem favoravelmente à proposta, citando sempre o caso o filho.

É simplesmente desprezível essa atitude, usar um fato pessoal para legislar. Mesmo que o garoto tivesse sido vítima de algum adolescente, o que não foi o caso, o legislador não pode se nortear em fatos pessoais para criar Leis que serão aplicadas à todos os cidadãos.

Para comemorar a aprovação da proposta em primeiro turno, a deputada aparece em uma foto sentada no colo do presidente da Câmara e, em outra, dando um beijo nele.

Eleita deputada 13 anos após [em 2010] o assassinato brutal de seu filho, Keiko Ota luta agora para fazer com que a pena máxima para crimes hediondos passe de 30 para 100 anos de prisão.
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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