2 de ago. de 2015

Rei africano mora na Alemanha e governa seu país pela internet


Gbi é uma das mais pobres regiões da África. No entanto, é por meio de tecnologia que o país vem sendo governado pelo rei Céphas Bansah, que vive a cerca de 7 mil quilômetros de distância, na cidade alemã de Ludwigshafen, e comanda seus súditos na África por meio de e-mails, redes sociais e software de chamadas telefônicas online.

"Governo nessas condições para ficar mais próximo das novas tendências e tecnologias e, assim, introduzi-las mais facilmente em minha nação" - na verdade, em seu país falta remédio e comida, mas não falta internet. Bansah chegou ao trono antes de seu pai e de seu irmão mais velho porque ambos são canhotos e em Gbi não se admite que pessoas não destras tenham funções de destaque.

Justiça seja feita, porém, à austeridade do rei: ele não vive com dinheiro enviado por seus súditos nem conta com a ajuda do governo alemão. Sobrevive trabalhando em sua oficina mecânica durante o dia. E dorme pouco porque à noite cuida de seu país por meio da internet.

Durante o dia, Céphas Bansah é dono de uma oficina mecânica na Alemanha. Depois do expediente, é o rei de um povo em Gana. Céphas Bansah tem 66 anos e com o auxílio de ferramentas como o Skype e e-mails, além de um trono localizado em sua sala de estar, a majestade realiza a mediação entre os antepassados de seu povo e os vivos, além de ajudar a solucionar disputas tribais.

O problema de ser um rei, mas viver como um cidadão comum é que Bansah acabou se tornando um alvo fácil para ladrões. Há alguns dias, divulgou o jornal britânico The Independent, sua casa na Alemanha foi invadida e foram roubadas coroas e joias que pertenceram aos seus avós.

De acordo com informações em site oficial, apesar de todas as facilidades da vida moderna, Bansah visita sua terra várias vezes durante o ano para ter um contato direto com os desafios enfrentados por seus súditos no dia a dia.

A decisão de reinar longe de seu território foi tomada logo quando ele assumiu a coroa, no início dos anos 90. Acreditava que, da Europa, poderia ajudar mais.

Portanto, além de vídeo conferências, o rei desenvolve projetos de infraestrutura e busca apoio do governo alemão e da comunidade acadêmica para executá-los em Gana.

Bansah desembarcou na Alemanha nos anos 70, como estudante. Lá, conheceu sua esposa e decidiu se estabelecer. Com a morte de seu avô, em 1987, se tornou o único da família que poderia ocupar o posto de rei. Seu pai e irmão mais velho foram desconsiderados por serem canhotos, característica que é vista como negativa pelo povo da região.

Togbe Ngoryifia Céphas Kosi Bansah é parte dos Ewe, um grupo étnico que vive em Gana, Benim e no Togo. Segundo ele, a estrutura deste povo é baseada na ajuda mútua entre os membros da comunidade. Terra e água, por exemplo, são gerenciadas e conservadas por todos.

As famílias são grandes, moram juntas e são sustentadas com a colaboração de pais, filhos, tios, avós e quem mais com eles viverem. As casas são feitas em barro e madeira. A poligamia existe e, por este motivo, as mulheres são incentivadas a trabalharem para serem independentes dos maridos.

Por Antonio Carlos Lacerda
do PRAVDA.RU

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